por Winter Trabex, quinta-feira, 27 de novembro de 2014
principal dificuldade em ganhar dinheiro e enriquecer é que você tem de ter um dinheiro de reserva para criar aquilo que é chamado de "renda passiva", que é a renda que continua crescendo sem que a pessoa tenha de trabalhar. Isso significa que, para enriquecer, você tem de juntar um capital que seja suficiente para ser investido e tenha rendimento.
E, para obter esse capital, não há mágica: você tem de criar valor; você tem de ter uma atividade diária que seja valorizada por pessoas.
Logo, duas conclusões: 1) você tem de trabalhar em algo que seja valorizado e demandado por consumidores. Só assim você conseguirá acumular algum dinheiro; 2) se a taxa básica de juros vigente em seu país for alta, melhor para você, pois seu dinheiro aplicado renderá mais.
Pessoas pobres permanecem pobres por três razões.
A primeira é que sua mão-de-obra é tão simples, que a demanda por ela não é alta. Uma mão-de-obra ganha valor de acordo com sua escassez e sua qualidade. Trabalhadores de redes fast food, ou caixas de supermercado e padaria simplesmente não são uma mão-de-obra escassa. Isso faz com que seus contracheques sejam baixos.
A segunda razão é que as pessoas pobres que têm uma renda mais maleável — ou seja, uma renda que não está totalmente comprometida com despesas fixas e essenciais — têm de saber escolher entre várias opções. Entre as pessoas ricas, alguns vícios podem ser considerados meras excentricidades, uma vez que esses vícios, na maioria dos casos, não causam a ruína de suas circunstâncias presentes e futuras. Já entre os pobres, os vícios — dentre os quais os mais comuns são cigarros e bebidas — consomem um dinheiro que, em outras circunstâncias, poderia ser utilizado para aplicações financeiras, as quais formariam aquele colchão necessário para criar a renda passiva. Uma pessoa que não controla seus vícios e que por isso vive exclusivamente de salário a salário é uma pessoa que em vez de estar se esforçando para controlar seu próprio destino, está com o seu destino controlado pelo mercado de trabalho.
A terceira razão é que, sem que tenham nenhuma culpa por isso, as pessoas pobres possuem acesso apenas a uma fatia muito limitada da economia — que é aquela que está fisicamente próxima deles. Vários pobres continuam sem acesso à internet, a qual é hoje a maior força-motriz por trás da acumulação de riqueza. Aliás, vários pobres nem sequer têm acesso a uma livraria ou até mesmo a uma boa educação.
Com esses três fatores combinados, as pessoas pobres muito provavelmente continuarão pobres. E o comportamento agregado de indivíduos no mercado mostra que isso é verdade. Histórias de sucesso continuam sendo a exceção. Sendo assim, torna-se fácil acreditar que as pessoas pobres não têm nenhuma outra escolha senão continuarem pobres. Esse artigo é uma tentativa de mostrar que tal argumento não procede, e também de mostrar como a pobreza pode ser superada por meio da compreensão das forças naturais do mercado.
Para remediar o primeiro problema da pobreza — a mão-de-obra de uma pessoa pobre não ser escassa —, é necessário adquirir educação. O indivíduo tem de saber tornar sua mão-de-obra qualificada e demandada.
Isso pode ser feito tanto por meio do autodidatismo quanto por meio da educação em uma escola técnica. Aprender as técnicas de um trabalho específico, como fazer aulas técnicas em um sábado à tarde para adquirir um certificado de operador de empilhadeiras, é um esforço que, embora sobrecarregue o indivíduo temporariamente e até mesmo aumente seus gastos, poderá lhe trazer uma maior acumulação de riqueza no longo prazo.
Não basta apenas olhar o salário do final do mês para determinar o que pode e o que não pode ser comprado. Qualquer planejamento para o futuro tem de ser feito com o intuito de ganhar o máximo de dinheiro possível. Isso significa que o indivíduo terá de poupar dinheiro para fazer essa especialização. Logo, ele não poderá gastar seu pouco dinheiro comprando cigarros, cerveja ou comendo uma comida mais cara. Sacrifícios serão necessários no curto prazo.
Pessoas que sobrevivem de salário a salário deveriam economizar o máximo possível a cada semana. Após um ano de poupança extrema, uma pessoa que trabalha em troca de salário mínimo já terá algumas economias. Se as taxas básicas de juros do país estiverem altas, tanto melhor: suas aplicações irão render mais, e sua poupança será menos sacrificante. A partir daí, não será difícil investir esse dinheiro em cursos técnicos que lhes deem um certificado. Em países em que tais cursos são subsidiados ou mesmo "gratuitos", não há nenhuma desculpa para não fazer isso. Com esforço e dedicação, um jovem pobre pode se tornar um grande mecânico de automóveis, um serviço para o qual sempre haverá demanda.
No pior dos cenários, que é aquele em que uma pessoa pobre não possui meios de transporte para se locomover até o local do curso técnico — quando, por exemplo, as tarifas de ônibus são caras, ou nem sequer há ônibus —, uma bicicleta terá de ser adquirida. Daí a importância ainda maior da poupança. Trata-se de um gasto que na verdade é um investimento.
Inversamente, os dois vícios mencionados — cigarros e álcool — não acrescentam absolutamente nada à riqueza de um indivíduo. Ao contrário, são gastos que representam uma contínua subtração de sua riqueza, principalmente no mundo atual, em que os preços desses bens só fazem crescer à medida que os governos vão elevando os impostos que incidem sobre esses itens. Cortar a cervejinha pode ser algo bem sacrificante em termos de prazer pessoal; mas quando se considera que a escolha é entre um momento de prazer ou uma vida bem-sucedida, a opção deveria ser bem clara.
O terceiro problema, que é o das oportunidades de acordo com a localização do indivíduo, também terá de ser resolvido por meio da poupança. Computadores e até mesmo laptops terão de ser adquiridos; e podem ser adquiridos no mercado de usados por preços bem em conta. Ter um computador ou um laptop pode parecer uma despesa incrível para alguém que ganha salário mínimo; mas, de novo, com planejamento, poupança, sacrifícios e corte de gastos inúteis, é algo totalmente viável. Não é fácil, mas é totalmente factível. No mundo atual, ter um computador é quase obrigatório.
Uma pessoa que não tenha acesso à internet em casa poderá ter de ir a uma fonte que forneça internet, como uma biblioteca. Ou, no extremo, poderá usar uma LAN house. Daí a necessidade de mais poupança.
A questão então passa a ser a seguinte: tendo investido em uma bicicleta ou em um computador, o que o indivíduo terá de fazer para enriquecer? Com um computador, os serviços mais demandados (e, por isso, os mais escassos) envolvem programação. Livros sobre programação de computadores, muito embora nem sempre estejam totalmente atualizados, podem ser encontrados em bibliotecas públicas. Vários deles, como Visual Basic para iniciantes, vêm com DVDs que podem ser utilizados como ferramenta de auxílio.
Aliás, o próprio YouTube possui vídeos que ensinam vários tipos de programação de computador. E, procurando com paciência, a internet fornece vários .pdfs gratuitos de apostilas de programação. Com dedicação e paciência, qualquer um pode se tornar um webmaster.
Consequentemente, não é impossível que um sujeito que trabalha em alguma rede de fast food ou que é caixa de padaria, e que hoje não tem nem meio de transporte e nem computador, possa por meio desses sacrifícios e esforços subir na vida. Ele pode não virar um milionário, mas sem dúvida sua renda irá aumentar substantivamente.
Um grande problema ao qual todos estão sujeitos é que essa renda que momentaneamente parece ser contínua e suficiente pode repentinamente sumir. Trabalhadores podem ser demitidos. Empresas podem falir. O mercado pode simplesmente tornar algumas profissões obsoletas. Em algum momento no futuro, pode até ser possível que computadores se programem sozinhos de acordo com um arranjo de preferências pré-determinadas. Aquele indivíduo ou aquela família que até então estava confortável em uma profissão repentinamente descobre que sua renda voltou a correr risco.
O que fazer?
O objetivo supremo de ganhar dinheiro é ganhar dinheiro o suficiente para que investi-lo se torne uma vocação. Isso irá fornecer uma vida com mais segurança e mais certezas. Investidores podem controlar aquilo em que investem. Tanto o sucesso quanto o fracasso são determinados pelas escolhas que fazem. Isso é o oposto de ter de seguir ordens de um patrão, que é quem decide por conta própria se o empreendimento no qual você trabalha irá fracassar ou ser bem-sucedido.
Por isso, o objetivo da independência vocacional deveria ser óbvio: você começa sendo um assalariado, mas deve utilizar o dinheiro para se qualificar continuamente, até se tornar um empreendedor autônomo. Hoje, com a internet, você tem acesso a praticamente qualquer livro-texto ou vídeo técnico que queira. Tendo um meio de locomoção — uma bicicleta ou até mesmo um carro simples e usado, que já deixou de ser caro há muito tempo —, sua esfera de influência econômica se estende para muito além de sua residência. É assim que você começará a realmente ganhar dinheiro.
Após adquirir uma renda contínua e confiável, e com os vícios controlados, é possível poupar cada vez mais dinheiro, o que permitirá um colchão que traga alguma tranquilidade.
Visto por esse prisma, aquele senso comum que diz que devemos "trabalhar para ganhar dinheiro para sobreviver" é somente parte da solução. Mais especificamente, é a primeira parte da solução. O objetivo supremo é "trabalhar para ganhar dinheiro para que, então, você possa ser autônomo ou trabalhar em troca de um salário ainda maior".
Conclusão: se você mora em um país que oferece cursos técnicos gratuitos, cujas taxas de juros são relativamente altas, e você tem acesso à internet, não há desculpas para não ganhar dinheiro. Você pode não ficar milionário, mas pode perfeitamente deixar de ser pobre. O processo é simples, mas muito trabalhoso. Exige sacrifício e dedicação. Mas qualquer um pode fazê-lo.
link:
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1981
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