terça-feira, 8 de julho de 2014

08/07/2014
 às 5:09

Liminar da Justiça em favor de Luiz Moura anula candidatura de Padilha e dos demais petistas no Estado de São Paulo; partido vai recorrer

Alexandre Padilha (camisa azul) ano aniversário de Luiz Moura (calça branca)
Alexandre Padilha (camisa azul) ano aniversário de Luiz Moura (calça branca)
Pois é, pois é… Uma decisão, ainda provisória, da Justiça de São Paulo tornou sem efeito a suspensão aplicada pelo PT ao deputado estadual Luiz Moura — o que o impediu de se concorrer à reeleição — e ainda anulou a convenção estadual do partido, que aconteceu em maio. A direção do PT vai recorrer. Caso se confirme o conteúdo da liminar, Alexandre Padilha não poderá se candidatar ao governo de São Paulo. Também as candidaturas do partido à Assembleia Legislativa e à Câmara Federal estarão anuladas. Como o prazo legal já se esgotou, o PT ficaria fora da eleição no Estado. Já aconteceu antes? Já! Em 1992, uma decisão do TSE anulou a convenção do PFL em São Paulo.
Só para lembrar: Luiz Moura é aquele deputado estadual que foi flagrado pela Polícia numa reunião a que compareceram membros do PCC. O objetivo seria planejar novos ataques a ônibus. O partido evitou expulsá-lo, mas decidiu não lhe dar legenda para se candidatar porque considerou que isso prejudicaria a campanha petista. O deputado estadual é um aliado político de Jilmar Tatto, secretário dos Transportes de Fernando Haddad, e o próprio Padilha já compareceu à sua festança de aniversário, onde discursou.
Moura recorreu apenas contra a suspensão — também anulada pela liminar —, mas o juiz Fernando Camargo, do Tribunal de Justiça de São Paulo, avaliou que a própria lisura da convenção estava comprometida e a tornou sem efeito. O magistrado concordou com o argumento do parlamentar petista, que diz não ter tido direito de defesa, o que a direção do partido nega.
Não tenho nenhuma disposição de defender um grupamento que me coloca numa lista negra e que excita a fúria da turba contra mim, mas a decisão me parece exagerada. Não tenho, em suma, simpatia por quem se candidata a meu algoz, mas tenho compromisso com o que penso. Parece-me que o comportamento de Moura dá motivos para que o PT o suspenda das atividades partidárias, ainda que ele fosse um queridinho da turma até anteontem. Até onde sei, o homem foi ouvido, sim, pelo comando. Ocorre que suas explicações não pareceram, porque não eram, convincentes.
Não conheço o conteúdo da liminar — eu a procurei e não a encontrei. Não sei os motivos da anulação decidida pelo juiz Fernando Camargo. Parece-me, em princípio, que a matéria deveria passar pelo exame da Justiça Eleitoral, a menos que um crime grave de outra ordem tenha sido cometido, tornando ilegítimo processo.
Comenta-se, nos bastidores, que Lula e a turma de Padilha decidiram mudar o discurso do candidato, que não emplaca: em vez daquela coisa, assim, “coxinha e progressista”, ele assumiria uma inflexão claramente de esquerda, colando-se aos sindicatos e aos movimentos sociais. É um sinal de que as coisas não andam bem por lá. Agora, há uma nova frente de batalha para tentar viabilizar o nome de Padilha: a da Justiça. Definitivamente, é um candidatura que não estreou com o pé direito — e, por enquanto, nem com o esquerdo.
Por Reinaldo Azevedo


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