Escassez em Cuba chega a preservativos
Sarah Rainsford
Os cubanos se acostumaram a conviver com escassez. Sabonete, papel higiênico e até mesmo a cerveja nacional Cristal são alguns dos produtos básicos que, recentemente, sumiram das prateleiras.
Rumores tomam as ruas na busca por explicações - a fábrica está contaminada, o Estado não pode pagar seus fornecedores - até que os produtos, silenciosamente, reaparecem.
Um pacote com três preservativos, fortemente subsidiado pelo serviço público de saúde, geralmente custa um peso cubano (US$ 0,04).Mas ao menos você sabia que encontraria preservativos nas prateleiras. Até agora.
Mas uma mulher que esperava um ônibus em Havana reclamou que tentou recentemente buscar o produto na farmácia e não o encontrou.
O problema parece ser generalizado.
Há quase um mês, o jornal sindical Trabajadores noticiou a escassez de preservativos na província de Santiago de Cuba, no leste do país.
Farmácias e cafés estatais que vendem preservativos estão há quase três meses sem tê-los.
"(A falta) gera grande preocupação, pelo nível de infecção de doenças sexualmente transmissíveis e Aids", disse o jornal, ao informar que as contaminações estavam aumentando.
Depois veio o jornal Vanguardia, de Villa Clara, que destacou "as ausências perigosas", citando o desabastecimento completo de preservativos.
Segundo o jornal, houve um ligeiro aumento de casos de sífilis na região neste ano.
A explicação oficial
Ao contrário de papel higiênico, sabão ou cerveja, agora há pelo menos uma explicação oficial para a escassez. De acordo com a mídia estatal, um grande carregamento de preservativos chineses "Momentos" chegou com data de validade de 2012.
No entanto, de acordo com o fabricante, os produtos eram, na verdade, válidos até 2014, o que foi confirmado pelos controladores de qualidade de Cuba.
Uma operação foi iniciada para alterar a data de cada pacote – um processo lento e responsável pela falta dos produtos nas prateleiras.
O que não foi explicado é por que levou-se tanto tempo para iniciar o processo de correção das embalagens, se, como o Vanguardia disse, o erro foi detectado em 2012.
E, agora, os problemas de abastecimento chegaram a Havana.
No bairro central de Vedado, nenhuma das três farmácias ou dos três cafés estatais visitados pela BBC tinha preservativos à venda.
Todos os estabelecimentos disseram que a falta já durava "algum tempo".
Educação sexual
A educação sexual nas escolas cubanas começa cedo, e cubanos não têm vergonha de abordar o tema.
O fornecimento de preservativos em eventos públicos é bastante comum e consultórios médicos estão cobertos com cartazes anunciando mensagens de sexo seguro.
Portanto, há grande demanda por preservativos.
"As campanhas de conscientização sobre o HIV tiveram um grande impacto em particular", disse Yadira Alvarez, especialista do Centro de Educação Sexual (Cenesex), que diz que a escassez de preservativos é "um grande motivo de preocupação".
"Até agora a situação é estável. (Mas) esta situação (de escassez) gera um alarme".
A mídia estatal disse que o Ministério da Saúde ordenou que farmácias vendam os preservativos "Momentos" sem a mudança nas embalagens e que informem os clientes sobre o erro.
link:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/04/140422_sp_cuba_preservativos_hb.shtml
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