sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

14/05/2013
 às 15:00 \ Vasto Mundo

ARGENTINA: Aumenta a pressão do governo de Cristina Kirchner contra a imprensa livre


Cristina, em um de seus constantes ataques ao Grupo Clarín pela TV quando, em julho do ano passado, chamou o conglomerado de "a cadeia do medo e do desânimo" (Foto: Telam)
Por Ariel Palacios
Correspondente de O Estado de S. Paulo em Buenos Aires
A presidente Cristina Kirchner estuda aumentar nos próximos dias a pressão sobre o Grupo Clarín, o maior grupo de comunicação da Argentina, Segundo o Estado apurou, o governo conta com uma determinação de um juiz federal que permitiria à Casa Rosada implementar uma intervenção na diretoria da empresa por intermédio da Comissão Nacional de Valores (CNV), atualmente sob o controle do governo.
A nova ofensiva seria “iminente”.
Lei permite intervenção de 180 dias em diretorias de empresas
A estratégia do governo para um novo golpe contra o grupo, considerado por Cristina um de seus principais inimigos, circulou no meio político no fim de semana como “medida iminente”.
Nos últimos meses, veículos do Grupo Clarín publicaram investigações sobre diversos casos de corrupção envolvendo ministros, o vice-presidente Amado Boudou, além da própria presidente.
O governo utilizaria a lei de reforma do mercado de capitais, que determina que a CNV possa designar (de forma unilateral) auditores em empresas que são cotadas na Bolsa de Valores de Buenos Aires, além de intervir no prazo de 180 dias nas diretorias que administram as companhias.
A lei, vigente desde novembro do ano passado, permite que acionistas minoritários solicitem à CNV essa intervenção. Neste caso, o próprio Estado argentino é acionista do Grupo Clarín, já que conta com ações do grupo desde que estatizou os fundos de pensões, em 2008.
“Terrorismo simbólico de Estado”
Um dos principais colunistas políticos da Argentina, Joaquín Morales Solá, do jornal La Nación, afirmou ontem que a presidente Cristina está exercendo um “terrorismo o simbólico de Estado”.
Segundo Morales Solá, a presidente não se incomoda com a repercussão internacional negativa que a intervenção no grupo teria. “É uma pessoa que decidiu ignorar os limites políticos e institucionais”, sustenta.
Sinais prévios sobre essa intervenção surgiram no dia em que a presidente Dilma Rousseff visitava Cristina em Buenos Aires, há duas semanas.
Na ocasião, menos e de uma hora depois de cumprimentar a visitante na Casa Rosada, o secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, e o vice-ministro da Economia, Axel Kicillof, entraram imprevistamente na assembleia de acionistas do Grupo Clarín, tumultuando a reunião.
Os dois enviados do governo alegaram que tinham direito de estar ali, já que o Estado argentino é acionista minoritário.
Governo quer controlar também o papel de imprensa
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) emitiu um comunicado neste fim de semana no qual condenou o projeto de deputados kirehneistas para expropriar 24% das ações da empresa de papel de jornal Papel Prensa.
Somados aos 27,5% de ações que o Estado argentino já possui da empresa, o governo obteria o controle da única fábrica que produz esse insumo estratégico para a mídia impressa no país. Segundo o comunicado da SIP, o projeto de lei, apresentado na semana passada, é um “novo e grave retrocesso” na liberdade de expressão na Argentina,
A Associação de Entidades jornalísticas da Argentina (Adepa), também protestou contra o projeto.

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