domingo, 25 de setembro de 2016

TEMER TERÁ O QUE TEMER

Escrito por Hiago Rebello setembro 23, 2016
temerhiago

Agora que Michel Temer é, efetivamente, o presidente do país, nada mais justo do que fazer as cobranças necessárias e as perguntas dignas, certas e as críticas precisas para escavar o que realmente é o governo de Temer.
Vale lembrar a aliança que o PMDB teve com o PT por anos a fio. Aliança esta que, malgrado a passagem do partido para a oposição contra Dilma nas “últimas horas”, não deve ser, de modo algum, ignorada. O PMDB, no mínimo, era complacente com o esquema de poder do PT, com a corrupção, ocupação de espaços. Sem o PMDB, vale dizer, nem o próprio Lula teria o poder que teve enquanto era presidente. Sarney foi um grande aliado durante a “era Lula”.
Sendo Temer a escolha do PT para a vice-presidência da república, não podemos esperar dele algo bom, porém, o maior partido do Brasil até agora não vive de outra coisa se não da situação para manter seus parâmetros políticos e morais. Na atualidade, o PMDB, assim como Temer, prefere se afastar da esquerda, se aliar mais com o centro e manter o poder. Ajudar o PT já não é um bom negócio – mesmo assim, vale lembrar, que os senadores do PMDB salvaram Dilma no último momento, não a deixando inelegível, como manda a Constituição.
Temer não tem, assim, um bom partido, um bom histórico e, portanto, uma boa transparência para a nação. A crença de que o atual presidente não tinha conhecimento do esquema de poder que se formava em toda a América Latina é, ao menos, risível. Mesmo se adequando à situação, Temer não deixa de ter olhos e ouvidos, contatos dentro da própria cúpula do PT, do Foro de São Paulo. Temer não é para se confiar, se ater ou se espelhar. É uma cobra que, por conta da situação, não dá o bote correto.
O propósito e os projetos de Temer, nesses anos que antecedem as próximas eleições presidenciais, serão em vista da normalização econômica do país, além da institucional e política. Ele precisa, portanto, ficar longe e manter longe as sanguessugas e larápios que fizeram o país entrar na crise econômica, mas também não tentar deter totalmente o esquema de poder, principalmente no âmbito cultural, herdado do PT.
Se Temer realmente se importasse com a nação, e não com sua posição ante os estragos que seus antigos (?) aliados fizeram, estaria fazendo uma limpa em ministérios que alimentam o monstro cultural que se alastrou no país. Filmes teriam suas verbas federais cortadas, ONGS, movimentos sociais, todos estariam com os bolsos vazios; mas Temer não peitou o establishment cultural do país. Vale lembrar que nem mesmo para enfrentar feministas histéricas o nosso atual presidente conseguiu manter o mínimo de dureza, caindo perante a crítica que a esquerda fez quando destruiu o Ministério da Cultura.
Dadas essas características políticas do nosso atual presidente e de seu partido, não pode haver nenhum tipo de complacência da parte da direita para com Temer. Ele se comporta muito mais como um inimigo que como um aliado e, de qualquer modo, não se deve esperar nada de fértil e proveitoso da pessoa do presidente. Temer não é conservador, tampouco liberal, não labuta por um Estado Mínimo ou qualquer coisa do gênero, sequer enfrenta o establishment majoritário do país que o xinga de “golpista”.
A “direita”, de costume, defende o presidente de calúnias e difamações insustentáveis, mas também devemos critica-lo do modo mais ácido possível, já que Temer não é remédio algum, apenas uma droga que diminui – um pouco – a dor de cabeça. Se não nos mobilizarmos para uma crítica forte, ferrenha e destemida, mais uma vez, não haverá espaço para ideias de direita na política, mais uma vez não teremos voz para impor nada a ninguém.
Se nos dispusermos em criticar Michel Temer da mesma maneira (não por conta do conteúdo, pois Temer não chega a ser um débil, contudo, no caráter formal de seu governo) por que tivemos disposição para criticar Dilma, então Temer terá o que temer. Com vozes voltadas às liberdades individuais, o mercado livre e a conservação de valores tradicionais do Brasil, conseguiremos (assim como as feministas fizeram) meter “medo” em Temer, fazê-lo repensar as circunstâncias de acordo com nossas crenças, análises e vozes.
Mas sem isso, preparem-se, nem mesmo um Bolsonaro em 2018 vai ajudar a cultura intelectual e política da nação.

http://www.sentinelalacerdista.com.br/temer-tera-o-que-temer/

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