Ricardo Terra Teixeira (Carlos Chagas, 20 de junho de 1947) é um dirigente desportivo brasileiro, 18º presidente da Confederação Brasileira de Futebol, no cargo desde 16 de janeiro de 1989. Seu quinto mandato consecutivo terminou em 2007, mas foi prolongado, sob acordo, até o final da XX Copa do Mundo FIFA em 2014, que será no Brasil.
Durante sua gestão na CBF, seleções brasileiras, de todos os níveis, conquistaram 11 títulos mundiais e 27 sul-americanos, consolidando a sua hegemonia no cenário mundial. Por outro lado, durante seus cinco mandatos aumentou em muito a êxodo de craques brasileiros para o exterior, nem sempre para os grandes clubes do futebol europeu.
Deve-se ainda a Ricardo Teixeira e a Eurico Miranda (na época, diretor de futebol da CBF), a criação da Copa do Brasil, que propicia a pequenos clubes, alguns de fora dos grandes centros, a oportunidade de aparecerem no cenário nacional.
Biografia
O jovem mineiro do interior, filho de um bancário, estudava Direito no Rio de Janeiro quando conheceu Lúcia, filha de João Havelange, no carnaval de 1966. Tinha apenas dezenove anos.
Ao nascer seu primeiro filho (1974) fez um agrado ao sogro ao registrá-lo com o nome de Ricardo Teixeira Havelange, colocando por último o sobrenome materno, ao contrário do que determinava a lei brasileira.
Teve uma mal-sucedida passagem pelo mercado financeiro, numa sociedade com o pai, o sogro e um irmão.
CBF e corrupção
Chegou ao comando da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em 1989, sucedendo Octávio Pinto Guimarães, após derrotar na eleição o então vice-presidente da entidade, Nabi Abi Chedid. Encontrou a entidade quase sem condições de arcar com os custos da preparação da seleção brasileira para a Copa do Mundo de 1990, na Itália.Escândalos atingiriam a gestão de Teixeira, que é marcada por denúncias, com acusações de nepotismo no preenchimento de cargos na CBF, pagamento de viagens para países sedes da Copa do Mundo a magistrados e a outras autoridades, importação irregular de equipamentos para sua choperia El Turf, no Rio de Janeiro, após a Copa de 1994, a celebração de contratos lesivos para o futebol brasileiro, em especial com a fabricante de artigos esportivos Nike, omissão das declarações de rendimentos apresentadas nos exercícios de 1991, 1992 e 1993 dos valores por ele mensalmente auferidos, omissão de rendimentos provenientes de atividades rurais nas fazendas Santa Rosa I e II, localizadas no município fluminense de Piraí
Também deu dinheiro da CBF para campanhas políticas de dirigentes esportivos, com o intuito de manter no Congresso Nacional uma bancada de deputados e senadores para defender a seus interesses (manter-se no controle da CBF, impedir investigações sobre corrupção dentro da CBF), que ficou conhecida como bancada da bola. Com a montagem deste esquema de poder, assegurou suas quatro reeleições.
Em 1998, vê-se envolvido em comissões parlamentares de inquérito na Câmara de Deputados e no Senado Federal, mas, com auxílio de congressistas fiéis, consegue se livrar das acusações. Prestou depoimento em duas CPIs, a do futebol e a da CBF-Nike.
Em 2000, Ricardo Teixeira prestou depoimento na CPI do Futebol. Até 1996 a CBF apresentava lucro. Neste ano assinou um contrato com a Nike de 160 milhões de dólares e a partir de então começou a ter prejuízos, ano após ano. A entidade então tomou dinheiro emprestado de origem duvidosa, pagando juros muito mais altos do que os de mercado, em alguns casos de cerca de 43%. Descobriu-se uma série de empresas suas e de comparsas ligadas a transações irregulares de dinheiro. Afirmou em depoimento na CPI que havia ganhado tanto dinheiro investindo em ações, mesmo sabendo-se que havia falido neste ramo no início de sua carreira. Também prestaram depoimentos Vanderlei Luxemburgo, Eurico Miranda e o empresário J.Hawilla. A Receita Federal autuou a CBF em R$ 14.408.660,80 por dívidas com o Fisco.
Na CPI da CBF-Nike, que contou com declarações de Zagallo, João Havelange e do atacante Ronaldo, Ricardo Teixeira foi acusado por Aldo Rebelo de fazer complô para tentar enfraquecer o trabalho das CPIs, por unir forças com Pelé, que antes o acusava de corrupção.Teixeira prestou esclarecimentos sobre a CBF, atividades pessoais e de suas empresas, como o restaurante carioca El Turf. Em janeiro de 2002, Teixeira obteve liminar da Justiça proibindo a impressão e distribuição do livro "CBF-Nike", de autoria dos deputados Sílvio Torres e Aldo Rebelo. A obra relatava todas as investigações que devassaram seus negócios. Atualmente Aldo Rebelo é amigo pessoal e confidente de Ricardo Teixeira. Está disponível na internet um resumo do relatório final da CPI.
Em 2007, a bancada da bola agiu novamente sob influência de Ricardo Teixeira e de 12 governadores, que previamente foram à Europa a convite de Ricardo Teixeira, por ocasião da escolha do país sede da Copa do Mundo de 2014, para impedir a instalação da CPMI do Corinthians/MSI, com a retirada de votos a favor da CPMI na última hora. O argumento era que a CPI poderia influenciar na escolha da sede. No epsódio, 71 parlamentares mudaram de opinião, e apenas 3 se justificaram.
Sobre o epsódio, Juca Kfuri escreveu: "Momento trágico: nada mais repulsivo que a campanha do presidente da CBF contra a CPMI Corinthians/MSI. E nada mais revelador de quem são alguns parlamentares de todos, rigorosamente todos, os grandes partidos. Daí o "jogo da família" ter sido o do senta, levanta. Elementar." Em seu blog, Juca Kfuri publicou ainda a lista com os nomes dos parlamentares que mudaram seus votos. São 18 parlamentares mineiros e 8 paulistas, entre muitos outros.Por ocasião da escolha das cidades que receberiam jogos da copa, o apoio político à Ricardo Teixeira esteve ameaçado brevemente. Porém, novamente, a corrupção na CBF não esteve ameaçada.
A senadora Ideli Salvatti (PT-SC), que não apoiou o pedido de abertura da CPMI, declarou "Será que teremos de apoiar a CPMI de Corinthians e MSI para que expliquem em Brasília a escolha das cidades?" Numa clara atitude "toma-lá-da-cá".
Planos para 2007
Em Assembleia Geral realizada em 18 de abril de 2006, dirigentes das 27 federações estaduais decidiram aumentar de quatro para sete anos o mandato do próximo presidente da Confederação Brasileira de Futebol, que foi eleito em 2007. Embora não tenha antecipado nada a respeito, Ricardo Teixeira continuou como o candidato oficial da entidade. Ele garantiria assim sua presença no cargo até depois da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil
Segundo os autores da proposta, esta medida evitaria que, perto da Copa de 2014, Estados pressionem para serem mais favorecidos na hora de escolher as cidades-sedes.
Nos seus primeiros mandatos, Teixeira foi eleito por um colégio eleitoral composto pelos presidentes de federações estaduais. A partir de 2003, também votaram os presidentes dos clubes que disputaram a Série A do Campeonato Brasileiro do ano anterior.
Teixeira é o dirigente que por mais tempo comandou a CBF.
Após ser o jornalista britânico Andrew Jennings ter o denunciado por propina em 2011, Ricardo Teixeira processou o jornalista.
Nova CPI
Está em discussão no congresso a instalação de uma nova CPI para investigar as ações de Ricardo Teixeira quanto à organização da copa do mundo do Rio de Janeiro. O deputado Anthony Garotinho é o autor da proposta e busca assinaturas que permitam a abertura da CPI. Ricardo Teixeira foi até o Congresso no dia 16 de março de 2011 para fazer lobby contra a criação da CPI. Alegava aos parlamentares que não era bom para a imagem do Brasil (e para sua imagem) ter uma CPI investigando corrupção em um período de preparação para Copa. Espera-se que não ocorra a retirada das assinaturas como aconteceu em 2010 com a abortada CPI Olímpica. O filho de José Sarney, eterno presidente do Senado, Fernando Sarney, é vice presidente da CBF para o Nordeste.Parte da imprensa esportiva brasileira apóia a campanha, com destaque para Juca Kfouri, Benjamin Back,José Cruz e Paulinho. O blogueiro Paulinho se colocou a disposição do deputado Anthony Garotinho, inclusive para testemunhar contra Teixeira. O PT, seguindo orientação do líder do partido, Paulo Teixeira, votará contra a abertura da CPI. Segundo o deputado Garotinho e parte da imprensa, as organizações Globo encobrem as ações de Teixeira, deixando de noticiá-las e diminuindo assim a pressão popular contra Teixeira.Garotinho divulgou uma lista com os nomes dos deputados que são a favor da abertura da CPI.
Todos contra Ricardo Teixeira, inclusive Dilma Rousseff
31 de julho de 2011 Faça
A cerimônia do sorteio das Eliminatórias da Copa de 2014 serviu para colocar em xeque o poder de Ricardo Teixeira, que se considera o dono da CBF e do próprio futebol brasileiro. Do lado de fora do palco montado na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, cerca de mil manifestantes gritavam “Fora, Teixeira!”, espécie de caixa de ressonância de um movimento na internet com mais de 100 mil tweets pedindo a cabeça do cartola.
Durante a festa, um Ricardo Teixeira completamente apagado e constrangido viu a presidente da República Dilma Rousseff encher a bola do Rei Pelé, nomeado por ela Embaixador Honorário da Copa do Mundo, e tratado em seu discurso como “meu querido” e “inesquecível”. O auditório inteiro aplaudiu o Rei do Futebol, exceto Teixeira, que sequer o havia convidado para a cerimônia. Nem Pelé, nem Romário, o herói do tetra, hoje deputado federal.
A verdade é que Ricardo Teixeira aumenta a cada dia sua coleção de desafetos. Talvez por superdimensionar seus poderes, o presidente da CBF e do Comitê Organizador Local (COL) não respeita ninguém e não aceita conselhos. Seu reinado na CBF começou em 1989, no feudo herdado do ex-sogro João Havelange, que chefiou a confederação nacional entre 1957 e 1974.
É difícil, mas não é impossível deletar Ricardo Teixeira da sua cadeira. A CBF é uma entidade privada. Uma instituição muito rica e independente, a despeito do estado de penúria em que se encontram todos os grandes clubes brasileiros (ler post sobre a evolução das dívidas dos clubes). Teixeira não gosta quando falam de suas finanças. Recentemente, numa entrevista à revista Piaui, reagiu assim quando perguntado sobre o assunto: “Que porra as pessoas tem a ver com as contas da CBF? Que porra elas tem a ver com a contabilidade do Bradesco ou do HSBC? Isso tudo é entidade privada, não tem dinheiro público, não tem isenção fiscal. Por que merda todo mundo enche o saco?”
E qual seria o caminho para destitui-lo do poder? Pelo estatuto da CBF, estão aptos a votar os representantes das 27 federações de futebol estaduais e dos 20 clubes que disputam a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro no período de eleições, a cada quatro anos. Todos os 47 votos têm o mesmo peso. Isso significa que as federações de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, com 11 clubes disputando a Série A do Brasileirão atualmente, possuem a mesma influência que as associações de Rondônia e do Piauí, sem um único clube nas três primeiras divisões do nacional.
Trata-se de um colégio eleitoral completamente desigual e anômalo. Mas é exatamente por isso que Teixeira mantem-se no poder há mais de duas décadas. Já foi alvo de CPI no Congresso Nacional e ultimamente vem sendo acusado pela BBC de Londres de atos de corrupção na Fifa, onde tem assento como integrante do Comitê Executivo.
À primeira vista, o poderoso chefão do futebol parece imune a todos esses ataques. Ocorre que, além das campanhas na internet, o “efeito Dilma” pode fazer a diferença nesse movimento contra Ricardo Teixeira. A presidente da República não vai compactuar com o autoritarismo e a arrogância da CBF. Ao escolher Pelé como Embaixador Honorário da Copa do Mundo, ela deu um recado claro de que já ouviu o clamor popular.
Não tem nada a ver com o futebol, mas também pesa contra Ricardo Texeira as recentes rebeliões na Tunísia, no Egito e na Líbia. Elas só ocorreram porque esses países e vários outros da região sofrem de uma espécie de “fadiga social generalizada”.
Daqui até a Copa de 2014, a tendência é que essa fadiga social contra Ricardo Teixeira aumente cada vez mais. E 2014 é o ano em que Dilma Rousseff provavelmente concorrerá à reeleição. Se ajudar a derrubar Teixeira, poderá se transformar numa candidata imbativel.
Durante a festa, um Ricardo Teixeira completamente apagado e constrangido viu a presidente da República Dilma Rousseff encher a bola do Rei Pelé, nomeado por ela Embaixador Honorário da Copa do Mundo, e tratado em seu discurso como “meu querido” e “inesquecível”. O auditório inteiro aplaudiu o Rei do Futebol, exceto Teixeira, que sequer o havia convidado para a cerimônia. Nem Pelé, nem Romário, o herói do tetra, hoje deputado federal.
A verdade é que Ricardo Teixeira aumenta a cada dia sua coleção de desafetos. Talvez por superdimensionar seus poderes, o presidente da CBF e do Comitê Organizador Local (COL) não respeita ninguém e não aceita conselhos. Seu reinado na CBF começou em 1989, no feudo herdado do ex-sogro João Havelange, que chefiou a confederação nacional entre 1957 e 1974.
É difícil, mas não é impossível deletar Ricardo Teixeira da sua cadeira. A CBF é uma entidade privada. Uma instituição muito rica e independente, a despeito do estado de penúria em que se encontram todos os grandes clubes brasileiros (ler post sobre a evolução das dívidas dos clubes). Teixeira não gosta quando falam de suas finanças. Recentemente, numa entrevista à revista Piaui, reagiu assim quando perguntado sobre o assunto: “Que porra as pessoas tem a ver com as contas da CBF? Que porra elas tem a ver com a contabilidade do Bradesco ou do HSBC? Isso tudo é entidade privada, não tem dinheiro público, não tem isenção fiscal. Por que merda todo mundo enche o saco?”
E qual seria o caminho para destitui-lo do poder? Pelo estatuto da CBF, estão aptos a votar os representantes das 27 federações de futebol estaduais e dos 20 clubes que disputam a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro no período de eleições, a cada quatro anos. Todos os 47 votos têm o mesmo peso. Isso significa que as federações de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, com 11 clubes disputando a Série A do Brasileirão atualmente, possuem a mesma influência que as associações de Rondônia e do Piauí, sem um único clube nas três primeiras divisões do nacional.
Trata-se de um colégio eleitoral completamente desigual e anômalo. Mas é exatamente por isso que Teixeira mantem-se no poder há mais de duas décadas. Já foi alvo de CPI no Congresso Nacional e ultimamente vem sendo acusado pela BBC de Londres de atos de corrupção na Fifa, onde tem assento como integrante do Comitê Executivo.
À primeira vista, o poderoso chefão do futebol parece imune a todos esses ataques. Ocorre que, além das campanhas na internet, o “efeito Dilma” pode fazer a diferença nesse movimento contra Ricardo Teixeira. A presidente da República não vai compactuar com o autoritarismo e a arrogância da CBF. Ao escolher Pelé como Embaixador Honorário da Copa do Mundo, ela deu um recado claro de que já ouviu o clamor popular.
Não tem nada a ver com o futebol, mas também pesa contra Ricardo Texeira as recentes rebeliões na Tunísia, no Egito e na Líbia. Elas só ocorreram porque esses países e vários outros da região sofrem de uma espécie de “fadiga social generalizada”.
Daqui até a Copa de 2014, a tendência é que essa fadiga social contra Ricardo Teixeira aumente cada vez mais. E 2014 é o ano em que Dilma Rousseff provavelmente concorrerá à reeleição. Se ajudar a derrubar Teixeira, poderá se transformar numa candidata imbativel.
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