Definições de ateísmo
MAIS DEFINIÇÕES DE ATEÍSMO
Autor:
The Atheism Web
Oxford English Dictionary, Segunda Edição
Autor:
The Atheism Web
Oxford English Dictionary, Segunda Edição
Eis como o Oxford English Dictionary define ateísmo:
ateísmo Descrença na, ou negação da, existência de um deus.
descrer 1. trans. Não acreditar ou creditar; recusar acreditar em: a. uma declaração ou (alegado) fato: Rejeitar a verdade ou realidade de.
negar
1.
Contradizer ou negar (qualquer coisa declarada ou alegada); declarar que é inverídico ou insustentável, ou que não é aquilo que se afirma.
2. Logica. O oposto de afirmar; afirmar a negação de (uma proposição).
3.
Recusar admitir a verdade de (uma doutrina ou crença); rejeitar como inverídica ou infundada; o oposto de asseverar ou manter.
4.
Recusar reconhecer ou admitir que (uma pessoa ou coisa) tem uma certa característica ou certas alegações; rejeitar, desaprovar, repudiar, renunciar.
Note que a definição do Oxford English Dictionary abrange todo o espectro de crença ateísta, desde o ateísmo fraco (aqueles que não acreditam ou não dão crédito à existência de um ou mais deuses) até ao ateísmo forte (aqueles que afirmam a posição contrária, que um deus não existe).
Aqui está a definição de 'agnóstico' do Oxford English Dictionary:
agnóstico A. sb. Alguém que defende que a existência de qualquer coisa para além e por detrás dos fenômenos materiais é desconhecida e (tanto quanto é possível julgar) impossível de ser conhecida, e especialmente que uma Primeira Causa e um mundo invisível são assuntos sobre os quais nada sabemos.
É interessante comparar isso com a definição de Huxley.
Webster's 3rd New International Dictionary Unabridged
Aqui está a definição de ateísmo do Webster's:
ateísmo n 1 a: descrença na existência de Deus ou de qualquer outra deidade b: a doutrina segundo a qual não existe deus nem qualquer outra deidade — compare com AGNOSTICISMO 2: impiedade esp. na conduta
descrença n: o ato de descrer: recusa mental de aceitar (uma declaração ou proposição) como verdadeira
descrer vb vt: defender que não é verdade ou real: rejeitar ou recusar crença em vi: recusar ou rejeitar crença
Note que, mais uma vez, tanto o ateísmo forte (1b) como fraco (1a) estão incluídos na definição.
Livros Ateístas
Poderíamos argumentar que o termo "judeu" devia ser propriamente definido por judeus, e que de forma similar o termo "ateísta" devia ser definido pelos ateus. Assim, aqui estão algumas citações de livros ateístas populares sobre o ateísmo:
"Afinal a palavra ateísmo significa muito menos do que eu pensava. É meramente a ausência de teísmo [...]
"O ateísmo básico não é uma crença. É a ausência de crença. Há uma diferença entre acreditar que não há deus, e não acreditar que há deus — ambas [as posições] são ateístas, embora o uso popular tenha ignorado esta última [posição] [...]"
[Dan Barker, "Losing Faith in Faith: From Preacher to Atheist", p. 99.
Freedom From Religion Foundation, 1992.]
"A palavra 'ateísmo', porém, nesta discussão tem de ser construída de modo diferente do usual. Embora atualmente o significado usual de 'ateísta' [ou ateu] em inglês seja 'alguém que afirma que não existe um ser como Deus', eu quero que a palavra seja compreendida não positivamente mas negativamente. Quero que o prefixo grego original 'a' seja lido em 'ateísta' da mesma maneira como é normalmente lido em outras palavras greco-inglesas como 'amoral', 'atípico', e 'assimétrico'. Nesta interpretação, um ateísta torna-se: alguém que simplesmente não é um teísta. Para referência rápida no futuro, introduzamos as expressões 'ateísta positivo' para o primeiro e 'ateísta negativo' para o último."
[Antony G.N. Flew, "God, Freedom, and Immortality: A Critical Analysis", p. 14.
Prometheus, 1984.]
"Se vir 'ateísmo' no dicionário, provavelmente verificará que está definido como sendo a crença de que não existe Deus. Certamente muitas pessoas entendem o ateísmo desse modo. No entanto, muitos ateístas não o fazem, e não é isso o que o termo significa se o considerarmos do ponto de vista das suas origens gregas. Em grego, 'a' significa 'sem' ou 'não' e 'theos' significa 'deus'. Deste ponto de vista, um ateísta [ou ateu] seria simplesmente alguém sem crença em Deus, não necessariamente alguém que acredita que Deus não existe. Segundo as suas raízes gregas, portanto, ateísmo é uma posição negativa, caracterizada pela ausência de crença em Deus."
[Michael Martin, "Atheism: A Philosophical Justification", p. 463.
Temple University Press, 1990.]
Martin depois cita alguns não-teístas muito conhecidos da História que usaram ou deixaram implícita essa definição de 'ateísmo', incluindo o Barão d'Holbach (1770), Richard Carlile (1826), Charles Southwell (1842), Charles Bradlaugh (1876), e Anne Besant (1877).
"O teólogo comum (há excepções, claro) usa 'ateísta' [ou ateu] com o significado de uma pessoa que nega a existência de um Deus. Até um ateísta concordaria que alguns ateístas (uma pequena minoria) se enquadrariam nessa definição. No entanto, a maioria dos ateístas disputariam fortemente a adequação dessa definição. Em vez dessa definição, eles defendem que um ateísta [ou ateu] é uma pessoa sem uma crença em Deus. A distinção é pequena mas importante. Negar algo significa que você tem conhecimento daquilo que se lhe está a pedir que afirme, mas que você rejeitou esse conceito particular. Estar sem uma crença em Deus significa apenas que o termo 'deus' não tem importância ou possivelmente não tem significado para si. A crença em Deus não é um fator na sua vida. Certamente isto é muito diferente de negar a existência de Deus. O ateísmo não é uma crença enquanto tal. É a ausência de crença.
"Quando examinamos os componentes da palavra 'ateísmo', podemos ver esta distinção mais claramente. A palavra é constituída por 'a-' e '-teísmo'. Teísmo, todos concordaremos, é uma crença num Deus ou em deuses. O prefixo 'a-' pode significar 'não' ou 'sem'. Se significa 'não', então temos como ateísta alguém que não é um teísta (i.e., alguém que não tem uma crença num Deus ou deuses). Se [o prefixo 'a-'] significa 'sem', então um ateísta é alguém sem teísmo, ou sem uma crença em Deus."
[Gordon Stein (Ed.), "An Anthology of Atheism and Rationalism", p. 3.
Prometheus, 1980.]
ateísmo Descrença na, ou negação da, existência de um deus.
descrer 1. trans. Não acreditar ou creditar; recusar acreditar em: a. uma declaração ou (alegado) fato: Rejeitar a verdade ou realidade de.
negar
1.
Contradizer ou negar (qualquer coisa declarada ou alegada); declarar que é inverídico ou insustentável, ou que não é aquilo que se afirma.
2. Logica. O oposto de afirmar; afirmar a negação de (uma proposição).
3.
Recusar admitir a verdade de (uma doutrina ou crença); rejeitar como inverídica ou infundada; o oposto de asseverar ou manter.
4.
Recusar reconhecer ou admitir que (uma pessoa ou coisa) tem uma certa característica ou certas alegações; rejeitar, desaprovar, repudiar, renunciar.
Note que a definição do Oxford English Dictionary abrange todo o espectro de crença ateísta, desde o ateísmo fraco (aqueles que não acreditam ou não dão crédito à existência de um ou mais deuses) até ao ateísmo forte (aqueles que afirmam a posição contrária, que um deus não existe).
Aqui está a definição de 'agnóstico' do Oxford English Dictionary:
agnóstico A. sb. Alguém que defende que a existência de qualquer coisa para além e por detrás dos fenômenos materiais é desconhecida e (tanto quanto é possível julgar) impossível de ser conhecida, e especialmente que uma Primeira Causa e um mundo invisível são assuntos sobre os quais nada sabemos.
É interessante comparar isso com a definição de Huxley.
Webster's 3rd New International Dictionary Unabridged
Aqui está a definição de ateísmo do Webster's:
ateísmo n 1 a: descrença na existência de Deus ou de qualquer outra deidade b: a doutrina segundo a qual não existe deus nem qualquer outra deidade — compare com AGNOSTICISMO 2: impiedade esp. na conduta
descrença n: o ato de descrer: recusa mental de aceitar (uma declaração ou proposição) como verdadeira
descrer vb vt: defender que não é verdade ou real: rejeitar ou recusar crença em vi: recusar ou rejeitar crença
Note que, mais uma vez, tanto o ateísmo forte (1b) como fraco (1a) estão incluídos na definição.
Livros Ateístas
Poderíamos argumentar que o termo "judeu" devia ser propriamente definido por judeus, e que de forma similar o termo "ateísta" devia ser definido pelos ateus. Assim, aqui estão algumas citações de livros ateístas populares sobre o ateísmo:
"Afinal a palavra ateísmo significa muito menos do que eu pensava. É meramente a ausência de teísmo [...]
"O ateísmo básico não é uma crença. É a ausência de crença. Há uma diferença entre acreditar que não há deus, e não acreditar que há deus — ambas [as posições] são ateístas, embora o uso popular tenha ignorado esta última [posição] [...]"
[Dan Barker, "Losing Faith in Faith: From Preacher to Atheist", p. 99.
Freedom From Religion Foundation, 1992.]
"A palavra 'ateísmo', porém, nesta discussão tem de ser construída de modo diferente do usual. Embora atualmente o significado usual de 'ateísta' [ou ateu] em inglês seja 'alguém que afirma que não existe um ser como Deus', eu quero que a palavra seja compreendida não positivamente mas negativamente. Quero que o prefixo grego original 'a' seja lido em 'ateísta' da mesma maneira como é normalmente lido em outras palavras greco-inglesas como 'amoral', 'atípico', e 'assimétrico'. Nesta interpretação, um ateísta torna-se: alguém que simplesmente não é um teísta. Para referência rápida no futuro, introduzamos as expressões 'ateísta positivo' para o primeiro e 'ateísta negativo' para o último."
[Antony G.N. Flew, "God, Freedom, and Immortality: A Critical Analysis", p. 14.
Prometheus, 1984.]
"Se vir 'ateísmo' no dicionário, provavelmente verificará que está definido como sendo a crença de que não existe Deus. Certamente muitas pessoas entendem o ateísmo desse modo. No entanto, muitos ateístas não o fazem, e não é isso o que o termo significa se o considerarmos do ponto de vista das suas origens gregas. Em grego, 'a' significa 'sem' ou 'não' e 'theos' significa 'deus'. Deste ponto de vista, um ateísta [ou ateu] seria simplesmente alguém sem crença em Deus, não necessariamente alguém que acredita que Deus não existe. Segundo as suas raízes gregas, portanto, ateísmo é uma posição negativa, caracterizada pela ausência de crença em Deus."
[Michael Martin, "Atheism: A Philosophical Justification", p. 463.
Temple University Press, 1990.]
Martin depois cita alguns não-teístas muito conhecidos da História que usaram ou deixaram implícita essa definição de 'ateísmo', incluindo o Barão d'Holbach (1770), Richard Carlile (1826), Charles Southwell (1842), Charles Bradlaugh (1876), e Anne Besant (1877).
"O teólogo comum (há excepções, claro) usa 'ateísta' [ou ateu] com o significado de uma pessoa que nega a existência de um Deus. Até um ateísta concordaria que alguns ateístas (uma pequena minoria) se enquadrariam nessa definição. No entanto, a maioria dos ateístas disputariam fortemente a adequação dessa definição. Em vez dessa definição, eles defendem que um ateísta [ou ateu] é uma pessoa sem uma crença em Deus. A distinção é pequena mas importante. Negar algo significa que você tem conhecimento daquilo que se lhe está a pedir que afirme, mas que você rejeitou esse conceito particular. Estar sem uma crença em Deus significa apenas que o termo 'deus' não tem importância ou possivelmente não tem significado para si. A crença em Deus não é um fator na sua vida. Certamente isto é muito diferente de negar a existência de Deus. O ateísmo não é uma crença enquanto tal. É a ausência de crença.
"Quando examinamos os componentes da palavra 'ateísmo', podemos ver esta distinção mais claramente. A palavra é constituída por 'a-' e '-teísmo'. Teísmo, todos concordaremos, é uma crença num Deus ou em deuses. O prefixo 'a-' pode significar 'não' ou 'sem'. Se significa 'não', então temos como ateísta alguém que não é um teísta (i.e., alguém que não tem uma crença num Deus ou deuses). Se [o prefixo 'a-'] significa 'sem', então um ateísta é alguém sem teísmo, ou sem uma crença em Deus."
[Gordon Stein (Ed.), "An Anthology of Atheism and Rationalism", p. 3.
Prometheus, 1980.]
URL do autor:
http://www.infidels.org/
URL do texto original:
http://www.infidels.org/news/atheism/sn-definitions.html
Traduzido por:
João Rodrigues
Ateísmo espiritual
Espiritualidade ateísta
O título dessa postagem seria um paradoxo?
Não para André Comte-Sponville, um dos mais respeitados filósofos franceses da atualidade. Seus livros já foram traduzidos para mais de vinte idiomas e embora declarando-se ateu, vai contra a corrente de escritores populares que escrevem sobre a temática religiosa, mas que participam de uma verdadeira cruzada radical e militante(eu diria até, religiosa!) pelo ateísmo, como Michael Onfrey, Christopher Hitchens e Richard Dawkings.
Comte-Sponville opta pelo meio-termo e defende um "ateismo fiel", que vem a ser uma espiritualidade forte porém contrária à ideia transcendente de Deus. É uma espiritualidade guiada apenas pelas virtudes e pela sabedoria da tradição filosófica cética e humanista. Para ele, o saber filosófico deveria superar a crença religiosa, inclusive sua dimensão espiritual, o que não significa aversão à religião nem opção pelo niilismo.
"laicidade não significa ódio às religiões"
Para ele, a "laicidade não significa ódio às religiões", mas o niilismo "conduz à idolatria mercantil e à violência". Seu livro mais recente que fez muito sucesso foi "Pequeno tratado das grandes virtudes", marcado pelo estilo direto e acessível. Para quem o critica por ser um filósofo "sucesso de mídia", midiático, Comte-Sponville responde: "sou um filósofo antigo, procuro pensar à maneira dos antigos, especialmente Epicuro e Espinosa, para resolver problemas atuais".
Sobre religião, espiritualidade e sobre o significado do termo "ateu fiel", ele nos diz:
"A religião é uma forma de espiritualidade mas nem toda espiritualidade é religiosa. O que é religião? É uma crença que aponta para o sobrenatural, para o transcendente, para o sagrado, para o divino. Eu não acredito em nada disso! O que é espiritualidade? É a vida do espírito, especialmente em sua relação com o infinito, com a eternidade, com o absoluto. É menos uma crença que uma experiência: É submeter nosso aspecto finito ao infinito, nosso aspecto temporal à eternidade, do nosso aspecto relativo ao absoluto."
"Os ateus não tem menos espírito que os outros. Por que teriam menos espiritualidade? A vida espiritual não é sempre religiosa. O infinito, a eternidade e o absoluto não são transcendentes e sobrenaturais. Como para Epicuro ou Espinosa, o infinito, a eternidade e o absoluto não são nada transcendentes ou sobrenaturais; eles são imanentes e naturais, são a própria natureza. Estamos dentro do infinito (o espaço), dentro da eternidade(o tempo), dentro do absoluto(o todo, ou seja, o conjunto de todas as relações o qual não poderia por definição ser relativo a qualquer outra coisa)."E por fim,
"O naturalismo desemboca numa mística da imanência. Já estamos salvos, já estamos dentro do Reino: a eternidade é agora".
Ateísmo político
O ateísmo político e a falta de auto-crítica dos ateus
22 02 2010“O comunismo começa onde começa o ateísmo”(Karl Marx)
“O ateísmo é a natural e inseparável parte do comunismo.”(atribuída a Vladimir I. Lenin)
Mas o que pecar contra Mim violentará a sua própria almatodos os que Me aborrecerem amam a morte.
Provérbios 8:36
Três dos maiores genocidas da história da humanidade eram ateus: Josef Stalin, Mao Tsé Tung e Pol Pot. Juntos, estes ateus mataram perto de 100 milhões de almas em menos de 100 anos. Eles mataram através da fome (Holodomor), fuzilamento, trabalhos forçados e muitas outras formas. O seu ódio ao ser humano e ao cristianismo é algo que o mundo nunca deve esquecer.
Se os 3 não tivessem já partido para um outro domínio de existência (inferno), todos eles diriam que as suas acções tinham em vista a defesa da sua visão política. Todos eles provavelmente diriam que o que fizeram era perfeitamente justificável dentro da visão do mundo que eles subscreviam. Para eles, a eliminação dos opositores ideológicos era algo necessário para o progresso do comunismo.
Até este ponto todos estamos de acordo uma vez que os dados históricos estão à disposição de todos. Os problemas começam quando nós começamos a entender a natureza ateísta do comunismo. Quando começamos a ligar os pontos, como dizem os anglófonos, podemos ver que o ateísmo teve um peso enorme dentro das matanças socialistas soviéticas e chinesas. Isto incomoda os ateus uma vez que os mesmos estão habituados a impugnar os cristãos como os causadores de todo o mal no mundo.
Como Mikhail Gorbachev apropriadamente asseverou, o Estado comunista empreendeu uma patente “Guerra contra a Religião.” Ele lamentara que os bolcheviques, seus predecessores, mesmo após a guerra civil terminada no começo dos anos 20, durante uma época de “paz”, “continuou a por ao chão as igrejas, a prender sacerdotes e a destruí-los”.
Os ateus modernos, cientes do perigo que há em se mostrar a intima ligação entre comunismo e o ateísmo, tentam a todo o custo atirar esse fardo para cima dos seus opositores ideológicos: os cristãos. Pessoas como Stalin e Mao Tsé Tung já não são, portanto, líderes ateus, mas sim líderes com uma leve inclinação religiosa. As suas matanças, como tal, já não são da responsabilidade das suas crenças ateístas, mas sim responsabilidade de crenças teístas.
O ateu evolucionista Ludwig segue a mesma linha de pensamento no seu comentário às palavras de Christopher Hitchens. Ele diz:
Mesmo entre os que são ateus, num sentido estrito, o mau comportamento institucionalizado vem da aceitação acrítica de superstições e ideologias estranhas ao ateísmo.Nós sabemos que são “estranhas ao ateísmo” porque o Ludwig nos diz que são estranhas ao ateísmo. O Ludwig assume que a “aceitação acrítica de superstições e ideologias” é algo que o ateísmo não aceita, mas não nos diz porquê. Ele apenas diz que é assim.
Portanto, por definição, o ateísmo é imune ao “mau comportamento institucionalizado”. Se se verifica que ateus implantam “maus comportamentos institucionalizados”, por definição, isso não é da responsabilidade do ateísmo.
De que forma é que combater o cristianismo é “estranho ao ateísmo”? De que forma é que institucionalizar movimentos políticos para se remover a influência do cristianismo numa sociedade é “estranho ao ateísmo”? Num mundo onde a lei imperadora é a lei da sobrevivência do mais forte/apto, de que forma é que a eliminação sistemática de cristãos por parte de ateus é algo “estranho ao ateísmo”?Na Coreia do Norte, um exemplo comum dos terrores do ateísmo, a Constituição foi alterada em 1998 para nomear Kim Il-Sung o Presidente Eterno da República. O homem já tinha morrido quatro anos antes.E depois? O facto da Constituição ter sido alterada 4 anos após a sua morte não invalida o que ele fez em vida.
O estalinismo, o maoismo e a ditadura em Cuba, apesar de não seguirem algo que oficialmente seja considerado divino, assentam também numa teimosia ideológica que o ateísmo não exige mas que é fundamental em qualquer religião.Embora não sejam bem bem religiosos, ao possuírem uma “teimosia ideológica”, os estados comunistas são, portanto, mais perto da religião do que do ateísmo. Nós sabemos disto porque o ateísmo não tem nenhuma “teimosia ideológica”. Por definição.
Qual é a verdade?
Infelizmente para os crentes ateus, a realidade nega-se a conformar aos seus revisionismos históricos. Por mais que eles tentem absolver o ateísmo dos genocídios do comunismo, as evidências continuam firmes.
Enquanto as lêem, perguntem-se se se justifica a remoção do ateísmo como ideologia-mãe do comunismo.
* “É preciso combater a religião, eis o ABC do comunismo.” (Vladimir Lenin, marxista revolucionário russo)
* “Detrás de cada imagem de Cristo só se vê o gesto brutal do capital.” (Vladimir Lenin)
* “Deus é uma mentira.” (Vladimir Lenin)
* “O homem que se ocupa em louvar a Deus se suja na sua própria saliva.” (Vladimir Lenin)
* “Deus é o inimigo pessoal da sociedade comunista.” (Vladimir Lenin, carta a Gorki)
* “Nós odiamos o cristianismo e os cristãos.” (Anatoly Lunatcharsky, marxista revolucionário russo)
* “Nosso programa inclui necessariamente a propaganda do ateísmo” (Vladimir Lenin)
Conclusão:
É por demais óbvia a associação entre o ateísmo e o comunismo e esta ligação não é algo que os ateus possam empurrar para o colo dos cristãos como forma de desculpabilizar o ateísmo. Eles, tal como nós, têm que assumir as consequências daqueles que agiram de acordo com a sua ideologia.
Fazer revisionismo histórico e alterar as definições de termos apenas mostra a outros ateus que há algo de errado com o ateísmo. Dizer que eles não eram “verdadeiros ateus” é incorrer na falácia do “verdadeiro escocês”. Quem é que define o que é um “verdadeiro ateu”?
Se vocês têm que deturpar o passado como forma de vencer no futuro, então há algo de errado com o vosso presente.
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Do blog Darwinismo. O ateísmo político
Considerei o texto uma excelente crítica ao ateísmo e vi a mesma crítica no livro Para além do Capital de István Mészáros. O autor não se referia ao ateísmo mas a necessidade de avaliarmos criticamente os fatos históricos criticados neste nesto.
Ateísmo sociológico - A religião na teoria de Émile Durkhein
Em uma importante obra, publicada em 1912, As Formas Elementares da Vida Religiosa, E. Durkheim propõe a elaboração de uma teoria geral da religião fundamentada nas formas mais simples e primitivas das instituições religiosas. Durkheim acredita, assim, que se possa apreender a essência de um fenômeno social observando suas formas mais elementares. Por isso parte do estudo do totemismo nas tribos australianas, chegando à conclusão de que os homens adoram uma realidade que os ultrapassa, que sobrevive a eles, mas que esta realidade é a própria sociedade sacralizada como força superior. Nem as forças naturais, nem os espíritos, nem as almas são sagradas por si mesmas. Só a sociedade é uma realidade sagrada por si mesma. Pertence à ordem da natureza, mas a ultrapassa. É ao mesmo tempo causa do fenômeno religioso e justificativa da distinção entre sagrado e profano. Para Durkheim, qualquer crença ou prática religiosa é semelhante às práticas totêmicas.
Mas por que a própria sociedade torna-se objeto de crença e culto? Durkheim explica: "De maneira geral, não há dúvida de que uma sociedade tem tudo o que é preciso para despertar nos espíritos, unicamente pela ação que ele exerce sobre eles, a sensação do divino; porque ela é para os seus membros o que um deus é para os seus fiéis. Um deus, com efeito, é antes de tudo um ser que o homem imagina, em determinados aspectos, como superior a si mesmo e de quem acredita depender. Quer se trate de personalidade consciente, como Zeus ou Javé, ou então de forças abstratas como as que estão presentes no totemismo, o fiel, tanto num caso como no outro, acredita-se obrigado a determinadas maneiras de agir que lhe são impostas pela natureza do princípio sagrado com o qual se sente em relação. Ora, a sociedade também alimenta em nós a sensação de contínua dependência. Como tem natureza que lhe é própria, diferente da nossa natureza de indivíduo, ela visa a fins que lhe são igualmente especiais: mas, como só pode atingi-los por nosso intermédio, reclama imperiosamente nosso concurso. Ela exige que, esquecidos de nossos interesses, nos tornemos seus servidores e nos impõe toda espécie de incômodos, de privações e de sacrifícios sem os quais a vida social seria impossível. É por isso que a cada instante somos obrigados a nos submeter a regras de comportamento e de pensamento que não fizemos nem quisemos, e que às vezes são até contrárias às nossas tendências e aos nossos instintos fundamentais.
Todavia, se a sociedade só obtivesse de nós essas concessões e esses sacrifícios por imposição material, não poderia despertar em nós senão a idéia de força física à qual devemos ceder por necessidade, e não a idéia de força moral do gênero das que as religiões adoram. Mas na realidade, o domínio que ela exerce sobre as consciências vincula-se muito menos à supremacia física de que tem o privilégio do que à autoridade moral de que está investida. Se nos submetemos às suas ordens, não é simplesmente porque está armada de maneira a triunfar das nossas resistências, é, antes de tudo, porque constitui o objeto de autêntico respeito".
Em As Regras do Método Sociológico, de 1895, Durkheim propõe, com sua sociologia formular uma teoria do fato social, demonstrando que pode haver uma ciência sociológica objetiva e científica, como nas ciências físico-matemáticas.
Para que haja tal ciência são necessárias duas coisas: um objeto específico que se distinga dos objetos das outras ciências e um objeto que possa ser observado e explicado, como se faz nas ciências.
Daí duas outras importantes afirmações de Durkheim:
· os fatos sociais devem ser considerados como coisas
· os fatos sociais exercem uma coerção sobre os indivíduos.
E explica: "É um fato social toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coação exterior; ou ainda, que é geral no conjunto de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das suas manifestações individuais".
Teoria do fato social - Durkhein Ateísmo niilista
Da religiosidade ao ateísmo niilista. Márcio Lima *
A Idade Média foi um período histórico em que o cristianismo se tornou a crença predominante em toda Europa Ocidental.1 Em quase todo continente, a maior parte da vida social, moral e política das pessoas era determinada pelos ensinamentos e pela ação da Igreja Católica Romana.
A disseminação dos dogmas cristãos era tão intensa que no século IX, não existia na Europa Ocidental ninguém que não acreditasse em Deus. A Igreja controlava a fé, normatizava os costumes, a produção cultural, o comportamento e, sobretudo, a ordem social. Até mesmo o tempo era controlado pela religião cristã, pois, as pessoas marcavam o ritmo de suas vidas pelo toque dos sinos das igrejas. Como eram completamente voltados para as práticas religiosas, acreditavam que a vida na Terra seria apenas um momento antes da eternidade, que seria vivida ao lado de Deus.
A influência da Igreja também se fazia presente nas relações políticas, onde os Papas sagravam os Reis e legitimavam o poder dos senhores feudais. Como a sociedade era constituída por pessoas iletradas e desprovidas de conhecimento, a Igreja mantinha o controle do saber erudito, pois, detendo informações e conhecimentos importantes, garantia de forma inabalável a extensão de seu domínio ao longo de vários séculos.
Aqueles que questionavam ou discordavam das práticas impostas pelos dogmas religiosos, eram considerados adversários da Igreja de Deus, chamados de hereges. Contra os hereges, a religião desencadeou uma guerra sem tréguas. Como forma de repressão, criou a Excomunhão e o Tribunal do Santo Ofício, conhecido como Santa Inquisição. A excomunhão era o ato que impedia o cristão receber os benefícios da salvação, concedidos por seu intermédio. Nesse caso, era preferível para muitos homens medievais, morrer a ser excomungado. A Inquisição julgava os hereges dissidentes e os que recusavam a se retratar eram condenados à morte na fogueira.
Na Filosofia, os pensadores medievais, chamados doutores da Igreja, voltaram-se para as questões relativas aos dogmas e aos preceitos da fé, combinando por vezes elementos da filosofia greco-romana com ensinamentos cristãos. A Escolástica foi a filosofia predominante e representava uma tentativa de conciliar fé e razão à luz do pensamento aristotélico, agregando elementos da filosofia pagã com a doutrina cristã.
No campo do conhecimento científico, grande parte dos historiadores afirma que a Igreja pouco, ou nada, favoreceu ao seu crescimento. Aqueles que tentaram produzir um saber científico sem o aval da religião cristã foram reprimidos. Roger Bacon, monge franciscanos, foi condenado à prisão, Galileu foi reprimido e Giordano Bruno foi condenado à fogueira. (sendo os dois últimos pós-medievais)
[...] O cristianismo rompeu a união entre o homem e a natureza, entre o espírito e o mundo carnal, potencialmente distorcendo o relacionamento entre os dois em direções opostas e atormentadas: o ascetismo e o ativismo. [...] Ambrósio de Milão expressou a nova opinião oficial ao condenar como ímpias até as puramente teóricas ciências da astronomia e da geometria. [...] 2
Até meados do século XVII, a fé cristã permeava toda e qualquer parte da organização social, política e econômica da Europa e dos Países por ela colonizada.3 Porém, novos acontecimentos mudaram o rumo da história. A partir do Renascimento,4 deu-se início ao embate entre Deus (teocentrismo) representado pela Igreja e o homem (antropocentrismo). O mercantilismo incentivou as Grandes Navegações, época em que foi percebida a possibilidade de se navegar diretamente pelos mares, já que a terra tinha a forma esférica e não plana como se acreditava na Idade Média. O Capitalismo foi tomando lugar na economia, contrariando a Igreja que condenava o lucro e a usura. A própria Reforma Protestante5 representou a possibilidade de se questionar os dogmas da Igreja Romana. No século XVIII, o Iluminismo,6 com suas idéias críticas e libertárias, propiciou o avanço da racionalização na sociedade. A produção cultural se deslocou do domínio da Igreja (o sagrado) para o das pessoas comuns (o profano, o leigo). Começava-se a laicização ou dessacralização, era a chamada Idade Moderna. Deus, tendo a Igreja como seu principal representante na terra, começava a perder seu espaço e sua autoridade entre os homens, que pouco a pouco se desprendia da dogmática religiosa.
A Modernidade é marcada, principalmente, pela nova concepção do pensar. A rejeição de Deus, dos dogmas e instituições eclesiásticas; o individualismo; a crítica das ilusões; o desenvolvimento das técnicas e o fortalecimento do Estado democrático. A ruptura do indivíduo com o bloco sócio-religioso, aparece logo no início da modernidade, tendo conseqüências em todos os segmentos: cultura, economia, direito e política.7 Para os modernos, a vida moral deverá desprender-se da religião. A Igreja terá que renunciar ao governo e ao controle da vida política.
No pensamento moderno, Descartes rompeu com o aparato escolástico e iniciou o discurso racional. Kant, com sua visão agnóstica, afastou a fé de qualquer entendimento racional (Fé e razão atuam distintamente). Strauss identificou a vida de Cristo com a Teoria do Mito, entendendo o Evangelho como algo historicamente datado, longe de qualquer caráter sobrenatural ou divino. Feuerbach assegurou ser Deus uma projeção dos desejos de perfeição do homem. Para ele, era a alienação do homem que havia criado a crença no Ser Supremo. Marx afirmou que a religião seria o ópio do povo. Darwin, com sua "Origem das Espécies",8 abalou a teoria bíblica da criação do homem e da natureza. Por fim, Freud mostrou que as ações humanas são determinadas pelo inconsciente e que Deus seria uma projeção da imagem paterna impregnada desde cedo na mente do homem.
A modernidade destruiu a "totalidade" da religião, ou seja, separado o que era revelado por Deus e codificado pela Igreja, daquilo que era percebido pelos homens e por eles transformado em teorias. A religião autorizou a Ciência, como também a Arte, a Política e, mais tarde, a Ética a adquirir sua autonomia e constituir sua própria escala de valores. Uma distinção encontrada no próprio livro sagrado cristão, (dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus) 9 divisão direta entre poder temporal e poder espiritual. A partir daí, uma nova visão vai marcar o pensamento do homem moderno. Se antes era tarefa da religião oferecer uma consciência à sociedade, agora cabia às Ciências apresentar explicações racionais para os fenômenos ocorridos no mundo (dentro e fora dele).
Essa forma de pensamento teve seu ponto culminante no século XX, quando não só a Ciência desagregou, de forma definitiva, qualquer apelo ao sobrenatural, como também, a maioria das constituições políticas que surgiram, afirmaram sua posição secular e agnóstica, separando-se das crenças. O próprio regime socialista soviético chegou a se declarar um Estado Ateu. Desta forma, mesmo que a religião ainda constitua um poderoso fator de mobilização das massas e um insubstituível apoio ético e moral, faz-se necessário o reconhecimento de que as elites modernas deram as costas para Deus.
Diante desse contexto, e analisando de forma reflexiva a sua volta, Nietzsche (1844-1900) declarou, nas palavras do personagem Zaratustra, A morte de Deus:
"Zaratustra, porém, ao ficar sozinho falou assim ao seu coração: Será possível que este santo ancião ainda não ouviu no seu bosque que Deus já morreu?"10
A morte de Deus é a constatação do niilismo na modernidade, é a percepção cada vez maior da ausência de Deus no pensamento e nas práticas do Ocidente moderno. Para ele, o homem moderno perdeu a confiança em Deus e suprimiu a crença no "mundo verdadeiro", o mundo perfeito que vem após a morte do corpo material, originário da metafísica e do cristianismo. A substituição da Teologia pela Ciência e o ponto de vista de Deus pelo ponto de vista do homem, provocou a ruptura com os valores absolutos, com a essência e com o fundamento divino.
Na verdade, a morte de Deus já se fazia presente na consciência do europeu desde o século XIX, o que ainda não haviam percebido era que esse fato implicava na desvalorização dos valores morais, ou seja, o fim do Deus cristão também foi o fim da moral por ele estabelecido, através do cristianismo. O culto do progresso, a proclamação da igualdade e o crescimento do conhecimento científico, transformaram a humanidade numa massa de indivíduos indefinidos ainda mais escravizados, sem força e sem autenticidade. Ao perder a legitimidade provinda de suas origens tradicionais e as suas garantias exteriores, representada pelos deuses, heróis e as monarquias de instituição divina, a sociedade moderna é condenada a tomar a si mesma como fundamento, pois não existe mais proteção divina (ela é auto-suficiente, atéia). Terá agora que reinventar seus próprios valores.
Na verdade, a morte de Deus já se fazia presente na consciência do europeu desde o século XIX, o que ainda não haviam percebido era que esse fato implicava na desvalorização dos valores morais, ou seja, o fim do Deus cristão também foi o fim da moral por ele estabelecido, através do cristianismo. O culto do progresso, a proclamação da igualdade e o crescimento do conhecimento científico, transformaram a humanidade numa massa de indivíduos indefinidos ainda mais escravizados, sem força e sem autenticidade. Ao perder a legitimidade provinda de suas origens tradicionais e as suas garantias exteriores, representada pelos deuses, heróis e as monarquias de instituição divina, a sociedade moderna é condenada a tomar a si mesma como fundamento, pois não existe mais proteção divina (ela é auto-suficiente, atéia). Terá agora que reinventar seus próprios valores.
A modernidade apreende então uma crítica aos seus próprios valores. As grandes Guerras, os Estados totalitários socialistas, nazistas e fascistas fizeram, por si só, as críticas práticas. A crítica agora não é feita apenas aos antigos valores, às hierarquias do antigo regime, à moral religiosa nem às autoridades hereditárias. A crítica visa agora os próprios valores modernos, a liberdade, a igualdade e a razão.
O século XX foi a época em que a razão se propôs a guiar a humanidade. O triunfo das ciências iluminou as zonas de incertezas e ilusão que atormentava os homens. A modernidade se apresentou como um começo absoluto de uma nova era, a instituição de um novo mundo e de novos valores edificados sobre o reino da Razão. Até que o totalitarismo desenfreado e as duas Guerras Mundiais puseram em contradição a sociedade moderna. Em 1914, a primeira Grande Guerra deu início à barbárie. As forças criadas para a organização e para a técnica contrapuseram-se às forcas da razão e da ciência que outrora lhes haviam produzido.
A partir deste momento, a Europa (e o Ocidente) entra em estado de convulsão. Em plena guerra, a Revolução Bolchevique assume o poder na Rússia, onde mais tarde se transformara numa ditadura socialista, influenciando também outros países. Em 1933, o nazismo chega à Alemanha e, a partir daí, grande parte da Europa vai permanecer sob o domínio de ditaduras nazi-fascistas. Em 1936, começa a Guerra Civil espanhola que antecede a Segunda Guerra Mundial, tendo como conseqüência o holocausto de judeus. Na atualidade, o terrorismo globalizado, seguido da violência brutal contra os direitos humanos, evidencia um novo surto de barbárie.
A partir deste momento, a Europa (e o Ocidente) entra em estado de convulsão. Em plena guerra, a Revolução Bolchevique assume o poder na Rússia, onde mais tarde se transformara numa ditadura socialista, influenciando também outros países. Em 1933, o nazismo chega à Alemanha e, a partir daí, grande parte da Europa vai permanecer sob o domínio de ditaduras nazi-fascistas. Em 1936, começa a Guerra Civil espanhola que antecede a Segunda Guerra Mundial, tendo como conseqüência o holocausto de judeus. Na atualidade, o terrorismo globalizado, seguido da violência brutal contra os direitos humanos, evidencia um novo surto de barbárie.
O homem moderno agora faz pergunta tipo: Como ser um santo sem Deus? Ou como substituir Deus? Os primeiros modernistas responderam que seria através da moral da humanidade, baseada na razão. Mas esta razão é fria, seca e individualista. Na medida em que os valores se contradizem, os fatos e a realidade demonstram inconsistência. Como fugir da barbárie? A segunda fase da modernidade, iniciada com a primeira Grande Guerra, faz a humanidade tomar consciência de que é frágil e que sua salvação encontra-se na sua própria capacidade de recriar, sem cessar, seus valores e suas instituições. Deverá o homem moderno agora, relançar permanentemente a democracia. A pergunta talvez seja a seguinte: Recriar valores e relançar democracia, baseado em quê? Na fé ou na ciência? O homem moderno parece perdido, solitário e desprotegido.
[...] parece, pelo menos a esses, que um sol acaba de se pôr, que uma antiga e profunda confiança se tornou dúvida: o nosso mundo parece-lhes fatalmente todos os dias mais vesperal, mais desconfiado, mais estranho, mais ultrapassado. [...] 11
Nietzsche percebeu a humanidade em sua elevada pretensão de aumentar seu conhecimento e seu poder, sem perguntar sobre os fins (mais tarde, a bomba atômica foi o exemplo). O moderno, acreditando que tudo seria explicado, descobre que há uma falha na explicação. Agora, tudo se afunda, nada mais tem sentido. Percebe-se que nada é visado, não existe objeto futuro, instalou-se o niilismo. O homem será agora uma consciência infeliz, sabe que o mundo, tal como imaginara, não existe, e o que existe de fato, não deveria existir.
A proposta nietzscheana é a transmutação dos valores, no qual surge o (Übermensch) super-homem, aquele que através da vontade de poder, rompendo com os valores cristãos, superará o niilismo e criará novos ideais.
Eu vos apresento o super-homem! O Super-homem é o sentido da terra. Diga a vossa vontade: seja o Super-homem, o sentido da terra. 12
Para Nietzsche, o niilismo tem início ainda na antiguidade a partir da teoria socrático-platônica que inventa um mundo ideal, onde a verdade pode ser encontrada, e condena o mundo real, dito das aparências e ilusões. Esta teoria é mantida pelo cristianismo. Porém, se esse mundo em que vivemos não existe, toda filosofia desenvolvida em nome dele é um erro, o que remete ao niilismo do homem moderno. Após a morte de Deus, a interpretação moral da vida e do mundo se esfacelou, abrindo caminho para a propagação do niilismo.
A morte de Deus marca o fim da dualidade entre o sensível e o supra-sensível, o mundo que sobrou parece falso e desprovido de valor. Ao eliminar o mundo ideal, formulado pelo cristianismo, a morte de Deus elimina também o mundo real em que estamos. Como conseqüência, se o mundo verdadeiro não existe, tudo em que se acreditou até aqui, era mentira. A morte de Deus criou um vazio na modernidade. Este vazio pode ser preenchido, segundo Nietzsche, pelo super-homem, produto da manifestação de novos valores.
Noutros tempos, blasfemar contra Deus era a maior das blasfêmias; mas Deus morreu, e com ele morreram tais blasfêmias. Agora, o mais espantoso é blasfemar da terra, e ter em maior conta as entranhas do impenetrável do que o sentido da terra. 13
Diante dos fatos, o homem moderno se encontra cansado da vida, sua vontade deseja o nada, pois há muito já está esgotada. A morte de Deus representa a falta de perspectiva para criar novos valores e superar o estado niilista em que se encontra. Até este acontecimento, toda moral era divina, aceitava-se e obedecia-se sem questionar, mas, e agora? A desvalorização desses valores trouxe o niilismo, a falta de sentido. Porém o niilismo possibilita também, como dizia Nietzsche, a possibilidade de criar novos valores, uma mudança na mentalidade, que só a partir daí seria possível. A questão é: qual a base para fundamentar esses novos valores, a fé representada pela religião, ou a razão representada pelas ciências? Na contemporaneidade, o homem tem bastante o que refletir. Só através da reflexão analítica a razão poderá prevalecer sobre o niilismo.
(*) Graduando em História e Filosofia
1. Exceto na península ibérica, ocupada pelos árabes de religião muçulmana.
2. ANDERSON, Perry. Passagem da Antiguidade ao Feudalismo, Brasiliense. p.128
3. Os países colonizados seguiam a religião oficial das Metrópoles.
4. Movimento cultural que teve início na península itálica ainda no século XIV.
5. Movimento de transformação religiosa representado inicialmente por Martinho Lutero.
6. Movimento cultural que se desenvolveu na Inglaterra, Holanda e França, nos séculos XVII e XVIII.
7. Sendo fato de objeção entre alguns pensadores contemporâneos, a total laicização do Estado.
8. Livro em que Darwin propõe a teoria de que os organismos vivos evoluem gradualmente através da selecção natural.
9. Bíblia Sagrada - Mateus 22:21
10. NIETZSCHE, Friedrich. Assim falou Zaratustra, tradução Pietro Nassetti. São Paulo. Martin Claret, 2002. p.25
11. ____________________. A Gaia Ciência, tradução Jean Melville. São Paulo. Martin Claret, 2007. p. 181
12. NIETZSCHE, Friedrich. Assim falou Zaratustra, tradução Pietro Nassetti. São Paulo. Martin Claret, 2002. p.25
13. Ibidem. p. 25
Referencias:
ALMEIDA, Giuliano Cézar Mattos de. Revista Ética & Filosofia Política, Volume 8, Número 1, junho/2005.
CARVALHO, José Jackson Carneiro de. A modernidade e os caminhos da razão: ensaio de Filosofia social e política, 2ª. ed. Atual, amp. – João Pessoa: Editora Universitária / UFPB, 2006.
NIETZSCHE, Friedrich. Breviário de citações ou para conhecer Nietzsche, seleção, tradução e notas de Duda Machado. 2ª ed. São Paulo, Landy, 2001.
___________, Friedrich. A Gaia Ciência, tradução Jean Melville. São Paulo. Martin Claret, 2007.
___________, Friedrich. Assim falou Zaratustra, tradução Pietro Nassetti. São Paulo. Martin Claret, 2002.
Fonte: texto enviado por e-mail pelo Cepec- Centro de Estudos Politicos Econômicos e Culturais. (Revisei ortográfico e gramaticalmente - Ramiro R. Batista)
Fonte: texto enviado por e-mail pelo Cepec- Centro de Estudos Politicos Econômicos e Culturais. (Revisei ortográfico e gramaticalmente - Ramiro R. Batista)
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