quinta-feira, 23 de junho de 2016

O suicídio do empresário afetado pela crise mostra o quão prejudicial é o estado


Recebi com muito desconforto a notícia do suicídio do empresário Luís Antônio Scussolino. Infelizmente, já tive várias notícias tristes dessas na minha vida, amigos que deram cabo da própria vida por amor, por vazio, por depressão, por tristeza. Essas notícias sempre me deixaram indignada, confusa e impotente. Dói demais saber que estávamos tão perto e não enxergávamos que dentro daquelas pessoas algo de taciturno se passava. Está sempre tudo bem. Um amigo sempre brinca dizendo que suicídio depois dos 27 anos é cafona, não tem graça, perde o glamour. Quem me conhece sabe o quanto sou veementemente contra o suicídio independente da idade. Mas como já explicava Milan Kundera, o equilíbrio entre a sanidade e a insanidade está sempre por um fio, sendo insustentável mantermos a leveza constante do nosso ser. Quem sou eu para julgar?
Luís Antônio atentou contra a própria vida após fazer de tudo para evitar que seus funcionários perdessem seus empregos depois de uma queda de 70% da lucratividade. Conversou com o sindicato, tentou apoio, tentou convencer que a redução da jornada de trabalho e dos salários seria, momentaneamente, mais salutar. Não teve conversa. Com as leis trabalhistas desse país não há conversa, com sindicatos sanguessugas não há conversa, com o estado leão das nossas receitas jamais terá conversa.
A mídia e a maioria da população o chama de “inconsequente”, mas eu o chamo de “desesperado” que tentou até a última consequência não prejudicar aqueles que muito contribuíram com ele até ali, aqueles que faziam parte da sua grande família, parte de tudo que ele tinha na vida, parte da sua própria vida. Lutou pela manutenção dos arcabouços do trabalho e da dignidade que conduziram, até então, à civilização.
Enganam-se aqueles que pensam que os homens sob suas vontades, egoísmos e vaidades, revoluções e modernismos, podem conduzir a sociedade na presença do estado esperando um processo evolutivo e não retroativo. O homem que se coloca como senhor do seu caminho contra um estado parasita tende a colocar contra ele o mundo e suas mazelas.
Vivemos num país com mentalidade coletivista que corrói almas, ludibria indoutos e prejudica a todos em nome de uma minoria. Os coletivistas creditam que um país é construído sob alicerces coletivos e tentam mudar o mundo fazendo revoluções no sótão. São os que amam a humanidade, mas detestam o ser humano. São os que lutam pela educação impedindo professores de dar aula. São os que brigam pelos trabalhadores achando mais justo o desemprego.
Há dois anos, o historiador francês Dominique Venner se matou no altar da Catedral de Notre Dame. Venner não se matou por estar passando fome, ou por estar passando frio, ou porque sua família passava necessidade, ou por um motivo individual qualquer, ele atentou contra própria vida depois de anos de luta para que os patamares dos valores éticos, sociais e morais não desmoronassem na primeira canetada populista, suicidou-se para que as pessoas criassem seus filhos sem o declínio moral que se alarga a cada dia. Seu fatídico gesto foi, especialmente, contra o papel da igreja frente a imigração compulsória de argelinos e muçulmanos e subserviência da mesma frente à islamização francesa. Foi um chacoalhar numa sociedade sonolenta que padece no assistencialismo, nega suas origens e perecerá anestesiada em sua cegueira. Foi um grito desesperado de quem pede socorro cercado por homens que se acham Deuses e autossuficientes.
O suicídio de Scussolino evidenciou o desequilíbrio de um homem honesto mas preso pelas leis estatais, que teve um princípio de infarto quando soube que para manter sua empresa teria que demitir mais de 200 funcionários e não aguentou a angústia de viver vendo esta situação. Longe de romancear o suicídio, esta tragédia mostra o quão prejudicial é o Deus Estado e o quão danoso ele é ao nos usurpar produções, bens, serviços, dinheiro e a própria vida.
Quando estes homens tentam, por si só, melhorar o mundo, o mundo inevitavelmente cai sobre eles. Quantos suicídios terão que ocorrer, quantos Josés terão que morrer, quantas mulheres e homens terão que perder seus empregos, quantas empresas terão que perder seu faturamento ou falir para entendermos que o inferno mora ao lado e o diabo veste colarinho branco?

http://www.ilisp.org/artigos/o-suicidio-do-empresario-afetado-pela-crise-mostra-o-quao-prejudicial-e-o-estado/

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