EUA sabiam de movimentações para destituição de Lugo, diz WikiLeaks
O processo de impeachment do presidente do Paraguai Fernando Lugo durou apenas um dia e meio. Mas telegramas da embaixada americana em Assunção revelados pelo site WikiLeaks indicam que desde meados de 2009 há movimentações para a destituição do presidente paraguaio.
O documento, datado de 28 de março de 2009 e classificado como secreto, informa a existência de persistentes rumores de que o ex-chefe das Forças militares paraguaias e líder da Unace Lino Oviedo e o ex-presidente paraguaio pelo partido Colorado Nicanor Duarte estariam trabalhando juntos para retomar o poder por meios legais caso o presidente não resistisse politicamente.
A estratégia, diz a mensagem, era aproveitar qualquer "passo em falso" de Lugo. À época, uma séria polêmica sobre a concessão de um subsídio de US$ 8 milhões para plantadores de gergelim foi considerada como um possível motivo para o impeachment de Lugo, antes que ele recuasse da ideia.
"O cenário dos sonhos de Oviedo envolve o impedimento legal de Lugo, mesmo que sob motivos espúrios", relata o telegrama. O despacho admite que o plano soa fantasioso e improvável, mas completa: "Como a história demonstra, nada é impossível no Paraguai".
O texto também aponta a chegada do ex-vice presidente Federico Franco à presidência como parte da estratégia de deposição de Fernando Lugo. O atual mandatário é descrito como "um político pertencente à velha guarda liberal, de enorme ego e de personalidade difícil".
O documento enviado a Washington assinala ainda a falta de clima político dentro do congresso paraguaio para o "golpe democrático" naquele momento. Ressalta, todavia, que a situação poderia mudar rapidamente.
Em entrevista, o presidente deposto apontou o pre-candidato a presidência Horácio Cartes, do partido Colorado, como um dos artífices de sua derrubada. Cartes já apareceu, em papéis do Departamento de Estado americano divulgados pelo WikiLeaks, como ligado ao narcotráfico.
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