quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Scott Lively fala sobre a política externa dos EUA

Scott Lively
Como vocês sabem, deploro o “jogo político” e continuarei a falar-lhes com clareza e agir com franqueza com relação às minhas opiniões e intenções.
Um dia depois da eleição de novembro nos EUA, troquei de partido, de Independente para Republicano, e estou considerando concorrer ao Congresso contra Richard Neal. Não fiz uma decisão firme, mas estou me inclinando nessa direção.
Há muitas razões por que prefiro deputado federal a estadual, mas uma delas é meu interesse na política eterna e preocupação com as ações desastrosas do governo de Obama no mundo inteiro. Estou postando um artigo abaixo que reflete com precisão minhas opiniões acerca de um aspecto do problema.
Estou de forma especial preocupado que os neoconservadores (leia-se: progressistas republicanos) estejam se alinhando ao governo de Obama contra a Rússia e estejam conjuntamente travando uma campanha de propaganda anti-russa que visa enganar os conservadores e levá-los a apoiar uma guerra armada com a Rússia.
Esse jogo não é apenas muito perigoso geopoliticamente, mas está roubando os conservadores sociais de sua aliança potencial mais valiosa no mundo hoje. Os conservadores americanos e russos poderiam hoje estar cooperando juntos para fazer o esquerdismo recuar no mundo inteiro. Mas, em vez disso, os marxistas culturais dos dois grandes partidos dos EUA (Partido Democrático e Partido Republicano) estão tentando causar divisão entre os conservadores com a mentira absurda de que a Rússia está tentando reviver a União Soviética.
Nem a Rússia nem seu presidente são infalíveis, e é impossível defendê-los contra uma campanha de críticas implacáveis. Ninguém, a não ser Jesus Cristo, é infalível. Esses são jogos psicológicos de guerra que a elite dos meios de comunicação joga: uma blitzkrieg retórica de desinformações, padrões duplos e sofismas.
Mas se fizermos a pergunta simples “Quais países do mundo e sua atual liderança se alinham mais perto das metas do Cristianismo bíblico e do conservadorismo ideológico?” é um assunto muito diferente.
Se avaliarmos os atuais líderes e países do mundo por esse padrão, Putin e a Rússia ficam com uma posição elevada na lista — certamente muito mais elevada do que Obama e sua versão dos Estados Unidos. Aliás, existe algum líder mundial falando em defesa de cristãos perseguidos no Oriente Médico como Putin tem falado? Existe alguma outra nação de “primeiro mundo” assumindo uma posição contra a agenda homossexual como a Rússia está fazendo?
Seja como for, leia o seguinte artigo:

George Friedman do Stratfor e o realismo na política externa dos EUA

Dr. Gilbert Doctorow
A entrevista de George Friedman ao jornal Kommersantnewspaper em Moscou, feita em dezembro de 2014 e republicada em inglês no site Russia-Insider e outras mídias alternativas, vem atraindo atenção considerável entre especialistas. O fundador e presidente do Strategic Forecasting Inc. (Previsões Estratégicas), mais conhecido como Stratfor, um serviço de informações e análise, fez muitas afirmações dignas de nota sobre as origens do atual confronto dos EUA com a Rússia por causa da Ucrânia que os grupos de discussão não poderiam simplesmente ignorar.
Entre as gemas, vemos a declaração realista que Friedman fez de que os Estados Unidos estão por trás do golpe de estado de 21 de fevereiro de 2014 que derrubou o governo democraticamente eleito de Viktor Yanukovich e levou ao poder os nacionalistas extremistas e forças pró-Ocidente de Maidan. Ele nos diz que ao fazerem isso, os Estados Unidos estavam meramente cuidando de seus interesses nacinais e servindo à sua política de cem anos de impedir toda e qualquer nação de se tornar uma potência hegemônica no continente europeu, um papel para o qual a Rússia estava mostrando potencial e intenção de alcançar.
A origem das preocupações dos EUA com a Rússia, a determinação americana de que a Rússia tem de ser contida ou desestabilizada ou distraída por novas ameaças de segurança que Friedman identifica com o conflito sírio de dois anos atrás, foi quando a Rússia demostrou que tinha a capacidade de exercer uma influência significativa e agir de forma contrária aos planos americanos no Oriente Médio, uma área de importância estratégica.
A reputação dele de presidir uma “CIA Paralela” (o modo como Barron descreve Stratfor) fez com que a ênfase que Friedman deu aos condutores da Realpolitik [governo da força] parecesse ser a voz do governo dos EUA, contando-nos a história real do que está acontecendo.
Na análise de Friedman, não existe dimensão pessoal. Obama está amarrado de pés e mãos; ele está fazendo o que qualquer presidente americano teria de fazer em face de uma Rússia que está se levantando. Não existe nenhum “czar Putin” e não existe nenhum “Estado mafioso.” Em vez disso, Friedman diz simplesmente: “É um assunto da divergência fundamental de interesses nacionais de duas grandes potências.”
As declarações de Friedman são ainda mais intrigantes para os analistas das relações russo-americanas, pois em linhas gerais correm em paralelo com as explicações acerca do conflito que aquele adepto total da Realpolitik, Vladimir Putin, deu várias vezes em suas importantes manifestações públicas de outubro a dezembro do ano passado.
O problema quando se aceita Friedman como conhecedor máximo de informações privilegiadas é que o que ele está dizendo entra em choque com a opinião geral dos principais protagonistas do governo dos EUA responsáveis por formular e aprovar a política externa dos EUA, bem como explicá-la à nação: o presidente, o governo, o secretário de Estado e seus assistentes, o Senado dos EUA. Essa opinião geral declara categoricamente que a ideia de Realpolitik e equilíbrio de poder são restos desgastados do século XIX e início do século XX. Nessa visão, estamos agora na política externa com base em valores, também conhecida como idealismo ou liberalismo.
Esse dogma estava tão arraigado que quando os russos agiram na primavera de 2014 para mudar as fronteiras europeias “pela força” (se acreditarmos na versão do governo americano) e retomar a Crimeia, que provocou um debate entre os filósofos a serviço do governo americano na elite de política externa. A Realpolitik estava ressuscitando ou pondo em questão as crenças de Fim da História dos neoconservadores, os principais promotores do idealismo?
Em sua contribuição ao debate iniciado pela revista Foreign Affairs (Assuntos Externos) em sua edição de maio-junho — “A Volta da Geopolítica” — G. John Ikenberry, professor da Universidade de Princeton, nos fez recordar que a arquitetura global das instituições financeiras, de defesa e outras instituições progressistas que os EUA colocaram em funcionamento no começo da Guerra Fria haviam continuado a se expandir depois que a Guerra Fria terminou. Essas instituições administraram a geopolítica conforme já estava planejado, sustentaram o império americano mesmo que isso não fosse compreendido pelos seguidores de Francis Fukuyama, os quais viam um futuro livre de guerras agora que as guerras com base em valores haviam sido resolvidas uma vez por todas.
Contudo, a edição de setembro-outubro de Foreign Affair trouxe um artigo de John Mearsheimer, professor da Universidade de Chicago, intitulado “Why the Ukraine Crisis Is the West’s Fault” (Por que a Crise da Ucrânia é Culpa do Ocidente), em que o liberalismo/idealismo é descrito como a cegueira ideológica da liderança política americana que levou os americanos a julgar mal os russos sobre a OTAN e a cruzarem as linhas vermelhas deles, levando ao atual confronto.
Na réplica a Mearsheimer na edição de novembro-dezembro de Foreign Affairs, Michael McFaul denuncia a Realpolitik de modo geral, enquanto Stephen Sestanovich afirma que os EUA, como a Rússia, não operam de forma exclusiva em sua política externa, e que seguem interesses nacionais, significando a velha política de poder, ainda que falem de uma linha política liberal.
Que conclusão devemos tirar disso?
Isso nos faz perguntar: Quem realmente controla a política externa dos EUA? É a minoria silenciosa que acredita numa política com base em interesses ou é a maioria volúvel que insiste em que valores de democracia e livre mercado têm de conduzir a política, que relações pacíficas são possíveis apenas entre países que os EUA qualificam como democráticos e que outros regimes têm de ser derrubados?
E por que isso importa? É importante porque a escola realista, por sua natureza, procura concessões num contexto de alinhamentos que estão sempre mudando entre países, ao passo a escola idealista, com sua ênfase em valores universais, não deixa espaço para concessão e fluxo.
Seria tranquilizador se Barack Obama, John Kerry, Samantha Power e Susan Rice falassem como George Friedman. Contudo, eles não falam, e essa é uma das razões por que observadores sérios, como Mikhail Gorbachev, que estão acompanhando o atual confronto estão expressando perplexidade com a possibilidade da atual Guerra Fria indo em novas direções, isto é, uma guerra armada entre os EUA e a Rússia, com consequências imprevisíveis e possivelmente catastróficas.
Traduzido por Julio Severo da mensagem de email enviada pelo Dr. Scott Lively.
Outros artigos sobre Scott Lively:
Sobre os neocons (neoconservadores):


link:



http://juliosevero.blogspot.com.br/2015/02/scott-lively-fala-sobre-politica.html

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