sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Estratégia das tesouras sem fio: PSDB pede extinção do PT


Para uma parte da direita a história do PSDB e do PT é basicamente um “conchavo” entre dois partidos para dar sustentação ao totalitarismo do último. Assim, juntos, eles “impediam” o surgimento de uma verdadeira direita. Em tese, isto seria uma armação tão grande que, segundo alguns, nos deveria fazer perder a fé na política de uma vez por todas, levando-nos a apoiar ideias extremas, entre elas intervenção militar ou revolução civil, ou uma mistura das duas.
Tudo teria sido assinado no Pacto de Princeton, em 1993, onde os combinados foram feitos entre Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva. Não se tem notícia deste pacto a não ser em uma edição do Gramna, de Cuba. Mas a lenda reza que esta edição desapareceu de todos os locais possíveis e imagináveis. Mas uma coisa é certa: algumas pessoas sabem o conteúdo exato do que está lá no Pacto de Princeton. Morro de curiosidade.
Tanto estratégia das tesouras como Pacto de Princeton são teses aventadas por algumas pessoas sérias, mas é justo questionar por evidência. Anatoli Golitsyn já havia tratado da estratégia das tesouras no livroNew Lies for Old, mas o fato disto ter ocorrido em sistemas totalitários como Rússia e China não significa que PT e PSDB representem o mesmo truque no Brasil. As suspeitas são bem vindas, principalmente porque as teses da “estratégia das tesouras no Brasil” ou do “Pacto de Princeton” podem – em alguns casos – servirem a interesses de abandono da política.
Convencer a todos de que “tudo está dominado e nossas opções vivem em conchavo” pode servir para apregoar soluções extremas. Mas quem sabe a verdade não esteja em outro lugar? Será que a própria desistência da direita por pressão política faz com que o PSDB somente aja como oposição frouxa? Certamente esta é outra explicação a ser levada em consideração.
De qualquer forma, talvez o Pacto tenha sido quebrado ou as tesouras desta estratégia não estejam tão afiadas, pois lemos o seguinte no Terra:
O PSDB protocolou nesta quarta-feira (20) na Procuradoria-Geral Eleitoral uma representação na qual pede que seja investigada a documentação que teria sido entregue pelo ex-diretor da área internacional Petrobras Nestor Cerveró à Procuradoria-Geral da República.
Nela, segundo reportagem do Jornal Valor Econômico da última segunda-feira (18), antes do acerto da delação premiada, Cerveró disse que a campanha à reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de 2006 recebeu R$ 50 milhões em propina, resultado de uma negociação para a compra de US$ 300 milhões em blocos de petróleo na África, em 2005.
“Esse é um crime que não tem sua prescrição prevista em lei. O que está em jogo não é o ex-presidente Lula, mas sim o recebimento por parte do Partido dos Trabalhadores de recursos do exterior”, disse líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio.
Ele explica que “o que a lei veda e a Constituição veda também é que recursos vindos do exterior abasteçam campanhas eleitorais no Brasil, o que é uma ofensa à soberania nacional e à independência dos partidos políticos”.
“Qual consequência disso? É a extinção do partido, porque ele perde o registro, portanto, independentemente do que vá acontecer com o ex-presidente Lula, a consequência é direta para o seu partido, o Partido dos Trabalhadores”, disse Sampaio, acrescentando que a extinção do PT não decorre da vontade do PSDB, mas sim de uma consequência legal.
Procurada pela Agência Brasil, a assessoria de imprensa do Instituto Lula disse que não vai comentar o assunto.
Ei, espere aí…
Existe hoje em dia uma direita “true” que, tal como faziam ou talvez até ainda façam os fãs de Manowar, se define como “uma direita verdadeira contra os falsos direitistas”. Estes falsos direitistas, para eles, são os liberais, que seriam “esquerdistas enrustidos”. Por serem “esquerdistas enrustidos” – e tão devotados ao totalitarismo petista como seria o PSDB -, costumam discordar de algumas pautas de pessoas como Jair Bolsonaro. É quase a mesma conversa dos anos 80 em que fãs do Sarcófago criticavam o Sepultura por ter lançado discos mais acessíveis como Beneath the Remains e Arise. O Sarcófago seria uma banda “true” enquanto o Sepultura seria “poser”.
Quando o MBL apertou a mão de Fernando Henrique Cardoso e endossou o pedido de impeachment de Helio Bicudo, obviamente foram chamados de “traidores” e, então, acusados de serem “vendidos ao projeto de poder da esquerda”.
O problema é que agora o PSDB encampou uma demanda – a extinção do PT enquanto partido político – que era defendida, ironicamente, por muitos membros da direita “true”. Se eles continuarem apoiando sua demanda reconheceriam “aliança com tucanos”? Ou talvez desistam da demanda, chamando-a agora de “evolução da estratégia das tesouras”? Vamos ver aonde isto vai dar.
Em relação aos tucanos, torno a dizer meu posicionamento, já transcrito aqui várias vezes: os tucanos jamais foram pressionados pela direita para tomarem uma atitude de oposição ao PT. Este abandono da política, em boa parte, explica a frouxidão do PSDB. Antes de aventarmos teses como Pacto de Princeton ou estratégia das tesouras, deveríamos pressionar os tucanos por uns 4 ou 5 anos. Mas quando falo pressão, falo em pressão mesmo, não sair dizendo pelos quatro cantos “ah, os tucanos já estão comprometidos com o PT mesmo, então tudo bem”. Isso não é pressão. É o inverso: é liberação de pressão. Aí é fácil justificar a ausência de representação.


http://lucianoayan.com/2016/01/20/estrategia-das-tesouras-sem-fio-psdb-pede-extincao-do-pt/

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