quarta-feira, 1 de julho de 2015

Alunos escolhendo currículo a ser ensinado nos colégios. O que pode dar errado?


terça-feira, 30 de junho de 2015



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Juízes, gays e sociedades. O que aprendemos com o último fim-de-semana?

Existem dois mundos no cenário educacional. Aquele incrível que foi criado pelos teóricos da Educação (os que nunca colocaram os pés num colégio para ensinar, e possivelmente nunca para aprender), cheios de experimentos, testes, análises e ideias mirabolantes. E tem o mundo real.
Um projeto MAAAAAAARAVILHOSO do governo de São Paulo visa deixar a critério do aluno a escolha das matérias que comporão o currículo escolar, na reforma do Ensino Médio, a qual deve começar em 2016 em um número pequeno de unidades. Sinto o cheiro de vitória no ar.
A alegação deste retardo mental é que, coitadinhos dos aluninhos, têm que estudar muita coisa. Aquelas coisas inúteis como português, história, matemática, geografia, ciências etc. Infelizmente, algumas delas (até agora, só mencionadas português e matemática) serão obrigatórias. Não que faça diferença, pessoal continuará escrevendo bobagens, mesmo, sendo aprovados de qualquer jeito.
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo pretende iniciar esta idiotice em escolas da periferia, pois pobre é muito burro e preguiçoso, incapaz de estudar muito e tirar boas notas. Temos que ajudá-los a pegar o diproma de qualquer jeito. Esta obra pollyanistica começará num número pequeno de unidades, para depois avançar na rede, com o plano de transformar grande parte do curso em disciplinas optativas, de forma que o aluno monte sua própria grade.
Eu fico imaginando, dado o conhecimento médio de como o brasileiro é, do que será escolhido, principalmente para o 2º e 3º anos do Ensino Médio, mas ainda tem que se decidir quais disciplinas serão obrigatórias e quais serão optativas. Isso além de levar em conta que temos ENEM e vestibulares. Como faz? Reduz-se a qualidade desses, de forma que todos os alunos possam prestá-los, ou deixar como está se serem vítimas de ataques de gente alegando que estão elitizando o acesso à Universidade? Mas se as disciplinas atuais se manterão, temos problemas em contratação de professores e organização de espaço. Estão preocupados com salas superlotadas. Constrói-se mais escolas? Não, fazem esta maluquice de aula opcional. Cria-se escolas técnicas, de forma a garantir que os jovens já saiam com uma profissão? Não, o sonho é a Universidade e ser dotô.
Querem que os alunos se interessem, mas qualquer um que tenha lecionado algo mais que dois dias num colégio sabe da verdade: alunos não querem estar ali. O professor é um inimigo. O professor impede o aluno de ter fácil o que ele quer, o que ele PRECISA: ser aprovado. O aluno,na verdade, está se lixando se é aprovado ou não. Ele precisa ser aprovado porque o emprego de carregador de caixa exige Ensino Fundamental. Estoquista, Ensino Médio. Atendente de McDonalds? Precisa estar estudando.
A questão é que aluno também é eleitor (ou vocês não prestaram atenção na coincidência de haver eleições no ano que vem?), pais são eleitores. E queremos soluções mágicas para problemas que jamais existiriam se não tivéssemos começado a usar soluções mágicas.
Curiosamente, essas experiências nunca visaram um outro tipo de abordagem. Que tal obrigar os alunos a estudarem mais, sermos mais rígidos e não aceitarmos nada inferior ao ótimo? Ah, tá. Coitadinhos dos viradores de laje, tão massacrados…
Quando se preza pelo mínimo, nem isso se obtém. Daí reduz-se mais ainda. Sugiro que no momento do registro de nascimento, dê-se logo certificado de Ensino Médio concluído, acabe-se com os colégios e mandemos quem quer estudar para faculdades no estrangeiro. Daí, quando você tiver um corte no dedo, bem… sinto muito, mas não temos médicos nem remédios. Pelo menos, o país não ficará superpopuloso no futuro e a Previdência não terá problemas, já que ninguém conseguirá viver até a idade mínima para a aposentadoria. Que futuro lindo esse que nos aguarda!

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Fonte: Estadão

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