domingo, 11 de junho de 2017

O que aconteceu na França?

Por Bruce Bawer [*]
Como a Marine Le Pen pode ter tido uma derrota esmagadora?
Por que, depois de os Britânicos escolherem Brexit e americanos escolherem Trump, os Holandeses falham com Wilders e os Franceses com Le Pen?
Como pode um país que foi atingido por vários grandes ataques terroristas em anos recentes, e que foram submetidos a uma profunda transformação social graças a imigração islâmica, eleger um certo candidato como se nada tivesse acontecido?
Wilders, impulsionado pelas vitórias do Brexit e do Trump, disse que 2017 seria um “Ano do Populista”. Até agora, infelizmente, não está indo nesta direção.
Sim, existem sinais positivos. O “Sweden Democrats”(Democratas Suecos) estão em ascenão. E o Wilders ganhou assentos  no Parlamento Holandês.
Mas se você presenciou a realidade da islamização de cidades como Roterdã, Paris e Estocolmo, você deve tá se perguntando: O que, em nome de Deus, será preciso para esse povo salvar suas próprias sociedades, suas próprias liberdades, para seus próprios filhos e netos?
Eu não sou o único que tem por vivido obcecado muitos anos com essa pergunta. E eu ainda não ouvi uma resposta totalmente convincente para ela.
Uma maneira de tentar responder é olhar para os países um por um. Por exemplo, os britânicos e franceses sentem-se culpados por suas histórias imperiais e, portanto, têm dificuldade em reinar sobre os descendentes dos povos subordinados. Os alemães sentem-se culpados por seu passado nazista – e os suecos se sentem culpados por se aconchegarem com os nazistas – e, assim, sentem-se obrigados a estirar o tapete de boas-vindas para, bem, praticamente qualquer um. Os Holandeses, da mesma forma, estão intensamente conscientes de que durante a ocupação nazista eles ajudaram a enviar uma maior porcentagem de seus judeus para os campos de extermínio do que qualquer outro país da Europa Ocidental e sentem uma profunda necessidade de “pagar seus pecados”.
O pós-modernismo, é claro, é um fator. De acordo com o pensamento pós-moderno, nenhuma cultura é melhor do que qualquer outra – e é racista dizer o contrário. Não, esquece isso aí – outras culturas são, de fato, “melhores” do que a cultura ocidental. Os brancos, por definição, são opressores, imperialistas e colonialistas, enquanto as “pessoas de cor” são vítimas.
E os muçulmanos são as maiores vítimas de todos.
Não que isso faca qualquer sentido. Ao longo dos séculos, desde a fundação da religião, os exércitos muçulmanos ganharam controle sobre grande parte do norte da África, do Oriente Médio e de grandes partes da Europa. O próprio Islã, por definição, é imperialista. E sempre que o Islã conquistou territórios não islâmicos, provou ser profundamente opressivo, oferecendo aos infiéis exatamente três opções: morte, subordinação ou conversão. Mas falar sobre essas coisas tornou-se verboten (Proibido em alemão. Possível referência à Angela Merkel).
Vivendo em um bairro muçulmano de Amsterdã no início de 1999, eu li sobre o Islã e percebi muito rapidamente o perigo que a Europa estava correndo. Dois anos e meio depois, quando os ataques terroristas de 11 de setembro ocorreram, eu imaginei que praticamente todo o mundo entenderia isso também.
Mas não aconteceu dessa maneira. Sim, algumas pessoas conseguiram entender quase instantaneamente, tanto na América como na Europa. Eles conseguiram isso através de muita leitura, fizeram uma grande e profunda busca pela verdade e sofreram uma grande metamorfose filosófica.
Mas mesmo depois de outros ataques terríveis terem ocorrido – em Madrid, Londres e em outros lugares – um monte de pessoas se recusaram a aceitar a simples verdade. De fato, quanto mais clara a verdade ficava, mais ferozmente a resistiam. E como propagandistas qualificados começaram a representar os muçulmanos como a mãe de todos os grupos de vítimas, muitos ocidentais foram rápidos em comprar tudo.
Como, novamente, conseguir entender isso?
Sim, a grande mídia tem desempenhado um papel, rotineiramente inocentando o Islã, deixando de enfatizar as raízes islâmicas do terror jihadista, e ficando em silêncio sobre a terrível realidade da islamização cotidiana. Mas ninguém que realmente vive na Europa Ocidental tem qualquer desculpa para ignorar essas questões. A verdade os cerca por todo lado. Mesmo nos lugares mais remotos, por mais desonesto que a grande mídia, a verdade pode ser encontrada na Internet.
Mas – e este é um fato que alguns de nós somos completamente incapazes de se identificar e, por isso, quase completamente incapazes de entender – alguns não querem saber a verdade. E se sabem a verdade, querem deixar de saber.
Orwell compreendeu. Ele a chamava de duplipensar. Você pode saber algo e, ainda assim, decidir não reconhecer isso. E assim dar rédeas livres ao totalitarismo.
Para aqueles de nós que se importam com a verdade, e que não seriam capazes de viver consigo mesmos se não enfrentássemos a verdade, por mais difícil que fosse, e tentassem agir com responsabilidade quanto a ela, pode ser difícil conceber que nem todo mundo pensa sobre essas coisas da mesma maneira que nós.
E eu não estou falando de pessoas que são apenas obviamente completamente estragadas. Eu estou me referindo às pessoas que, no dia a dia, aparentam ser completamente boas e decentes – mas aqueles que na hora do “vamos ver”, só se preocupam em não desagradar ninguém. São muitas essas pessoas. Talvez a maioria. Pessoas que são agradáveis ​​desde que seja fácil ser agradável. O tipo de pessoa que – se tivessem sido, digamos, cristãos que viveram na Holanda pré-guerra – teriam sido o melhor dos amigos dos seus vizinhos judeus ao lado; Mas que, quando aqueles vizinhos bateram à sua porta e pediram ajuda para se esconder da Gestapo, teriam recusado.
Não, pensando bem, você nem tem que levá-lo ao ponto onde a Gestapo está na sua cola. Há gente generosa que, no minuto em que há qualquer indício de problemas – o que significa, muito antes da ameaça dos campos de concentração – preferem ficar quietinhos. Sua maior preocupação não é a verdade ou virtude ou beleza ou mesmo segurança a longo prazo para eles e suas famílias, mas a capacidade de viver mais um dia sem grandes problemas.
Você acharia que eles seriam capazes de olhar para frente, pelo menos, para um futuro não muito distante e se debruçar sobre essa perspectiva sombria. Capazes de ver seus filhos, seus netos, e assim por diante, vivendo sob a lei sharia. Se é que até lá tiverem a sorte de ainda estarem vivos.
Mas eu acho que precisamos reconhecer que para algumas pessoas, olhar para um futuro um pouco distante está além de sua capacidade intelectual. Ou além do que eles ousam imaginar.
Sim, eles vêem o Islã assumir. Pouco a pouco, aqui e ali. Tudo em suas vidas, tudo que lhes é familiar, está se transformando, em alguns casos, em um ritmo terrível. Talvez suas próprias vidas não tenham sido viradas de cabeça para baixo – ainda. Mas eles conhecem pessoas que sofreram muito por causa dessas mudanças.
No entanto, eles estão com um medo terrível de falar sobre isso, muito menos fazer alguma coisa sobre isso. Visto através de olhos americanos, pode parecer uma coisa europeia (embora não seja tão incomum na América, infelizmente, como costumava ser).
Parte do que estou dizendo é que para essas pessoas não existe muito um sentido de propriedade sobre seus próprios países, suas próprias comunidades. Eles estão acostumados a ser governados. Eles estão acostumados com a idéia de que há pessoas acima deles na hierarquia, cujo trabalho é pensar e cuidar das coisas grandes enquanto eles – os cidadãos, os ratos – cuidam de suas vidinhas.
Dia após dia, eles vêm recebendo a mensagem, explícita ou implicitamente, de que seus países não pertencem a eles – a coisa toda sobre a democracia ao contrário – e que afirmar qualquer senso de propriedade de qualquer maneira seria um manifestação do pior tipo de fanatismo.
Você pode pensar que, uma vez na cabine de votação, essas pessoas seriam capazes – e não apenas capazes, mas ansiosas, desesperadas, mesmo – de se levantarem contra os poderes acima deles que viraram seus países de cabeça para baixo e afirmar seu poder como cidadãos. Mas tudo ao seu redor tem conspirado toda a sua vida para torná-los incapazes de sentir esse poder – ou, talvez, tornou-os incapazes de sentir que eles têm o direito moral de exercer esse poder da maneira que seu instinto os está implorando.
Aquela voz calma e tranqüila em suas cabeças, que eu descreveria como uma voz da pura razão e bom senso, vai de encontro às vozes retumbantes de todos os que estão acima deles que gritam simultaneamente – as vozes de comando na política, nos negócios, na academia, na mídia e assim por diante – que eles foram ensinados desde a infância para respeitar e levar a sério. Para, de fato, obedecer.
Nos Estados Unidos, aprendemos (ou, pelo menos, costumávamos ser ensinados) que nossos líderes trabalham para nós; Aprendemos (ou costumávamos a aprender) que não é apenas nosso direito, mas nosso dever como indivíduos de enfrentar esses líderes quando achamos que eles estão errados – especialmente quando pensamos que estão excedendo seus poderes e violando nossos direitos. Mas os europeus não são educados dessa maneira. De forma alguma. Sim, existe um apoio da boca para fora à idéia de liberdade. Mas, quando se trata dela, eles são levados a se curvar ao estado – para priorizar não a si mesmos, não o indivíduo, mas a sociedade, o bem comum, esse ideal abstrato conhecido como “solidariedade”.
Assim, mesmo numa urna secreta, os eleitores europeus precisam de uma grande dose de coragem para resistir ao estrondoso coro de vozes que vem de cima, incitando-os a votar contra os seus próprios interesses; para eles parece nada menos que um ato de traição ouvir as pequenas vozes humildes em suas próprias cabeças implorando-lhes para fazer o oposto – para fazer o que é realmente melhor para si próprio e seus entes queridos. Eles foram psicologicamente manipulados até o ponto em que eles realmente acreditam, em algum nível, pelo menos em algum tipo de duplipensar orwelliano, que agir em clara defesa de sua própria existência, sua própria cultura, seus próprios valores e sua própria posteridade, é um ato de preconceito feio.
Estes, para todos os propósitos, são os lugares pelos quais a minha mente vagou desde que a votação na França foi revelada. Até hoje, eu vivi na Europa por pouco menos de vinte anos, e passei todos os dias daquele tempo observando os europeus e tentando entender o que os motiva quando se trata desses assuntos. O fato de ser um forasteiro ajuda, mesmo depois de você ter sido um forasteiro por tanto tempo que na verdade você não é um forasteiro mais. Francamente, a derrota devastadora de Le Pen não me surpreende. Mas eu ainda não posso dizer que eu entenda a razão.
[*] Bruce Bawer. “What Happened in France?”. PJ Media, 7 de Maio de 2017.
Tradução: Karla Berg
Revisão: Pedro Henrique

http://tradutoresdedireita.org/o-que-aconteceu-na-franca/#comment-2502

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