Os chefes de Gabinete do governo da Argentina comentaram com diplomatas americanos sobre a difícil comunicação com o falecido ex-presidente Néstor Kirchner e sua esposa, a atual presidente, Cristina Kirchner, tal como indicam as correspondências diplomáticas vazadas pelo site WikiLeaks.
Depois que os primeiros documentos revelaram que o Departamento de Estado americano pediu informações à embaixada dos Estados Unidos em Buenos Aires sobre a saúde mental da presidente, nesta terça-feira foram revelados os comentários dos chefes de Gabinete dos Kirhner, Alberto Fernández (2003-2008) e Sergio Massa (2008-2009).
Segundo as correspondências diplomáticas dos EUA vazadas ao diário El País, Massa admitiu a um diplomata americano, pouco após deixar seu cargo, que quem comandava o governo argentino era Néstor Kirchner - falecido aos 60 anos em 27 de outubro passado -, e a presidente "cumpria ordens". O funcionário diz que teve de lidar com uma governante "submetida" a seu marido e conta que "a presidente trabalharia muito melhor sem Néstor do que com ele". Em uma correspondência anterior, o diplomata dos EUA disse que Massa "nos afirma que CFK (Cristina Fernández de Kirchner) remete quase todos os assuntos a seu marido e que, na prática, só obedece ordens".
Os diplomatas transmitiram a Washington o que políticos argentinos lhes foram contando dos Kirchner durante jantares e encontros privados. Em um jantar na casa de um amigo financeiro, Massa disse que os Kirchner não tinham a menor chance de vencer as eleições de 2011 e chegou a chamar Néstor Kirchner de "psicopata".
Foi tal a dureza de suas palavras que - segundo conta a atual embaixadora americana, Vilma Martínez, em um dos telegramas vazados -, a esposa de Massa, Malena Galmarini, lhe fez senhas para que se calasse. Massa disse a Martínez que espera que a Argentina não siga o caminho político da Venezuela, governada desde 1999 pelo líder Hugo Chávez.
Outra correspondência também cita as opiniões do ex-assessor presidencial Alberto Fernández, quem, mais discreto, afirma que Néstor Kirchner tem "melhor reputação de competência que sua esposa", mas diz que "não poderá ganhar as eleições de 2011".
O ex-chefe de gabinete teme que "CFK governe mais progressivamente à esquerda, que é o único setor que lhe permanece fiel". No entanto, segundo o documento, Alberto Fernández considera que "a esquerda por si própria não é capaz de levar ninguém à Presidência neste país"
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