quinta-feira, 27 de junho de 2013



Vamos ser sinceros: o Ensino está uma bosta. E tudo por causa de uma questão conceitual: para que mandar as crianças para o colégio? O que eu espero de um colégio para meu filho? O que efetivamente meu filho aprenderá num colégio? O que ele fará com o conhecimento adquirido no colégio? A verdade é que o atual modelo educacional serve unicamente para meter o aluno no colégio. Por um lado, os pais se veem livre daquilo que puseram no mundo, pelo outro, colégios arrumaram uma incrível fonte de renda, baseada na total incompetência paterna e materna de educar.
Afinal, o que deveríamos ensinar aos nossos alunos?

Eu tinha um sonho, mas o creme não estava em bom estado. O Ensino deveria preparar as crianças pára entender o mundo, ensiná-las a resolver problemas.Mostrá-las que nem sempre precisamos recorrer a soluções mágicas, como pedir pro pais isso e aquilo. Atualmente, temos que formar cidadãos críticos. Do quê? Com certeza não do atual sistema vagabundo de Ensino. Não ensinamos nada às crianças. Metemos matéria no quadro, eles copiam e só. Isso quando copiam.
Eu conheço colégios em que a "professora" senta o rabo e manda os alunos abrirem o livro em determinada página. Ela manda uma das crianças ler um trecho. Daí, a pseudomestra manda que as crianças saquem de suas canetas marca-texto para grifar determinadas partes do texto que está sendo lido. O que a criança memorizará daquilo? Como ela interpretará o texto? Não vai, pois não é este o objetivo. O objetivo é repetir a receitinha vagabunda aplicada nos cursos daquele câncer chamado Pedagogia. Não houve desafio, não houve questionamento, não houve raciocínio, mas curiosamente são essas coisas que essa corja "defende".
O sistema educacional precisa ser reformulado e determinadas coisas devem ser extirpadas à base do machado (não, não estou falando de pedagogos, estes nem deveriam estar lá). As crianças precisam aprender coisas como:
  • Língua portuguesa

Óbvio, né? Se você não sabe a gramática e ortografia, não pode se comunicar. E isso tem que ser de forma rigorosa. Falar/escrever errado não pode ser tolerado. Não pode ser encarado como "normal", pois não é. Depois, você vai procurar um emprego falando errado. Bem, é muito capaz de você conseguir um emprego. Eu lhe cumprimentarei quando você abrir a porta do prédio para eu entrar.
  • Matemática

Matemática não é fazer contas. Fazer contas faz parte da Matemática. Ela é muito mais que isso. é raciocínio puro. Para isso, não se pode deixar de ser rigoroso com o ensino da matemática. Ninguém morreu fazendo contas. Nós vivemos fazendo contas o dia todo: pagar o almoço, dar o dinheiro da passagem, com inerente conferência de troco. Entender o que os números dados pelo governo significam, conhecer estatísticas básicas para saber que essas porcarias como a Telexfree não passam de engodo para tirar dinheiro de você etc.
  • Geografia e História

Duas disciplinas que deveriam ser ensinadas juntas. Assim como a Matemática não é só fazer contas, Geografia e História não são uma coletânea de fatos. Envolvem muito mais. Ficam de lenga-lenga dizendo que quem não conhece o passado não entende o presente. LIIIIIIIINDO, mas ninguém dá um exemplinho sequer. Por exemplo, se não fosse o Himalaia, a China jamais teria quase 2 bilhões de pessoas e a Mongólia nunca seria um império. Se a capsaicina não tivesse o sabor que tem, muito provavelmente os africanos não seriam escravizados. Se Leão X não tivesse quase falido o Vaticano, o Feliciano não estaria falando besteira na TV.
Ah, e nunca houve Escola de Sagres, ok? O Infante D. Henrique jamais existiu e Pedro Álvares Cabral entendia tanto de navegação quanto os ministros da Educação entendem de Ensino.
  • Línguas estrangeiras

Fico dividido. Acho necessário aprender outros idiomas, mas não consigo ver uma única pessoa que sai do colégio conseguindo ver filme estrangeiro sem legenda e no som original (a preguiça faz até com que odeiem filmes legendados). Não conseguem ler uma notícia de um site de notícias lá de fora, mas isso não quer dizer nada quando não conseguem nem entender notícias escritas em português. Comentaristas de sites de notícia não me deixam mentir.
  • Ciências

Fundamental, mas pouco abordada. Os livros são ridículos e a disciplina é ensinada por gente que não é da área. É o mesmo que colocar um russo que nunca saiu do interior da Sibéria para ensinar português. Eu não posso tirar ponto por erro de português porque não sou formado em Letras. Mas pedagogo pode dar aula de Ciências. Isso faz algum sentido? No Brasil, faz. Ciência tem que ser ensinada não com frescuras. A Química não é mostrar uma porrada de carbono emaranhado e ficar uns dois meses "dando aula" de cadeia carbônica. Foda-se que um carbono ligado a 4 átomos de carbono é um carbono quaternário. E daí? Só um psicopata dá aula de Ciclo de Krebbs para adolescentes e exigir eles façam contas e mais contas nas aulas de Física mostra uma única coisa: o programa montado foi elaborado por um bando de idiotas!
A propósito, Geografia deixou de ser ciência agora?
Agora, vejamos:
  • Filosofia

Inútil. Dane-se que Heidegger disse isso e Sócrates ficava sem ter o que fazer, puxando papo na Ágora. Não me venham com história que ele estava ensinando no dia da execução. A bem da verdade, nem se sabe se Sócrates existiu. Alguém faz os alunos pensarem? Sim, mas tem que ter por base gente do século XVIII pra trás. E mesmo que seja atual, obrigado, mas prefiro pensar por mim mesmo, mas se acha que isso é importante, experimente colocar SUA opinião em alguma prova de Filosofia e vejamos a reação daqueles toscos que se dizem professores.
  • Sociologia

Ela só serve para uma coisa. Formar professor de sociologia, que tentará lhe convencer que aquilo serve para algo. Mas quando eu estou na farmácia, passando por uma ponte, comprando detergente, instalando uma caixa d’água ou colhendo uma alface na minha horta, pergunto-me: em que a Sociologia contribuiu para essas coisas?
  • Religião

Minha opinião é "depende". Se você é católico e pretende que seu filho seja católico, claro que você não vai matriculá-lo num colégio judaico (eu estudei em colégio católico e um dos meus colegas era judeu. O mundo é estranho). Claro que num colégio público, dada a ampla diversidade, isso seria inaceitável (não que a realidade seja como deveria ser, é claro). Num colégio particular, é problema seu, pai. Se você quer matricular ali, não reclame depois.
Nos EUA há um projeto que visa estimular o ensino de programação nas escolas. Programar envolve organização, método e raciocínio. Não é uma questão de escrever sintaxes e comandos. Todo começa com "o que diabos eu quero que esta porcaria de programa faça?". Organizar pensamentos é muito difícil. Ordenar execuções é complicado e decidir o que fará o que é garantia de dor de cabeça na certa se você não usar isso aí que você tem em cima do pescoço. Linguagens de programação voltadas para crianças não faltam. O que falta é gente gabaritada para ensinar.
Entendam, não adianta colocar um nerdão que é "o cara" na hora de programar. O problema está em ensinar, e isso não é pra qualquer um. Não se pode esperar que a criança descubra tudo sozinha, ela precisa de alguém que oriente. E isso acontece com o ensino de Ciências também.
Estudo de caso: Pegue uma lata de coca-cola. Coloque um dedo de água e leve ao fogo. Quando a água entrar em ebulição e liberar uma boa quantidade de vapor, emborque rapidamente esta lata numa bacia com água fria. A lata irá ser esmagada. Por quê?
Não, a criança não chegará sozinha à conclusão que foi o ar externo quem fez aquilo, mediante a pressão atmosférica. Se for para a criança se virar e aprender sozinha, então não precisamos de escolas e muito menos de professores. Ou então todo mundo acreditará que água conduz eletricidade.
Penso que juntamente com programação deveríamos ensinar engenharia. Por quê? Porque é Matemática, Física e Química aplicados. É ter um problema e resolvê-lo. É saber que um plano inclinado poderia fazer a água subir morro acima. Como? Ora, Arquimedes fez isso há mais de 2000 anos e você não sabe? Sem softwares, sem argamassas, sem os modernos materiais de construção, os romanos construíram a um imenso aqueduto. assim como construíram um magnífico sistema de banho público. Os árabes encheram de luz um mundo ainda nas trevas da ignorância. Nisso, os chineses abriram os olhos de meio mundo para a sua ciência. Herodes, o Grande, fez a maravilha arquitetônica que é o Herodium.
No Brasil, corta-se verbas do Ministério de Ciência e Tecnologia. Isso deve servir de indicativo de algo. Brinquedos educativos como os kits de Química e Meu Pequeno Cientista são uma sombra do que eram. Enquanto isso, vejo sites estimulando crianças a criarem projetos com coisas simples como palitos de sorvete e sucatas em geral. Há vários vídeos no YouTube sobre isso. Brasileiro? bem poucos e de turmas de engenharia e arquitetura. Muito difícil um de alunos de Ensino Fundamental. Ah, desculpem. Não podem, pois Pai Paulo Freire de Ogum não gosta disso.
Os projetos com Lego são legais, mas o aluno senta a bunda, executa os passos e acabou. Ele não projetou nada, não desenhou nenhuma alternativa, não criou nada. Sentou, fez o que mandaram ele fazer. Qual a graça disso? No máximo, existe o FLL (First Lego League), onde crianças de Ensino Fundamental competem com alunos de Ensino Médio, muitos com pais, tios e amigos que são engenheiros, e só uma alma pura e cândida achará que os campeões não recebem nenhuma ajudinha sequer, cujos projetos são só dos alunos.
Deveríamos dar desafios, criar pontes com palitos de sorvete, estruturas com palitos de churrasco, fazendo as treliças com palitos de dentes. Engrenagens, polias, roldanas, transmissões etc. Ensina-se colocando duas seringas com água ligadas por um tubinho plástico e mostram pros alunos um sistema hidráulico. Weeeeee, quando eu aperto o êmbolo de um, o outro expande. U-AU! E só. ninguém pede pros alunos: idealize uma utilização prática.
A verdade é que escola se tornou deposito de crianças. Pais não fazem questão de saber o que eles aprenderam. Dão um notebook, tablet etc e mandam pro quarto pra não encherem o saco. Ou então, uma pipa e "vai brincar lá fora".
No final das contas, o aluno vai decorar besteiras para passar num vestibular qualquer. Os mais pobres entrarão por cota. Na faculdade, eles terão aulas inúteis (como Sociologia, Filosofia etc.), apenas por causa do ideal de estar numa universidade, sendo que a função de uma universidade é pesquisa, mas pesquisa no Brasil é algo pífio. Os universitários saem sem saber nada de útil, vão pro mercado de trabalho sem sequer entender o que é este "mercado de trabalho"; mas, no final, tudo isso fechou com chave de ouro todas as necessidades: os pais se livram dos filhos, as escolas ganharam dinheiro e o governo fingiu que fez algo que prestasse para garantir reeleições e mais reeleições.
Nenhum dos três lados tem interesse em mudar. Este é o Brasil, o país com mais de 50% dos universitários com analfabetismo funcional.

PS. O que foi de legal que SEU filho criou hoje?


Link:

http://ceticismo.net/2013/04/13/ensinar-engenharia-para-criancas-nos-colegios-deveria-ser-obrigatorio/

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