O “homem da máscara de ferro” é um personagem legendário, popularizado pelo escritor Alexandre Dumas. Trata-se de um célebre prisioneiro político, de quem se diz que era irmão mais velho do rei Luis XIV e, portanto, o verdadeiro monarca da França.
Enquanto esteve prisioneiro na Bastilha seu rosto foi coberto com uma máscara, provavelmente feita de veludo, embora a lenda diga que era de ferro. A primeira referência à sua existência foi feita pelo filósofo Voltaire, através de sua obra “O século de Luis XIV”.
Ao que parece, o “homem da máscara de ferro” ganhou vida mais uma vez, porém não na França do século XVII senão em plena modernidade, na República Bolivariana da Venezuela.
O governo de Hugo Chávez orquestrou um complô para encarcerar seu mais acérrimo adversário, Alejandro Peña Esclusa, a quem tem encarcerado nas masmorras da polícia política, localizadas em uma fortaleza chamada “o Helicoide”, tão indestrutível quanto a Bastilha embora muito mais feia.
A “máscara” de Peña Esclusa não é de ferro senão de tinta, porque os meios de comunicação do Estado venezuelano investiram toneladas de tinta em propaganda negra para desprestigiá-lo, a fim de que os venezuelanos não possam conhecer seu verdadeiro rosto.
O aparato de propaganda venezuelano quis apresentar Peña Esclusa como um “terrorista de ultra-direita” que trabalha para a CIA e que está envolvido em várias tentativas de magnicídios, inclusive um contra o Papa João Paulo II. Que máscara de ferro que lhe puseram!
Porém, seu verdadeiro rosto é o de um pai de família, intelectual e escritor prolífico, dirigente político com grande futuro e patriota comprometido não só com seu país, mas com a democracia e as liberdades em toda a América Latina.
Assim como o “homem da máscara de ferro” era o verdadeiro monarca da França, Alejandro Peña Esclusa é o verdadeiro líder moral da Venezuela. Chávez está sentado na cadeira da presidência mas ninguém o quer mais, tal como ocorreu com Luis XIV no final de seu mandato.
Lamentavelmente, Peña Esclusa padece de câncer e está encarcerado há já quase um ano sem receber tratamento algum. Parece que o governo de Hugo Chávez lhe nega deliberadamente a atenção médica para que o câncer continue crescendo, até que a enfermidade torne-se irreversível. Não saberíamos dizer qual dos dois comportamentos é mais cruel e inumano: se o de Luis XIV ou o de Chávez.
Entretanto, me sinto otimista. O caso Peña Esclusa está tomando cada vez mais relevância mundial. As máscaras estão caindo e será impossível Chávez mantê-lo na prisão por muito tempo mais.
Tradução: Graça Salgueiro
Governo venezuelano preocupado com reações ao caso Peña Esclusa
14 Agosto 2010
Caracas, 14 de agosto – UnoAmérica – Em que pese tê-lo encarcerado em um calabouço, o governo venezuelano continua atacando diariamente o Presidente de UnoAmérica, Alejandro Peña Esclusa.
Desde o dia 12 de julho, data em que foi detido, até ontem à noite, Venezolana de Televisión (VTV) desqualifica Peña Esclusa todos os dias, através de seus programas “Dando y Dando”, “Contragolpe” e “La Hojilla. As calúnias também são difundidas através dos meios de comunicação oficiais cubanos e bolivianos, e pelas páginas da Internet da esquerda internacional.
A campanha propagandística deve-se a que o governo de Chávez não conseguiu que os cidadãos acreditassem na montagem orquestrada contra Peña Esclusa.
A Mesa da Unidade Democrática (MUD), organização que agrupa os partidos políticos opostos ao governo de Chávez, condenou a detenção de Peña Esclusa e forneceu detalhes sobre como o regime pisoteou seus direitos humanos e violou o devido processo.
Por sua parte, o internacionalista venezuelano Asdrúbal Aguiar, publicou um artigo dizendo que o encarceramento de Peña Esclusa é “uma injustiça que clama aos céus” e opinou que o governo o pôs preso para neutralizar seu trabalho opositor. “Peña Esclusa é um democrata. Seu objetivo é evitar o perigo que significa para a Pátria a ameaça da Cuba marxista. Não tem posturas ambíguas. É tenaz até se imolar. E isso merece o justo reconhecimento de todos os democratas”, disse.
O expert petroleiro venezuelano, Gustavo Coronel, declarou que “esta detenção foi muito mais daninha para Chávez do que para Peña Esclusa, cuja figura viu-se agigantada por seu encarceramento”. Coronel acrescentou que o prisioneiro político venezuelano “converteu-se em um dos mais efetivos campeões da democracia latino-americana”.
O ex-assessor presidencial colombiano, José Obdulio Gaviria, assegurou que “A opinião pública majoritária na Colômbia qualifica a detenção de Peña Esclusa como uma grande injustiça e por muitas vias exige sua liberdade”.
O autor boliviano, Emilio Martínez, denunciou que as acusações contra Peña Esclusa fazem parte de uma montagem e propôs a conformação de uma investigação internacional imparcial sobre este caso, “tendo em conta a trajetória democrática e institucionalista impecável de Alejandro Peña Esclusa”.
Ao oficialismo também preocupa que, desde que foi encarcerado, a popularidade de Peña Esclusa incrementou-se notavelmente.
As mensagens de apoio nas redes sociais como Twitter e Facebook ao prisioneiro Peña Esclusa, se incrementam dia a dia. Personalidades como o embaixador Milos Alcalay expressou através de sua conta: “toda a América está dependendo de Peña Esclusa” e o perseguido político, Leocenis García disse: “Libertem Peña Esclusa! Abaixo o terrorismo judicial!.
O próprio Peña Esclusa manifestou que não se sente angustiado por seu injusto encarceramento, senão que, pelo contrário, se sente muito sereno e orgulhoso, “porque este sacrifício fortalece meu compromisso com a pátria e ajuda a causa da liberdade de todos os venezuelanos”.
A esposa do prisioneiro político, Indira de Peña Esclusa, informou que “continuam chegando mensagens de reconhecimento e de apoio de todas as partes do mundo. Estou muito agradecida”, disse.
Tradução: Graça Salgueiro
Por que Chávez mantém Peña Esclusa preso?
Por : Armando Valladares (*)
A montagem do governo venezuelano contra o dirigente político Alejandro Peña Esclusa está baseada em dois elementos: primeiro, as declarações de um suposto criminoso salvadorenho (Francisco Chávez Abarca), que não podem ser corroboradas posto que foi extraditado para Cuba de imediato; e segundo, o “achado” de explosivos tipo C-4 no lar do intelectual venezuelano.
As duas “provas” caem por seu próprio peso. A primeira, porque as palavras de um delinqüente carecem de credibilidade. Ademais, não se explica que o tenham tirado subitamente do país, se estava envolvido em um complô contra o Estado. E a segunda, porque nem o mais insensível e insensato dos pais, guardaria perigosos explosivos no escritório de sua filha de oito anos.
A montagem é tão grosseira que Peña Esclusa – que conhece muito bem os métodos do chavismo – deixou gravado um vídeo, dois dias antes da invasão à sua casa, advertindo que Chávez pretendia envolvê-lo em um caso de terrorismo. O vídeo circulou profusamente pelas redes sociais e Internet.
Então, surge a pergunta: por que Hugo Chávez se incomoda em seqüestrar um terrorista salvadorenho (como denuncia a esposa), levá-lo à Venezuela, extraditá-lo de imediato a Cuba e plantar explosivos na casa de um homem que não conhece armas, só para justificar sua detenção?
Em minha opinião isto deve-se a três motivos:
Primeiro: Alejandro Peña Esclusa leva quinze anos consecutivos denunciando Chávez, nacional e internacionalmente, através de tribunais, meios de comunicação, livros e conferências, pondo ênfase em seus nexos com Fidel Castro e com as FARC.
Segundo: Peña Esclusa é atualmente o político venezuelano que tem uma maior projeção internacional, pois dirige uma plataforma de 200 ONGs latino-americanas, UnoAmérica, que tem combatido exitosamente o Socialismo do Século XXI em toda a região, porém particularmente em Honduras, onde conta com um enorme reconhecimento.
Terceiro: Peña Esclusa tem as qualidades necessárias para derrotar Hugo Chávez e participar de maneira protagônica em um governo de reconstrução nacional. Conta com a maturidade, a experiência, a preparação e as relações internacionais, assim como uma trajetória de vida impecável, o qual lhe valeu inúmeros reconhecimentos no exterior.
Chávez se equivoca se acredita que com a prisão neutralizará este valente venezuelano. Pelo contrario, lhe deu a oportunidade de demonstrar sua têmpera e seu compromisso com a luta pela liberdade de sua pátria, o qual pode-se constatar em seus comovedores escritos desde seu “irmão cárcere”, como ele o denomina.
Depois de anos trabalhando em favor dos Direitos Humanos e da libertação de presos políticos em todas do mundo, me uno à campanha de tantos e tantos homens de boa-vontade e amantes da Democracia, e me solidarizo com este bravo venezuelano, um homem que cresce com a adversidade e que deve ser libertado.
* Armando Valladares passou 22 anos nos cárceres comunistas de Fidel Castro. Saiu em 1982 e foi nomeado Embaixador dos Estados Unidos ante a Comissão dos Direitos Humanos da ONU pelo presidente Reagan.
Tradução: Graça Salgueiro
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