OS BOLIBURGUESES BRASUCAS: O PT TAMBÉM É CULPA DO EMPRESARIADO SABUJO E OPORTUNISTA QUE ADORA GANHAR DINHEIRO FÁCIL.
Já disse diversas vezes aqui no blog que a permanência do PT no poder por mais de uma década deve-se a um fato: o apoio do que eu denomino de “núcleo duro” da economia, ou seja aquela “pleiade” de grandes empresários e banqueiros. Isso aconteceu também na Venezuela desde que o finado caudilho Hugo Chávez adonou-se do pode. Depois de jurar que respeitaria a Constituição, fez dela picadinho para se eternizar no poder. Lá também o discreto charme da burguesia incorporou-se à psicopatia bolivariana. Tanto é os venezuelanos criaram um neologismo para definir esses empresários aliados de primeira hora dos ditos bolivarianos: “boliburguês”.
Como o avanço da esquerda latino-americana se dá de forma sincronizada com os ditames do Foro de São Paulo, organização criada por Fidel Castro que entronizou Lula como chefe em 1990, a ação do esquerdismo no continente segue um esquema uniforme. No Brasil não poderia ser diferente. Deu no que deu.
Sobre esse estranho e deplorável contubérnio entre os ditos mega empresários e banqueiros com Lula e seus sequazes, Reinaldo Azevedo escreveu artigo na Folha de S. Paulo desta sexta-feira que vale ser lido e por isso transcrevo. O título original é “O PT é também culpa da elite”. Leiam:
O falecido Antônio Ermírio de Moraes, empresário brasileiro dos mais importantes, nesta foto ladeado por Lula e Antonio Palocci. E não precisa dizer mais nada. |
O PT TAMBÉM É CULPA DA ELITE
Qual foi o marco zero do descalabro que aí está? Em que momento o petrolão e outros aumentativos degradantes começaram a ser gestados?
O ponto inicial, acho eu, se deu quando Lula conseguiu atrair para o seu circo setores importantes da burguesia nacional ou internacionalizada, que o viram, de um lado, com olhos benevolentes, e de outro, quem sabe?, com paixão cúpida.
Por benevolente, a elite econômica resolveu reconhecer as iniquidades sociais do Brasil, e a parolagem distributivista de Lula lhe pareceu moralmente legítima. Por cúpida, percebeu que um governo com deficit de confiança e excesso de entusiasmo popular poderia trilhar um de dois caminhos: ou o populismo virulento ou o mercadismo com coração. Deu mercadismo com coração.
E Lula se tornou, então, na feliz definição de um empresário com quem conversei nesta semana, "o pai dos pobres e a mãe dos ricos". E não pensem que ignorasse o feito. Ele mesmo já afirmou que os bancos nunca lucraram tanto como no seu governo. E não só eles, como pode atestar o BNDES.
Quantos, a tempo, se dispuseram a ouvir que o modelo –ou fosse lá como se chamasse aquilo– era insustentável? Ao contrário até. A crítica era percebida como coisa de gente de maus bofes, que se negava a reconhecer a sapiência natural de um operário.
Ouvi muitas vezes empresários a dizer que Lula tinha muito mais paciência para falar com eles do que FHC, que alguns tomavam como excessivamente frio. E o petista, não duvidem, sabe como fazer um assunto de Estado se parecer com uma conversa pessoal, recheada de imagens fesceninas.
Não há, e é para este aspecto que chamo a atenção dos leitores, uma só característica da crise que seja surpreendente. Absolutamente nada! O que se tem aí é o resultado de uma equação.
Alguém vai me dizer que o empresariado ignorava que o crescimento percentual de gastos sempre acima da receita termina em deficit? Que o crescimento da massa salarial sempre acima da produtividade termina em inflação? Que o crescente engessamento do Orçamento, com desembolsos obrigatórios, impede a competente gestão do Estado?
Talvez seja o caso de dar a mão à palmatória. Lula e o PT fingiram que haviam se convertido à economia de mercado, dispuseram-se a ser os gerentes do capitalismo nativo, assenhorearam-se dos bens do Estado, e isso, à larga maioria, pareceu razoável porque, sejamos claros, os petistas sempre foram muito bons para fazer, digamos, "negócios".
Mesmo a extorsão que se passou a praticar à larga parou de doer. Os empreiteiros enrolados na Lava Jato são testemunhas de que eles próprios já não sabem quando estavam corrompendo ou sendo corrompidos, quando estavam pagando propina ou sendo extorquidos.
"Ah, está dizendo que a corrupção começou com o PT?..." Não! Começou com a serpente. Eu estou sustentando, sim, que foi com o petismo que ela se transformou num modelo de gestão do Estado. E só foi tão longe porque amplas fatias do capital viram nos companheiros uma oportunidade de negócios.
Talvez um dia a burguesia brasileira consiga acreditar nos valores morais e espirituais –vejam que palavra emprego!– que a levam a empreender e a produzir. E, quem sabe?, surjam então empresários liberais no Brasil, que combatam o petismo, em vez de se unir a ele em nome do patriotismo, que é sempre um péssimo refúgio para o erro ou para a cupidez.
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