Por que eu disse não ao desafio do balde de gelo da associação ALS: pesquisas com células-tronco embrionárias são mortais
Diácono Keith Fournier
Pessoas que me leem há anos
conhecem meu forte compromisso em defender o direito à vida e à dignidade de
toda pessoa humana. Passei a maior parte da minha vida defendendo, liderando e
apoiando ações filantrópicas e de caridade que defendem a dignidade de todas as
vidas humanas.
E é por isso que me preocupa o
desafio do balde de gelo, que arrebatou a nação.
Em primeiro lugar, parece tão
certo. O desfile de celebridades que decidiram tomar um banho de gelo com a
intenção de arrecadar fundos para acelerar a cura da esclerose lateral
amiotrófica (ELA), comumente conhecida como “doença de Lou Gehrig”, é
impressionante. Entraram na campanha inclusive alguns líderes da comunidade da
fé bem intencionados, pessoas que admiro profundamente.
O desafio do balde de gelo
arrecadou mais de 60 milhões de dólares desde que foi introduzido publicamente
em 29 de julho de 2014.
A ELA é uma doença
neurodegenerativa que afeta células nervosas do cérebro e da medula espinhal. Ao
longo dos anos tive amigos, paroquianos e colaboradores próximos que sofreram
dessa doença progressiva. Encontrar uma cura é uma missão louvável e vital. Boa
parte do que foi publicado no site da Associação
ALS vale a pena ser lido.
No entanto, há um sério problema
moral que não deve ser varrido para debaixo do tapete. A Associação ALS usa
parte dos fundos arrecadados em seu trabalho para financiar pesquisas com
células-tronco embrionárias. Não se pode simplesmente fazer o mal para alcançar
o bem. O erro moral do consequencialismo é o mais velho dos erros morais. Ele
corre desenfreado hoje em dia, mesmo dentro de algumas comunidades cristãs.
Foi exposto pelo apóstolo Paulo em
sua carta aos Romanos (Romanos 3:7-8) e é a tradição mais clara e contínua da
Igreja Cristã. Em seu profundo tratado sobre a Moralidade dos Atos Humanos (nros.
1749-1761) o Catecismo da Igreja Católica afirma o princípio da moralidade,
segundo o qual os fins não justificam os meios. “Não se pode justificar uma
ação má, embora feita com boa intenção.” (cf. Santo Tomás de Aquino, Decem.
Praec. 6). Os fins não justificam os meios”. (nº 1751)
Sou um membro ordenado do Clero
Católico, um diácono da Diocese de Richmond, Virginia. Há pouco recebi uma
carta de nosso bispo e do secretário para o clero, que reproduzo na íntegra
abaixo.
Declaração da Diocese de Richmond sobre a participação no “Desafio do Balde de Gelo” da Associação ALS
Nas
últimas semanas, em um esforço para aumentar a conscientização sobre a
debilitante doença ELA, pessoas em nossa Diocese e por todo o país participaram
do “Desafio do Balde de Gelo”. Esse desafio convida as pessoas a fazer
doações a uma instituição de caridade de sua escolha para apoiar futuras
pesquisas para tratar e curar a doença ELA. A Associação ALS é a maior
organização de pesquisa sobre dessa doença.
Os
católicos talvez não estejam cientes de que a Associação ALS utiliza pesquisas
com células-tronco embrionárias para investigar a causa, o tratamento e a
possível cura da doença. Pelo fato de isso envolver a destruição da vida
humana, pesquisas com células-tronco embrionárias são contrárias aos
ensinamentos morais da Igreja Católica, que preserva a dignidade da pessoa
humana em todos os estágios de desenvolvimento. Fiéis e organizações
católicas não podem contribuir moralmente para esse tipo de pesquisa.
No
entanto, a Diocese dá seu apoio a pesquisas para tratar e encontrar uma cura
para essa doença debilitante. Como católicos, insistimos que essa pesquisa deve
reconhecer a santidade da vida humana. Pedimos aos católicos que participam do
“Desafio do Balde de Gelo” que façam suas contribuições financeiras a grupos de
pesquisa pró-vida, como o Instituto Médico João Paulo II, em Iowa City, Iowa,
que utiliza pesquisas com células-tronco adultas. Esse método de pesquisa é
moralmente aceitável, pois não envolve a destruição da vida humana.
A Diocese está correta em sua
decisão e análise. Tenho a honra de ser um membro do clero de Richmond. Conforme
explica a nota, muitos católicos podem não estar cientes das questões
levantadas.
Além disso, muitos cristãos de
outras comunidades, outras pessoas de fé e pessoas de boa vontade podem não
estar cientes da natureza imoral das pesquisas com células-tronco embrionárias,
assim como seu insucesso em produzir qualquer avanço real perceptível.
É por isso que escolhi não apenas
postar a publicação da minha Diocese, mas também tratar das questões morais
mais abrangentes levantadas para meus leitores. Embora eu vá citar fontes
católicas, peço a meus amigos cristãos de outras comunidades que leiam os
documentos, mesmo que você possa ter discordâncias da minha Igreja e de algumas
questões teológicas.
Você irá perceber que nas questões
morais fundamentais desses tempos, a Igreja Católica é guardiã da verdade e uma
grande aliada na nossa causa conjunta para defender a dignidade de cada vida
humana.
Infelizmente, o termo genérico
“pesquisa com células-tronco” é agora utilizado sem especificação. Há uma
diferença fundamental entre pesquisas com células-tronco embrionárias, que
envolvem a extração de células-tronco e sempre resultam na morte da vida humana
embrionária, e pesquisas com células-tronco adultas, em que isso nunca ocorre.
O embrião humano é um membro vivo
da espécie humana que, assim como cada um de nós, está sempre em
desenvolvimento. Todo ser humano possui igual dignidade moral e tem o direito
fundamental à vida.
Isso é valido não importa a idade
ou estágio de desenvolvimento, grau de dependência de outros (somos todos
dependentes uns dos outros) ou a opinião dos outros quanto ao nosso “valor”. Não
somos produtos, mas pessoas.
O Vaticano se expressou dessa forma
em 2008, “O uso de embriões ou de fetos humanos como objecto de experimentação
constitui um crime contra a sua dignidade de seres humanos, que têm direito ao
mesmo respeito devido à criança já nascida e a qualquer pessoa”. (Congregação
pela Doutrina da Fé, Instrução Dignitas Personae Sobre Algumas Questões de
Bioética).
Entre os piores exemplos do uso da
língua para ludibriar e esconder a verdade é a não diferenciação entre
pesquisas com células-tronco embrionárias humanas e pesquisas com
células-tronco adultas.
Sempre me pergunto se o ofuscamento
dessas duas áreas da pesquisa em biomédica tão diferentes pode ser algo
intencional da parte de algumas pessoas que parecem precipitadas em querer
utilizar seres humanos embrionários em experimentos.
Eu sei, algumas pessoas irão
lamentar ao ler uma declaração tão forte. No entanto, dados os incríveis avanços
ocorrendo com pesquisas em células-tronco adultas e a falta de divulgação
delas, fico sem alternativas. Vamos considerar apenas dois exemplos do passado.
O favorecimento do governo Obama ao
uso sempre mortal de células-tronco embrionárias, desprezando a ciência médica
que mostra que células-tronco adultas produzem resultados e jamais matam, é
moralmente repugnante.
Em uma segunda-feira, 9 de março de
2009, o presidente Obama assinou um dos seus vários decretos para executar sua
agenda, sem qualquer uso de voto, conselho ou aprovação. Esse decreto transformou
uma classe inteira de seres humanos, os indivíduos embrionários, em commodities
para serem utilizadas. Os parâmetros utilizados pelo Instituto Nacional de
Saúde dos EUA tratam embriões humanos como peças de reposição.
As pesquisas com células-tronco
embrionárias humanas não apresentam qualquer resultado positivo perceptível. Elas
são sempre mortais para o indivíduo humano embrionário. Ao contrário, pesquisas
com células-tronco humanas não prejudicam ninguém e têm apresentado ótimos
resultados.
Os ensinamentos da Igreja Católica
sobre a imoralidade de se utilizar a vida embrionária humana para pesquisas são
consistentes, claros e inequívocos. Em 1987 a Congregação para a Doutrina da Fé
da Santa Sé emitiu uma “Instrução
sobre o Respeito à Vida Humana Nascente e a Dignidade da Procriação”.
Entre as muitas questões
respondidas estava esta: “Que respeito é devido ao embrião humano, tendo em
conta a sua natureza e a sua identidade?” A resposta é absolutamente clara: “O
ser humano deve ser respeitado como pessoa, desde o primeiro instante da sua
existência”.
Em 8 de setembro de 2008, na Festa
da Natividade de Nossa Senhora, a congregação do Vaticano responsável pela
proteção da Doutrina (A Congregação para a Doutrina da Fé) publicou uma defesa
veemente da dignidade de cada vida humana do momento da concepção até a morte
natural.
Seu título era, em latim, Dignitatis
Personae: Sobre Algumas Questões de Bioética. Como é de costume com documentos magistrais, o
título dessa instrução foi tirado da primeira linha, “A todo o ser humano,
desde a concepção até à morte natural, deve reconhecer-se a dignidade de pessoa”.
O documento continua, “Este
princípio fundamental, que exprime um grande «sim» à vida humana,
deve ser colocado no centro da reflexão ética sobre a investigação biomédica,
que tem uma importância cada vez maior no mundo de hoje”.
Na época da publicação da
instrução, saíram várias reportagens na mídia. Algumas descreviam precisamente
o conteúdo e destacavam sua devida importância. Outras foram baseadas em
caricaturas errôneas da Igreja Católica e não na essência do que o didático
documento havia de fato apresentado.
Outros ainda demonstraram que os
redatores não leram o documento ou, se o fizeram, não gostaram do que dizia e fizeram
a escolha deliberada de enganar o público. Finalmente, algumas foram baseadas
em afirmações batidas sobre a Igreja Católica como sendo “fora de sintonia”,
“anti-tecnologia” ou “anti-sexualidade” ou quaisquer outras afirmações
absolutamente falsas e sem fundamento.
A Instrução continuava
consistentemente defendendo a dignidade de todos os seres humanos, o respeito
aos bons fins do casamento e a insistência em haver critérios morais autênticos
com os quais se possa avaliar os supostos avanços na ciência médica conforme
apresentada pela Igreja Católica por meio de seu órgão instrucional.
A Igreja Católica não é contra os
avanços da ciência médica. Em vez disso, ela só insiste que a boa ciência deve
sempre respeitar seus bens primeiros; a vida, o casamento e o bem comum da
nossa vida em comunidade.
A verdade é que a Igreja Católica
não somente apoia pesquisas com células-tronco adultas, mas financia-as e é
pioneira nesse importante trabalho! Escrevi sobre isso em um artigo intitulado The
Catholic Church is Leading the Way on Ethical Stem Cell Research and Regenerative
Medicine [A Igreja Católica dá o exemplo de pesquisas éticas com células
tronco e medicina regenerativa]
A instrução de 2008 não
desestimulou o progresso na biomedicina. Ela de fato a estimulou dentro de uma
estrutura autenticamente ética, que aceita que a ciência deve sempre ser
colocada a serviço da pessoa humana, da família e do bem comum. Qualquer uso
das chamadas novas tecnologias devem também respeitar que o corpo humano não é
uma coisa, mas um ser, e deve ser sempre tratado como tal.
“O corpo de um ser humano, desde as primeiras
fases da sua existência, nunca pode ser reduzido ao conjunto das suas células. O
corpo embrionário desenvolve-se progressivamente segundo um «programa» bem
definido, e com um fim intrínseco próprio, que se manifesta no nascimento de
cada criança.”
A insistência nessa estrutura para
avaliar a biomedicina encontra suporte na história de outros verdadeiros
avanços da ciência médica. O critério ético é revelado no Direito Natural: o
direito fundamental à vida e à dignidade da pessoa humana.
Esse direito é conhecível e vinculativo
a todos os homens e mulheres, e não simplesmente um conceito religioso. De
fato, a nota de rodapé 7 do documento citou o a apresentação do Papa Emérito
Bento XVI na ONU em abril de 2008, que resumiu esse ponto de vista:
“os direitos humanos, em particular o direito
de cada ser humano à vida, «estão baseados na lei natural inscrita no coração
do homem e presente nas diversas culturas e civilizações. Remover os direitos
humanos deste contexto significaria limitar o seu âmbito e ceder a uma
concepção relativista, segundo a qual o significado e a interpretação dos
direitos poderiam variar e a sua universalidade seria negada em nome de
contextos culturais, políticos, sociais e até religiosos diferentes. Contudo,
não se deve permitir que esta ampla variedade de pontos de vista obscureça o
facto de que não só os direitos são universais, mas também o é a pessoa humana,
sujeito destes direitos".
É à luz desse critério moral
fundamental que a instrução discute a sexualidade humana no amor marital, nos
tratamentos de procriação e infertilidade e na "manipulação do embrião ou
do património genético humano”.
A seção que trata da terapia
genética e do uso terapêutico de células-tronco, distinguir entre ambos os
tipos de células e as técnicas empregadas para obtê-las é uma das melhores
explicações sobre as complexas tecnologias que eu li.
A Igreja Católica estimula o uso de
células-tronco adultas e de células-tronco que podem ser obtidas de usos não
letais, como sangue do cordão umbilical. Essas tecnologias não ceifam as vidas
das vidas humanas embrionárias e também têm sido objeto de um incrível avanço
científico.
Independente do esforço existente
para preterir o ensinamento católico nessa área fundamental da ética, os
opositores da verdade da qual ela depende não prevalecerão porque seu
ensinamento é verdadeiro; nunca é certo tirar uma vida humana inocente. Não se
pode fazer o mal para se alcançar um fim aparentemente bom.
A instrução apresenta um argumento
histórico vital: “Como, há um século, era a classe operária a ser oprimida nos
seus direitos fundamentais, e a Igreja com grande coragem a defendeu,
proclamando os sacrossantos direitos da pessoa do trabalhador, assim agora,
quando uma outra categoria de pessoas é oprimida no direito fundamental da
vida, a Igreja sente o dever de, com a mesma coragem, dar voz a quem não a tem.
O seu é sempre o grito evangélico em defesa dos pobres do mundo, de quantos são
ameaçados, desprezados e oprimidos nos seus direitos humanos”.
“Em virtude da missão doutrinal e pastoral da
Igreja, a Congregação para a Doutrina da Fé sentiu-se no dever de reafirmar a
dignidade e os direitos fundamentais e inalienáveis de cada ser humano, também
nas fases iniciais da sua existência, e de explicitar as exigências de tutela e
de respeito que o reconhecimento de tal dignidade de todos exige.
O cumprimento deste dever implica a
coragem de se opor a todas as práticas que determinam uma grave e injusta
discriminação em relação aos seres humanos ainda não nascidos, que têm a
dignidade de pessoa, criados também eles à imagem de Deus. Por detrás de
cada «não» refulge, na fadiga do discernimento entre o bem e o
mal, um grande «sim» ao reconhecimento da dignidade e do valor
inalienáveis de cada e irrepetível ser humano chamado à existência”.
Infelizmente, a visão dos direitos
humanos na jurisprudência e na legislação americana recente nega a proteção
igual da lei ao ser humano embrionário. A lei americana se nega a reconhecer
que os embriões humanos têm o direito à vida e a um futuro.
Essa abordagem aos seres humanos
embrionários é conduzida também no tratamento às crianças no ventre materno. Até
que essa criança nasça, ela é tratada como propriedade a ser usada ou
descartada caso não seja desejada. A atual lei positiva dos EUA nega o
Direito Objetivo à vida. Ela foi substituída por uma imitação profana, um
“direito” a abortar a criança.
Há uma série de argumentos
utilizados para tentar defender a mentira de que os direitos fundamentais são
conferidos pela legislação civil positiva e não pelo Direito Objetivo. Isso é
feito para desprover grupos humanos inteiros de sua proteção. A maioria deles
utiliza o conceito de “pessoa” apenas para aqueles seres humanos considerados
de alguma forma “independentes” e/ou "autônomos”.
Eles estão sendo promovidos por
pessoas que na verdade se intitulam “eticistas médicos”. Possuem títulos
acadêmicos, história profissional e ocupam cadeiras em conselhos consultivos. Alguns
desses chamados “eticistas” fazem uma distinção entre seres humanos
“potenciais” e “de fato”, e relegam à criança no ventre materno a categoria de
serem apenas seres humanos “potenciais”.
Outros veem a interdependência como
um negativo e insistem na independência e na “autonomia” como um critério a ser
imputado a todos os seres humanos. Alguns associam a dependência do embrião
humano à mãe como uma forma de “não humanidade”. Outros ainda propõem uma noção
progressiva de consciência como indicativo de uma presença crescente de
“humanidade”.
Alguns poucos admitem que embriões
humanos sejam seres humanos, mas nega que sejam indivíduos. Encontramos todas
essas ideias no campo tristemente chamado atualmente de “Bioética”, muito
embora tais posições sejam tudo menos éticas. Podemos encontra-las em
livros-texto sendo utilizados para ensinar o assunto a futuros profissionais
médicos. (Vide, e.g., Singer and Kuhse, “Bioethics”)
Um desses supostos “eticistas”,
Michael Tooley, nega que a criança no ventre deva ter quaisquer direitos. Esse
raciocínio evoluiu ao longo do tempo. Em cada versão, como as pesquisas
científicas levantaram sérias dúvidas a respeito de suas alegações, ele
convenientemente mudou de posição para chegar à mesma conclusão.
No entanto, a embriologia humana e a
biologia do desenvolvimento afirmam que o embrião humano não é um tipo distinto
de ser humano, mas um ser humano em um estágio inicial de desenvolvimento. Mesmo
antes da implantação, o embrião humano é um ser humano único e vivo com a
constituição genética e epigenética primordial que continua a se desenvolver ao
longo da vida.
No entanto, o direito de não ser
assassinado no ventre, o direito de nascer e o direito de participar de
relacionamentos humanos são rejeitados por todos esses pequenos indivíduos. As
vidas humanas embrionárias são reduzidas ao que um astuto filósofo e advogado
católico, Robert George, chamou de “forma pré-pessoal de ser humano".
A ideia de que seres humanos passam
ser menos que pessoas está sendo aplicada cada vez mais em outros estágios do
desenvolvimento humano fora do ventre. Os incapacitados (física e mentalmente),
os idosos e os enfermos também estão tendo negados cada vez mais seus direitos
à igual proteção da lei. Há uma ênfase nos direitos individuais sobre o
parentesco e na autonomia sobre a solidariedade.
São João Paulo II escreveu no “Evangelho
da Vida” sobre essa “estranha contradição”. Ele explica que “as raízes da
contradição que se verifica entre a solene afirmação dos direitos do homem e a
sua trágica negação na prática, residem numa concepção da
liberdade que exalta o indivíduo de modo absoluto e não o predispõe para a
solidariedade, o pleno acolhimento e serviço do outro”. (Par. 19)
Essa ideia falsificada de liberdade
vê também os indivíduos em coma como não mais dignos de ser chamados de
“pessoas”. Profissionais de saúde são incitados a parar de dar-lhes comida e
água. Crianças com doenças graves são vistas como intrusos que não deveriam
continuar a utilizar os recursos médicos e sociais.
Se o critério para ser reconhecido
como ser humano for um nível de função cerebral satisfatória, uma noção consensual
de autoconsciência, não dependência, autonomia individual ou algum outro nível
similar “aceitável” de capacidade física e mental, isso reduz o ser humano a
uma função humana, valiosos não simplesmente por serem membros da nossa família
humana e graças a serem recebidas, mas avaliadas com base em sua utilidade.
NÃO pode haver debate sobre esse
fato; todos nós fomos embriões um dia. Todos nós vivemos no primeiro lar de
toda a raça humana: o útero materno. Para nós cristãos, professamos que o Filho
de Deus, o Verbo Encarnado, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, foi um ser
humano que, no estágio embrionário, viveu no ventre de sua mãe.
Em todas as idades e todos os
estágios da nossa humanidade, seja como embriões, nascituros, bebês, crianças,
adolescentes, adultos, seja nas doenças e na velhice, sempre fomos vulneráveis
e dependentes dos outros. Isso é o significado de ser humano. A ênfase dos
proponentes da cultura da morte na interdependência e na autonomia entrega uma
visão de mundo que, conforme ensinou São João Paulo II, ameaça o “edifício dos
direitos humanos”.
Fui desafiado a fazer o Desafio do
Balde de Gelo para ajudar a acabar com a esclerose lateral amiotrófica. Eu
disse não. Tentei explicar porque eu disse não neste artigo. Espero que ele
seja uma contribuição útil para a nossa discussão pública. Como um cristão,
nunca é fácil ser visto como aparentemente de má vontade para apoiar uma causa tão
nobre como a erradicação de uma doença debilitante.
No entanto, é vital que apoiemos a
verdade moral fundamental e fundacional na qual se sustenta todos os esforços
de acabar com as doenças: a dignidade de toda pessoa humana, incluindo os seres
humanos embrionários. Pesquisas com células-tronco embrionárias sempre tiram a
vida de um ser embrionário quando se extraem suas células-tronco. Não se pode
fazer o mal para alcançar o bem.
Traduzido
por Luis Gustavo Traduzido por Luis Gustavo Gentil do original do BarbWire: Why
I Said No to the ALS Ice Bucket Challenge: Embryonic Stem Cell Research Is
Deadly
Fonte:
www.juliosevero.com
Leitura
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link:
http://juliosevero.blogspot.com.br/2014/09/por-que-eu-disse-nao-ao-desafio-do.html
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