A progressão continuada vem sendo motivo de polêmica entre pais, alunos, educadores e gestores escolares. Alguns dizem que eliminar a repetência é benéfico para o processo de aprendizagem; outros acreditam que a aprovação deveria ser baseada no mérito do aluno: se não aprendeu os conteúdos da série, não deve passar de ano. Como não há consenso, cabe a cada Secretaria da Educação decidir ou não pela progressão continuada. O Estado de São Paulo, por exemplo, implantou o sistema em toda a rede pública. Já a rede municipal do Rio de Janeiro chegou a adotá-la no Ensino Fundamental, mas voltou atrás, limitando-a aos anos de alfabetização. Mas, afinal, o que muda nas escolas que adotam a progressão continuada? Descubra a seguir.
A progressão continuada é um sistema que não prevê a reprovação do aluno ao final da série ou ano letivo. A ideia é que os estudantes que não atingirem o nível de conhecimento desejado recebam acompanhamento contínuo dos professores, de preferência paralelamente às aulas normais, como recomenda a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Isto pode ser feito com aulas extras no contraturno, por exemplo. Para escolas que não têm salas disponíveis para estas atividades, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo propõe a interrupção das aulas por uma semana após cada avaliação, quando os alunos com dificuldades teriam aulas de recuperação. Enquanto isso, aos demais estudantes, seriam oferecidas outras atividades, como forma de diversificar o currículo.
"A implantação deste sistema, nos anos 60, surgiu como forma de combater os problemas da repetência e da evasão escolar, contribuindo para a melhoria da qualidade do ensino público", explica a professora Claudia Fernandes, coordenadora do programa de pós-graduação em Educação da Unirio. Pesquisas mostram que o aluno tende a ganhar mais quando o processo de aprendizagem não é interrompido. "A reprovação é uma medida pedagógica que pode ser usada quando o aluno tem baixa proficiência", explica o professor Ocimar Munhoz Alavarse, da Faculdade de Educação da USP. "Mas, por mais que o aluno repetente esteja abaixo do nível esperado, ele não está no grau zero de conhecimento. Ainda assim, no ano seguinte, ele não recebe o tratamento diferenciado que deveria - isso para não falar do rótulo de repetente".
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