segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Putin ama Hillary!

Julio Severo
Alguns conservadores, tomados pelo pânico depois de manchetes recentes sobre Donald Trump fazendo apelo à Rússia para revelar os podres de Hillary Clinton, estão apelando para o lado da desonestidade, acusando que “Putin ama Hillary” por causa de informações de que o presidente russo Vladimir Putin fez negócios com Hillary.
Putin e Hillary Clinton (foto montada pelo católico anti-Rússia Cliff Kincaid)
Para provar suas razões, postam fotos de Putin e Hillary juntos, como se uma foto de Ronald Reagan sorrindo com o líder soviético Mikhail Gorbachev fosse prova suficiente de que os dois eram aliados. As fotos na verdade são da época em que Hillary era secretária de Estado dos EUA e, quer tal secretária seja democrata (socialista) ou republicana (conservadora), os chefes de Estado, inclusive da Rússia, têm de recebê-la.
Ronald Reagan sorrindo com líder soviético Mikhail Gorbachev
Putin, assim como todos os outros governantes, faz negócios com qualquer um, até com Trump, que tem empresas que mantêm negócios na Rússia.
Se seguisse a lógica dos ativistas anti-Rússia toda a mídia conservadora deveria também publicar manchetes “Putin ama Trump,” porque Trump tem negócios na Rússia e também porque Putin publicamente louva Trump e vice-versa.
Aliás, dá para se acusar também “Trump ama Hillary” porque a família de Trump e a família de Hillary têm uma amizade de décadas e há registro de muitos apoios de Trump a Hillary. E se os ativistas anti-Rússia gostam tanto de fotos para provar suas teorias, não faltam fotos de um Trump sorridente com Bill e Hillary Clinton. Daí se os ativistas anti-Rússia têm moral para dizer que “Putin ama Hillary” deveriam ter a mesma moral para dizer: “Trump ama Hillary.”
Donald Trump sorrindo com Hillary e Bill Clinton
Isso não envolve diferenças ideológicas, mas simplesmente amor ao dinheiro. Ativistas anti-Rússia parecem não ter massa encefálica suficiente para entender isso ou têm desonestidade de sobra para rejeitar a realidade.
Enquanto esses ativistas vivem e sobrevivem de uma paixão pelos sonhos e pesadelos da época há muito passada da Guerra Fria, o histórico amplamente registrado de Trump mostra que ele não é movido por ideologia, mas unicamente por interesses empresariais.
Enquanto Obama e seu governo esquerdista lançam boicote após boicote contra a Rússia depois de os russos terem aprovado uma lei que proíbe a propaganda homossexual para crianças e adolescentes, Trump vem, num contraste surpreendente, fazendo acenos positivos para a Rússia.
Se os ativistas anti-Rússia são tão sérios sobre suas obsessões contra a Rússia, o ídolo certo para eles é o queniano islâmico que faz boicotes contra a Rússia, não o candidato empresarial americano que faz acenos amistosos para Putin. Esses muitos acenos são um contraste fenomenal com as caras feias desses ativistas e com a cara feia que Obama mostra em suas fotos com Putin.
Se a obsessão contra a Rússia é a coisa mais importante para esses ativistas, então é evidente que no fundo “eles amam Obama.” Seguindo a linha de Obama, Hillary promete manter a política americana de impor a agenda homossexual no mundo inteiro e também manter os boicotes contra a Rússia. Mais anti-Rússia que isso, impossível. Como negar que na realidade Hillary é a candidata ideal para os ativistas anti-Rússia?
Enquanto que num governo Trump esses ativistas precisariam suar muito para convencer Trump a boicotar a Rússia, num governo Hillary tais suores e sacrifícios seriam desnecessários. Hillary vai manter a política de boicote anti-Rússia de Obama.
Diferente de Obama, que está alienando a Rússia e demonstrando amizades profundas com o Vaticano, Trump está fazendo o inverso: alienando o Vaticano e demonstrando publicamente desejo de parceria e amizade com a Rússia.
Trump publicamente chamou o Papa Francisco de “vergonha,” termo depreciativo que ele nunca usou para Putin.
A reposta dos eleitores católicos americanos tem sido boicotar o candidato Trump. O escritor católico Christopher J. Hale escreveu na revista Time (a mais importante revista americana) um artigo forte intitulado “Trump-Pence é a chapa republicana mais anticatólica da moderna história dos EUA.”
A maioria dos católicos americanos está com Hillary, seja por ela ser a favor de boicotes contra a Rússia ou porque ela promove a agenda gay no mundo inteiro ou qualquer outra razão. Embora seja muito suspeito e desonesto dizer que “Putin ama Hillary,” é perfeitamente compreensível dizer que “a maioria dos católicos americanos ama Hillary.”
A maioria dos ativistas anti-Rússia são católicos movidos por uma guerra de mil anos entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa. É um ódio religioso que hoje se mascara como hostilidade política e ideológica, pois a Rússia é o maior país cristão ortodoxo do mundo. Trump não parece se importar com esse ódio milenar tão bem disfarçado.
O caso é sério. O fato é que nem por brincadeira ativistas anti-Rússia aceitariam que um americano pedisse ajuda à Rússia para derrotar a socialista Hillary. Mas Trump, que não tem nenhuma afinidade com esses ativistas e seus ódios, fez isso. E anda fazendo muito mais, desprezando o papa, elogiando Putin e colocando como preocupação prioritária não uma obsessão anti-Rússia, mas a ameaça islâmica.
Versão em inglês deste artigo: Putin Loves Hillary!

http://juliosevero.blogspot.com.br/2016/07/putin-ama-hillary.html

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