Por que um cristão não pode ser marxista
Eguinaldo
Hélio Souza
Um cristão marxista faz tanto
sentido quanto uma luz escura em um quadrado redondo. É mais que um paradoxo, é
um absurdo. No entanto, em nossa era relativista, onde se busca conciliar o
inconciliável, minha afirmação é que parece absurda. Mas não é. É a pura
verdade.
Os que se espantam com essa
afirmação provavelmente desconhecem não apenas a história do marxismo. Ignoram
completamente seus próprios fundamentos, sua real natureza. Se os conhecessem
com certeza saberiam que cristianismo e marxismo são tão incompatíveis quanto a
luz e as trevas.
Um tempo atrás a incompatibilidade
entre ambos era óbvia e este artigo seria desnecessário. Muitos ficariam
chocados ao ver cristãos verdadeiros debruçados sobre textos de pensadores
marxistas e tentando absorvê-los. Depois da queda do Muro de Berlim alguns
acreditam que o marxismo se tornou inofensivo, como se o veneno não fosse mais
mortífero somente porque um frasco se quebrou.
Qualquer teologia ou prática cristã
que considere positivamente o marxismo devem ser totalmente desconsideradas.
Pode-se fazer um paralelo com a crítica de Emil Brunner à Rudolf Bultmann,
ambos teólogos alemães:
Heidegger é ateu confesso; ele não
admite nenhuma revelação – não entende nenhuma, não necessita de nenhuma e não
deixa margem para a existência de nenhuma. Ele [Heidegger] acha risível que
Bultman esteja a ‘fazer teologia da minha filosofia’.
Da mesma forma é irônico um cristão
aprovar ou justificar o marxismo, que dirá tentar fazer teologia com ele. Como
Heidegger, Marx e Engels achariam essa atitude digna de riso. Ame seus
inimigos, mas não os confunda com os amigos.
O próprio Emil Brunner, mesmo não
sendo um teólogo conservador, conseguia enxergar a real natureza do marxismo e
sua incompatibilidade com o cristianismo.
O
comunismo demonstra ser ainda o mais tremendo opositor ideológico do
cristianismo. O conceito de verdade não desempenha nenhum papel na ideologia comunista, e um
poder totalitário qualquer poderá promover a liquidação da teologia.
Na verdade, os marxistas
conscientes bem sabem da impossibilidade de conciliação com o cristianismo.
Todavia, na busca pelo poder absoluto é preciso fazer concessões até o momento
do bote. Uma vez no poder já não será mais necessário cortesias e contenções. A
verdadeira natureza se revelará. Como na história do escorpião que atravessou o
rio nas costas do sapo prometendo não feri-lo. O picou assim que chegaram do
outro lado. Diante da contestação do sapo pela promessa feita, o escorpião
disse que não podia evitar. Fazia parte de sua natureza. Quem conhece a
natureza da ideologia marxista sabe muito bem que nenhuma promessa amistosa
evitará a manifestação de sua natureza real que é plenamente anticristã.
Pensemos na afirmação de Hitler com
relação à Igreja:
O
fascismo pode, se quiser, concluir sua paz com a Igreja. Também eu o faria. E
por que não? Isto não me impedirá de extirpar o cristianismo da Alemanha.
Nunca foi diferente com o
comunismo. Falsas alianças com o cristianismo precederam a perseguição. Faz
parte de sua natureza.
Como eu disse, há algumas décadas
esse artigo seria totalmente desnecessário. Quem leu Torturado por amor a
Cristo, do pastor romeno Richard Wurbrandt ou O contrabandista de Deus, do
irmão André, sabia o que era o comunismo. Contra toda esperança, do cubano
Armando Valadares, livro que denunciava a tirania do governo Castro deixou de
circular, enquanto o mesmo governo, com todo seu totalitarismo marxista
continua de pé. Naqueles tempos, o mais simples cristão sabia que o
marxismo-socialismo-comunismo era do mal e completo inimigo do cristianismo.
Isso foi em outras épocas. Agora tudo mudou. Hoje este artigo tornou-se
urgente. Os marxistas já estão quase terminando de atravessar o rio nas costas
dos cristãos e muito em breve o bote certeiro virá.
Aqueles que procuram aceitar o
marxismo alegando que ele contém “elementos cristãos” (como a crítica à
injustiça social, por exemplo) deveriam então abraçar o islamismo uma vez que
este confirma certas crenças bíblicas (como a ressurreição, por exemplo). No
entanto, é tão impossível conciliar marxismo com o cristianismo quanto igualar
um cristão verdadeiro e um muçulmano. Nenhum ecumenismo ingênuo pode fazê-los
amigos, nenhum malabarismo teológico ou filosófico pode torná-los semelhantes
em qualquer sentido.
Cristão marxista? Tão real quanto
um fogo gelado emanando de uma luz escura.
Fonte:
www.juliosevero.com
Outros
artigos de Eguinaldo Hélio de Souza:
Karl
Marx era marxistalink:
http://juliosevero.blogspot.com.br/2014/09/por-que-um-cristao-nao-pode-ser-marxista.html
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