sexta-feira, 31 de maio de 2013


 

A cultura do coitadismo

A sociedade que permite e advoga esse direito ao coitadismo generalizado está condenando a si mesma. Nela, as pessoas ficarão cada vez mais fracas e cada vez mais burras.


Estamos vivendo uma época muito estranha. Não sei se vocês estão percebendo, mas hoje em dia, todo mundo se apressa para se encaixar no perfil de vítima, injustiçado, incompreendido. Parece uma doença psicológica que se alastra e acomete cada vez mais pessoas. Mesmo aqueles que, em outras épocas, jamais seriam tidos por sujeitos passivos de qualquer tipo de preconceito, atualmente, na primeira oportunidade que têm, levantam suas vozes para reclamar.

O que antes era próprio de grupos específicos, que, justa ou injustamente, sofriam ou tinham a percepção de serem vítimas de preconceito, difundiu-se por todos os cantos da sociedade moderna. As pessoas tornaram-se policiais em defesa de si mesmas, prontas para gritar: "Preconceito, preconceito!" para qualquer manifestação alheia que considerem aviltantes em relação a elas mesmas. O que era a voz de alguns excluídos tornou-se uma cultura geral, que vem se impregnando cada vez mais profundamente na alma do povo.
Essa cultura do coitadismo se encontra em todos os estratos sociais, em todos os níveis culturais e em todas as faixas etárias. É um abundante padecimento por si mesmo, uma autoproteção neurótica que acaba tornando todos os outros potenciais agressores, ainda que estes se manifestem com expressões pueris e inócuas.
Antes eram apenas os negros, as mulheres e os homossexuais. Hoje, são os gordos, os esquerdistas, os professores, os pobres, os ricos, os burros, os cultos, os ateus, os cristãos, os macumbeiros, as crianças, os velhos, os feios, as loiras, as empregadas domésticas, os consumidores e qualquer grupo que se encaixe em algum perfil específico. Até jogador de futebol se diz discriminado, quando algum comentarista o critica.
A cultura da reclamação está criando uma proibição à crítica. Falar mal de alguém, direito sagrado de todos os tempos, está se tornando algo impossível. O que antes era uma mera questão de bons modos se transforma, a passos largos, em matéria de Direito Penal e situa qualquer pessoa como um potencial criminoso.
O resultado de tudo isso, além do cerceamento absurdo da liberdade, é um emburrecimento colossal de uma população já pouco afeita ao conhecimento. A crítica, a exposição livre do pensamento, inclusive dos preconceitos, das ideias, ainda que absurdas, dos sentimentos e das vontades sempre foram o alicerce da inteligência. É neste campo livre e aberto, onde as cercas situam-se em extremidades longínquas, que o pensamento e a ciência se desenvolvem. A liberdade é o seu alimento. A inteligência, se não puder dizer o que pensa, se não puder discordar e se manifestar, tende a atrofiar.
Por isso, a sociedade que permite e advoga esse direito ao coitadismo generalizado está condenando a si mesma. Nela, as pessoas ficarão cada vez mais fracas e cada vez mais burras. Daqui a pouco, seremos meramente uma manada de porcos, possuídos por espíritos baixos, se lançando, estupidamente, no abismo sem fundo da ignorância e da irrelevância.


Fabio Blanco é advogado e teólogo.


angelinaA mutilação de Angelina Jolie que, ao amputar os próprios seios colocando próteses no lugar, acredita ter reduzido as chances hereditárias do câncer, é o resultado de um tipo de mentalidade paranóica comum em celebridades. Mas por trás dessa aparente extravagância, está a evolução de um longo processo que atinge grande parte da população por meio da construção de um ideal de saúde desconexo da realidade.
Geralmente é o lado emotivo que fala mais alto quando alguém, por ter perdido um ente querido por causa do câncer, louva Angelina Jolie como heroína da luta contra a doença. As defesas acaloradas são fruto da mesma paranóia que motivou a atriz em seu ato mutilatório e aparentemente inspirador também para outras celebridades.
Nas redes sociais se vê muitos que a atacam e a elogiam pelo ato, mas ambos centram-se no aspecto histórico da atriz ou da suposta inevitabilidade da doença hereditária. Mas este aspecto obstrui a visão do que está por trás do ato paranóico, e que diz muito mais sobre como as pessoas perderam a capacidade emocional de lidar com a possibilidade do adoecimento. Nada disso é novidade para quem leu ‘Nemesis Médica’, de Ivan Illich, que mostra o progressivo pânico gerado a partir da institucionalização da medicina.
nemesisIvan Illich já dizia nos anos 1970 que a medicina institucionalizada era uma grande ameaça à saúde. O termo iatrogenia, que se refere ao estado de doença ou complicação causada pelo tratamento médico, aparece pela primeira vez na obra de Illich e, segundo ele, pode se manifestar de três formas apresentando-se simultâneos na sociedade atual e, ao mesmo tempo, decorrem um do outro quase que inevitavelmente.
O primeiro é a iatrogenia clínica, causada pelo cuidado médico, falta de segurança no uso de equipamento cirúrgico ou determinada tecnologia, uso ou abuso de drogas médicas. O famoso erro médico ou de diagnóstico. Em segundo lugar, há a iatrogenia social, decorrente da crescente dependência da população em relação ao uso de drogas que amenizam o sofrimento, tratamentos prescritos pela medicina em seus ramos preventivos, curativo, ambiental e industrial. Trata-se de um estabelecimento do papel do doente como ser passivo e que aguarda as soluções mágicas do medicamento, enquanto o médico salvador trará a tão sonhada cura. A dependência, neste aspecto, é a da autoridade médica que é uma extensão da autoridade científica. Este fenômeno real e que afeta inevitavelmente quase todo mundo, produz, por sua vez, um terceiro aspecto da iatrogenia que é a de feição cultural.
A iatrogenia cultural é a destruição potencial da capacidade de lidar com a enfermidade ou com a morte. A perda gradual de tudo o que as civilizações criaram como expedientes culturais eficazes para lidar com a vulnerabilidade da condição humana diante do inevitável, das contingências da vida. Todas as práticas culturais e tradicionais antigas foram substituídas pela figura do médico e da técnica profissional. Neste aspecto há o sonho, a perspectiva, da possibilidade da técnica estender indefinidamente a existência corporal humana, da eliminação definitiva de todo e qualquer sofrimento físico.
No final dessa linha está a ideologia do transhumanismo, que propõe libertar o ser humano de todas as suas limitações físicas e biológicas chegando até a propor a eliminação completa da dor e de todo tipo de sofrimento. Illich ressalta que essa mentalidade teria começado na Revolução Francesa, que deu origem ao mito de que os médicos podia substituir os clérigos e que a sociedade poderia voltar a um estado de “saúde original”, onde inexiste o sofrimento. Datam daquele período as primeiras propostas de saúde pública.
Pior do que a idealização da saúde, que em alguns casos pode estar associada a padrões de beleza e moralidade, é o pânico do sofrimento, a neurose causada pela inconformidade extrema com qualquer possibilidade de sofrer e mesmo de enfrentar o risco do sofrimento, como mostra bem o caso de Angelina Jolie.
Hoje o sofrimento é uma cruz por demais ingrata e inútil, afinal, a referência cristã que o laicismo militante considera tão cruel era a única coisa que conferia alguma dignidade ao sofrimento físico do ser humano, que, em certa medida, é inevitável. A dor de muitas pessoas se torna ainda pior e mais insuportável quando, em nome de um ideal de saúde, relaciona-se às doenças todo tipo de impureza, tal como em tempos remotos. Não tardará para que esta sociedade apartada da caridade cristã jogue seus “leprosos” em guetos imundos, para evitar o contágio dos considerados saudáveis ou, mais precisamente, dos que tenham dinheiro para pagar pelo tão sonhado fim de todos os seus sofrimentos.


Cristiano Derosa
é jornalista e aluno do Seminário de Filosofia.


Link:

http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/14143-angelina-e-a-neurose-medica.html



 


Os ambientalistas, com a ajuda de políticos e de outras burocracias globalmente poderosas, foram bem-sucedidos em impor sobre todo o globo um conjunto de ideias que já custou dezenas de milhões de vidas humanas.
Peguemos o exemplo mais famoso deste totalitarismo homicida. Em 1962, a famosa bióloga americana Rachel Carson publicou o livro Silent Spring, uma fábula sobre os supostos perigos dos pesticidas. O livro se transformou em um clássico do movimento ambientalista, não obstante se tratasse de uma obra de ficção. O livro exerceu uma influência poderosa sobre vários governos, o que levou à proibição mundial do uso do DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano, o primeiro pesticida moderno) ainda no início da década de 1970.
Em 1970, pouco antes da proibição do DDT, a Academia Nacional de Ciências dos EUA declarou que o DDT havia salvado mais de 500 milhões de vidas humanas ao longo das últimas três décadas ao erradicar os mosquitos transmissores da malária.  Naquele ano, a Academia lançou um relatório no qual dizia: "Se tivéssemos de eleger alguns produtos químicos aos quais a humanidade deve muito, o DDT certamente seria um deles. ... Em pouco mais de duas décadas, o DDT evitou que 500 milhões de seres humanos morressem de malária, algo que sem o DDT seria inevitável".
Antes da proibição do DDT, a malária estava prestes a ser extinta em alguns países.
O DDT foi banido pelos governos no início da década de 1970 não obstante o fato de não ter sido apresentada nenhuma evidência científica comprovando que ele gerasse os efeitos que Carson e o movimento ambientalista alegavam que ele gerava.
Em seu livro Eco-Freaks: Environmentalism is Hazardous to Your Health, John Berlau, pesquisador e diretor do Center for Investors and Entrepreneurs do Competitive Enterprise Institute, escreveu que "Nem um único estudo mostrando o elo entre exposição ao DDT e contaminação humana já foi replicado".  Não apenas isso: em um estudo de longo prazo, alguns voluntários comeram 900g de DDT durante um ano e meio; até hoje, mais de vinte anos depois, nenhum deles apresentou nenhum efeito colateral em sua saúde.
O Dr. Henry Miller, membro sênior da Hoover Institution, e Gregory Konko, membro sênior da Competitive Enterprise Institute, escreveram em seu artigo no revista Forbes, "Rachel Carson's Deadly Fantasies", que o banimento do DDT foi responsável pela perda de "dezenas de milhões de vidas humanas, majoritariamente crianças em países pobres e tropicais. Tudo isso em troca da possibilidade de uma pequena melhoria na fertilidade das aves de rapina. Esta continua sendo uma das mais monumentais tragédias humanas do século passado."
Além das mortes de literalmente milhões de pessoas no Terceiro Mundo em decorrência da malária, o banimento do DDT também gerou inúmeras colheitas desastrosas, uma vez que insetos vorazes que eram combatidos pelo DDT puderam se proliferar novamente — e praticamente não há substitutos para o DDT a preços acessíveis nos países pobres. 
Mesmo se as estimativas da Academia Nacional de Ciências em relação às vidas salvas pelo DDT estivessem exageradas por um fator de dois, Rachel Carson e sua cruzada contra o pesticida ainda seriam responsáveis por mais mortes humanas do que a maioria dos piores tiranos da história do mundo.
Não obstante todas as evidências de que o DDT, quando utilizado corretamente, não apresenta nenhuma ameaça para o ambiente, para os animais e para os seres humanos, os ambientalistas extremistas continuam defendendo sua proibição.  Só na África, milhões continuam morrendo de malária e de outras doenças. Após a Segunda Guerra Mundial, o DDT salvou milhões de vidas na Índia, no Sudeste Asiático e na América do Sul. Em alguns casos, as mortes por malária caíram para quase zero. Após o banimento do DDT, as mortes por malária e por outras doenças voltaram a disparar.  Por que então o banimento não é revogado?
Porque este é justamente o objetivo destes extremistas: controle populacional.  Alexander King, co-fundador do Clube de Roma, disse: "Na Guiana, em menos de dois anos, o DDT já havia praticamente aniquilado a malária; porém, isso levou a uma duplicação das taxas de fecundidade.  Portanto, meu maior problema com o DDT, olhando em retrospecto, é que ele ajudou a intensificar o problema da explosão demográfica". 
Jeff Hoffman, representante ambientalista, escreveu no site grist.org que "A Malária era, na realidade, uma medida natural de controle populacional, e o DDT gerou uma volumosa explosão populacional em alguns locais onde ele havia erradicado a malária. Basicamente, por que seres humanos devem ter prioridade sobre as outras formas de vida?... Não vejo ninguém respeitando os mosquitos aqui nesta seção de comentários." 
O livro de John Berlau cita vários outros exemplos de desprezo dos ambientalistas pela vida humana e de como eles transformaram os políticos em seus idiotas úteis.
A organização mundial da Saúde estima que a malária infecta pelo menos 200 milhões de pessoas, das quais mais de meio milhão morrem anualmente. A maior parte das vítimas da malária são crianças africanas. Pessoas que defendem a proibição do DDT são cúmplices nas mortes de dezenas de milhões de africanos e de asiáticos. O filantropo Bill Gates arrecada dinheiro para milhões de redes contra mosquitos; porém, para manter suas credenciais acadêmicas intactas, a última coisa que ele advogaria seria o uso do DDT. Notavelmente, todos os políticos — principalmente os negros, que deveriam se sensibilizar com seus irmãos africanos — compartilham esta visão.
A morte de Rachel Carson não colocou um fim na insensatez ambientalista. O dr. Paul Ehrlich, biólogo da Universidade de Stanford, em seu best-seller de 1968, The Population Bomb, previu que haveria uma enorme escassez de comida nos EUA e que "já na década de 1970 ... centenas de milhões de pessoas irão morrer de fome neste país". Ehrlich via a Inglaterra em uma situação ainda mais desesperadora, e dizendo que "Se eu fosse um apostador, apostaria uma quantia substancial de dinheiro que a Inglaterra deixará de existir até o ano 2000".
No primeiro Dia da Terra, celebrado em 1970, Ehrlich alertou: "Dentro de dez anos, todas as mais importantes vidas animais nos oceanos estarão extintas. Grandes áreas costeiras terão de ser evacuadas por causa do fedor de peixe morto". Apesar de todo este notável currículo, Ehrlich continua até hoje sendo um dos favoritos da mídia e do mundo acadêmico.
E há ainda as insensatezes previstas pelos governos.  Em 1914, o U.S. Bureau of Mines [uma espécie de Ministério das Minas e Energia americano] previu que as reservas de petróleo do país durariam apenas mais 10 anos.  Em 1939, o Ministério do Interior americano revisou as estimativas, dizendo agora que o petróleo americano duraria mais 13 anos.  Em 1972, um relatório publicado pelo Clube de Roma, Limits to Growth, disse que as reservas de petróleo em todo o mundo totalizavam apenas 550 bilhões de barrias.  Com este relatório em mãos, o então presidente Jimmy Carter disse que "Até o final da próxima década, poderemos exaurir todas as reservas de petróleo existentes em todo o mundo".  E acrescentou: "Todo o petróleo e todo o gás natural de que dependemos para 75% de nossa energia estão acabando."
Quanto a esta última previsão de Carter, um recente relatório do U.S. Government Accountability Office [braço auditor do Congresso americano] em conjunto com especialistas do setor privado estima que, mesmo que apenas metade do petróleo existente na formação geológica do Green River nos estados de Utah, Wyoming e Colorado seja recuperada, isso já "seria igual a todas as reservas de petróleo que comprovadamente existem no mundo". Trata-se de uma estimativa de 3 trilhões de barris, mais do que a OPEP possui em suas reservas. Mas não se preocupe. Tanto Carter quanto Ehrlich ainda são frequentemente convidados pela mídia para emitir suas opiniões.
Nossa contínua aceitação das manipulações, das mentiras e do terrorismo ambientalistas fez com que governos ao redor do mundo, além de banirem o DDT, implantassem políticas públicas assassinas em nome da "economia de energia" — como, por exemplo, as regulamentações estatais que exigem automóveis com menor consumo de combustível, o que levou a uma redução do tamanho dos carros e a um aumento no número de acidentes que, em outras circunstâncias, não seriam fatais.
Da próxima vez que você vir um ambientalista alertando sobre algum desastre iminente, ou dizendo que estamos prestes a vivenciar a escassez de alguma coisa, pergunte para ele qual foi a última vez que uma previsão ambientalista se mostrou correta. Algumas pessoas estão inclinadas a rotular os ambientalistas de idiotas. Isto é um juízo errôneo. Os ambientalistas foram extremamente bem-sucedidos em impor sua agenda. Somos nós que somos os idiotas por termos ouvido e aceitado tudo passivamente, e por termos permitido que os governos acatassem suas ordens.

Walter Williams é professor honorário de economia da George Mason Universitye autor de sete livros.  Suas colunas semanais são publicadas em mais de 140 jornais americanos.

Tradução: Leandro Roque
Publicado no site do Instituo Ludwig von Mises Brasil.
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Perigo á vista!!!!!!

Médico cubano vem trabalhar no Brasil e vira prefeito de Mucajaí (RR)


 

Depoimento a
CYNEIDA CORREIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MUCAJAÍ (RR)
Nascido e formado em Cuba, Josué Jesús Matos, 46, chegou ao Brasil em 1997, num dos primeiros grupos de médicos cubanos que trabalharam no país. Matos atuou no interior de Roraima, se casou e voltou a Cuba com a mulher brasileira. Depois de pouco tempo na ilha, retornou ao Brasil e foi eleito prefeito de Mucajaí (a 60 km de Boa Vista).
*
Sou da primeira leva de médicos cubanos que veio a Roraima integrar o programa "Médico em Sua Casa".
Quando falaram que vínhamos, procurei no mapa e achava que era só selva, índio e malária, aquela imagem estereotipada. Mas era totalmente diferente.
Não tínhamos medo, pois vivíamos em Cuba o espírito da solidariedade, de nacionalismo proletário e da ajuda ao próximo. Era um desafio.
Chegamos em maio de 1997 e fomos levados a uma residência médica no centro de Boa Vista, cidade linda e planejada. Quando vi aquele banquete de recepção, com tanta fartura, fiquei feliz.
Na ilha, a realidade econômica era muito difícil. Éramos pobres, mas não passávamos fome. Eu plantava arroz, caçava e pescava para complementar a alimentação.
Cuba enviava médicos a todo o mundo, gratuitamente. No convênio com o Brasil, não fomos aceitos de graça, então nos pagavam R$ 3.000.
Mandávamos metade do salário para Cuba, pois nossa formação acadêmica não nos custou nada e ainda contribuíamos para outros se formarem. Ficávamos com
R$ 1.500 -éramos ricos.
O idioma foi o maior problema. Tenho dificuldade com certas palavras até hoje.
Divulgação
Prefeito cubano discursando para a comunidade de Mucajaí (RR)
Prefeito cubano discursando para a comunidade de Mucajaí (RR)

NOVO LAR
Em 1998, fui morar em Mucajaí. Eram mais de mil casos de malária em uma cidade de 9.000 habitantes.
Atendíamos mais de cem pacientes por dia. Íamos a todas as estradas do interior, de casa em casa.
Em alguns lugares, era a primeira vez que a população via um médico.
Nessa época, conheci Leila, minha mulher. Nos apaixonamos em 2001, antes de eu voltar para Cuba, pois o contrato iria terminar.
FAMÍLIA
Consegui convencê-la a ir comigo. Queríamos casar e viver perto da minha família.
Mas a situação econômica de meu país era muito difícil e o governo não aceitou que ela ficasse. Leila tinha que entrar e sair da ilha de dois em dois meses.
Decidi retornar ao Brasil quando vi que, após quatro anos trabalhando em Cuba, não era bem tratado e não aceitavam a mulher que esperava um filho meu. Pedi permissão e virei brasileiro.
Comecei a trabalhar atendendo os moradores em Mucajaí. Quando não existe dinheiro no meio, tudo flui, você vê o ser humano como ele é. Eu me sentia um rei: querido, paparicado por todos. Era muito feliz.
Até entrar para a política.
VOLTA POR CIMA
Fui convencido a entrar num partido e, depois de pedir votos para um candidato derrotado, me demitiram após dez anos de trabalho.
A comunidade fez um abaixo-assinado com 3.000 assinaturas pela minha volta, mas não teve jeito. Fiquei sem emprego, sofri perseguição politica e tive que me mudar.
Fiquei vários anos sem estabilidade, isso roubou a paz da minha família.
No final, acabei aceitando o apelo da população e concorri à prefeitura de Mucajaí, mas minha campanha não teve comício, nem uma placa sequer. Eu não tinha dinheiro para nada. Ia de casa em casa visitando as pessoas.
Agora, eleito com 4.698 votos em 2012, sou o primeiro cubano prefeito no país.
Ser prefeito é uma bomba. Tive problemas financeiros na prefeitura e enfrento protestos por salários atrasados.
A coisa é dura.

GLOBOVISIÓN AMORDAÇADA: MAIS UM GOLPE CONTRA LIBERDADE DA IMPRENSA NA VENEZUELA.

Cordeiro, o novo serviçal de Nicolás Maduro, o usurpador, comemorando o assassinato da liberdade de imprensa na Venezuela
A Globovisión, o único canal de televisão da Venezuela que não estava atrelado ao chavismo foi recentemente vendido para um grupo liderado pelo empresário Juan Domingo Cordero que opera negócios ligados à bolsa, bancos e seguros.
O jornal El Nuevo Herald noticia (vejam abaixo) que depois de um encontro com Nicolás Maduro, o usurpador, Cordero anunciou que esse canal privado de televisão será “muito sensato” na hora de “transmitir” a informação. Isto quer dizer que o novo dono da Globovisión deverá transformar essa emissora em mais um veículo de comunicação a serviço da quadrilha liderada por Nicolás Maduro e Diosdado Cabelo, os chefetes chavistas e títeres de Fidel Castro.
Juan Domingo Cordero é o que na Venezuela designam como “boliburgues”, ou seja, “burguês bolivariano”. Guardadas as devidas proporções ocorre no Brasil ocorre a mesma coisa, por enquanto ainda de forma meio dissimulada. É que na Venezuela o Foro de São Paulo decidiu imprimir uma ação, digamos assim, mais incisiva no que respeita ao “controle social da mídia’. 
O primeiro passo aconteceu quando o finado tiranente Hugo Chávez fechou a RCTV, a maior e mais importante televisão da Venezuela, comparável à Rede Globo brasileira. Posteriormente fechou cerca de 60 emissoras de rádio. Sobrara apenas a Globovisión.
Chávez então partiu pra cima de Ernesto Zuloaga, empresário dono da Globovisión. E lá, como cá, os esbirros de Fidel Castro detêm todas as informações e o controle dos dados de todos os cidadãos e, dependendo da situação, usam esses dados sigilosos para construir armações para incriminar, de alguma maneira, aqueles que não se curvam aos interesses do  Foro de São Paulo. Foi o que o então o que o chavismo fez com Guillermo Zuloaga que teve que exilar-se no exterior sob pena de ser colocado num dos calabouços do SEBIN, versão bolivariana das SS nazista.
A família de Zuloga, principal acionista da Globovisión, não suportando as pressões com a negativa do governo chavista de renovar a concessão para operação desse canal, decidiu vender a emissora.
E aconteceu o que era esperado. A Globovisión transformou-se em mais uma televisão porta-voz dos interesses da ditadura comunista da Venezuela. E chega ao ponto de impedir qualquer pronunciamento de Henrique Capriles, o líder da oposição na Venezuela.
Isso garante ao cordeirinho boliburguês o bom champangne, a boa vida, as viagens, as festas... Existem homens e vermes. O cordeirinho é um desses vermes como aqueles que se conhecem aqui no Brasil que vivem da execrável prática de adular o Lula e seus sequazes. E se dizem empresários.

EN ESPAÑOL - El reciente cambio de dueños del canal venezolano Globovisión causó que la oposición del país pierda una tribuna que mantuvo durante el mandato del fallecido presidente Hugo Chávez, que estuvo en el poder desde 1999 hasta marzo pasado con el medio de comunicación privado como contradictor permanente.
El pasado día 13 Globovisión pasó de manos de su fundador, Guillermo Zuloaga, a los empresarios Juan Domingo Cordero, Raúl Gorrín y Gustavo Perdomo, quienes este jueves indicaron que se comprometieron con el Gobierno de Nicolás Maduro a que el canal será “muy sensato” a la hora de “transmitir” la información.
“Nos han pedido que seamos muy sensatos en la transmisión de la noticia y eso es lo que vamos a hacer”, dijo Cordero tras sostener un encuentro con el presidente en el palacio presidencial de Miraflores.
Un día después de esa reunión, el líder de la oposición venezolana y excandidato a la Presidencia Henrique Capriles comentó en un evento de masas que encabezó en el estado occidental de Lara que se había enterado de que su discurso no sería transmitido por Globovisión.
“Me dijeron que esta asamblea ya no iba a ser transmitida por Globovisión, bueno yo agradezco a todos los que trabajan en Globovisión (…) y si nosotros no tenemos una ventanita para hablar tenemos la ventana más importante que tiene cada uno de ustedes que es radio bemba (de boca en boca)”, dijo Capriles.
Momentos más tarde el domingo, Capriles anunció vía Twitter que la directiva del canal ordenó no transmitir eventos en donde él aparece en vivo.
Fonte: Blog Aluzio Amorim 2013
Link:

Características militares da linguagem revolucionária

Num artigo anterior apontei que a nova linguagem revolucionária foi influenciada pela linguagem militar e depois corrompeu esta linguagem. Exemplifiquei com as obras de Marx e Lenin e seu caráter acusatório, beligerante, desafiador, ofensivo. O caráter comunicativo da linguagem foi corrompido totalmente: não serve para comunicar e convencer, mas para acusar e intimidar. As palavras se transformam em mísseis ou balas.
Pretendo demonstrar hoje que não apenas foi influenciada, como se apossou da linguagem militar, corrompeu-a e a distorceu para emprego em assuntos civis, que nada têm a ver com seu emprego original.
Desde 1985 pelo menos, termos militares foram paulatinamente introduzidos nos assuntos civis a ponto de que hoje nem se percebe como são usadas palavras que antes não faziam parte de nosso linguajar comum. Um exemplo é que antes pessoas e empresas faziam 'planos para o futuro'. Hoje planejam ‘estratégias’ e ‘táticas’. Os cursos para empresários e executivos são baseados na Arte da Guerra, de Sun Tzu, ou do livro homônimo de Maquiavel, e O Príncipe. Estou certo de que pessoas da carreira militar sabem diferenciar com precisão suas atividades militares das pessoais e domésticas e empregar os termos específicos.
Quando se ouve ou se lê sobre alguma medida do governo ou de instituições, ONG's e associações profissionais, as palavras ‘luta’, ‘desafio’, ‘avanços’, ‘retrocesso’, ‘conquistas’ abundam.
Exemplificando: a união estável de pessoas do mesmo sexo – palavra caída em desuso e substituída por gênero, como se fôssemos xícaras e copos e não homens e mulheres com diferenças anatômicas óbvias! – é um "avanço". A criminalização do aborto é um "retrocesso". No primeiro caso logo vem a continuação: "mas precisamos avançar mais na luta pelos direitos dos gays, lésbicas, travestis e transexuais", o que significa romper ‘os bastiões’ da arcaica moralidade judaico-cristã. A eleição do deputado Marco Feliciano para a Comissão de Direitos Humanos é "um enorme retrocesso" e os protestos contra o mesmo são para defender avanços necessários. Uma turba ensandecida tenta impedir que as reuniões se realizem, muitos ao beijar pessoas do mesmo sexo em público, talvez estivessem encontrando uma bela desculpa para satisfazer impulsos inconfessáveis.
Que importância tem isto? Em primeiro lugar, esta é, desde sempre, a linguagem revolucionária dos terroristas e guerrilheiros que tomaram o governo do país. Eles não sabem falar outra. Segundo, a imposição desta linguagem guerreira a toda a sociedade serve para prepará-la para a próxima fase revolucionária: o total controle sobre ela. Os avanços não levam a "conquistas" da "sociedade civil", mas da Nova Classe sobre uma sociedade civil militarizada. O paroxismo desta situação só será atingido quando houver um total controle da população, como nos regimes comunistas e fascistas, basta ver os numerosos desfiles programados pelos governos totalitários. Os filmes de Leni Riefenstahl sobre o estado nazista ('O Triunfo da Vontade' e 'Olympia') e a verdadeira obsessão pelo uso de fardas e títulos militares, como tinham Trotsky, Lenin, Fidel, Hitler, Himmler, entre nós o ex-ministro Jobim, entre outros. Nenhum deles foi militar de carreira, mas adoravam fardas, o que é um tipo disfarçado de travestismo. O que Hitler fez em seis meses com a truculência das SA e SS, aqui esta sendo feito pela estratégia dos Cadernos do Cárcere: a Gleichshaltung, que é a coordenação, harmonização, sincronização e uniformização de todos os aspectos da sociedade e sua conformação com os desígnios da Nova Ordem. O termo Gleichschaltung é usado para significar o processo pelo qual o nazismo conseguiu estabelecer um efetivo sistema de controle totalitário. O historiador Richard J. Evans traduziu-o como ‘coordenação forçada’.


Artigo para publicação no Jornal Inconfidência, Belo Horizonte, MG.

Link:


http://www.midiasemmascara.org/artigos/movimento-revolucionario/14156-caracteristicas-militares-da-linguagem-revolucionaria.html



quinta-feira, 30 de maio de 2013


Paraíba
João Pessoa, 13/05/2013 - 18h47

Ytalo Kubitschek

População é refém da maioridade penal

Jornalista e articulista político. Escreve o que quer, ainda que alguns não queiram. Conservador, democrático, cristão e otimista de plantão. Contato: ytalojr@gmail.com e (83) 8824-9506. Twitter: @YtaloKubitschek. Facebook: Ytalo Júnior.



Dou uma pausa nos bastidores da política para tratar de um tema de extrema urgência e que tem inquietado os cidadãos brasileiros que cumprem suas obrigações e exigem um mínimo de ordem onde vivem.

Fiquei estarrecido com a reportagem que li na edição da revista VEJA deste mês, sob o título 'Os Orfãos da Impunidade', trazendo os detalhes da ação de um menor que sequestrou um ônibus no Rio de Janeiro, rememorando o trágico episódio da ‘Última Parada 174’. Pior, dessa vez o ‘menor infrator’ ainda estuprou uma mulher.

Ele entrou no ônibus, relatam as testemunhas e mostra o vídeo, passou a roleta, anunciou o assalto e pediu, friamente, que os passageiros metessem seus pertences numa bolsa. A tarefa de recolhê-los foi atribuída a uma das vítimas. Mandou todo mundo para a traseira do veículo, escolheu uma mulher, levou-a para o centro do ônibus e executou o estupro, agredindo-a com a arma e ameaçando os demais: se alguém interferisse, ele matava.

Três aninhos para o rapaz. Tem 16 anos. Com 19, estará nas ruas. Pela justiça, não há a menor hipótese de ele continuar recolhido depois dos 21 anos. A mulher estuprada não tem nenhuma proteção da lei. O assaltante-estuprador tem.

O delinquente tem apenas 16 anos e não pode ter seu nome divulgado pela imprensa. A imagem dele, agora, só pode ser publicada desfocada. Menores que assaltam ônibus e estupram mulheres são protegidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

No Brasil, um adolescente de 16 anos, mesmo reincidente, que mata de forma hedionda uma pessoa, só pode ser ‘internado’ por no máximo 3 anos. Para crimes que não redundem em morte, aí é que a punição é branda. Fator de encorajamento para qualquer menor predisposto ao crime.

Cerca de 70% das penas impostas para esses adolescentes variam de 30 a 180 dias. Então, o adolescente hoje quando é pego, ele mesmo fala: "Não toque em mim, a lei me protege. Se você fizer algo contra mim, vai ser pior pra você." Isso é o relato de todos os policiais quando prendem um menor. O infrator sabe que a legislação o protege e, com certeza, isso serve realmente de estímulo para prática de crimes. Nós vemos pais usando os filhos para cometerem crimes, do mesmo jeito que os utilizam no sinal para pedir esmolas, pois sabem que, se presos, vão passar, no máximo, alguns meses fora de casa, e, às vezes, é até uma boca a menos na família para sustentar por algum tempo.

Um bandido da pior espécie não pode assumir sua responsabilidade pelo crime que comete antes dos 18 anos, mas pode eleger aqueles que fazem as leis que o beneficia. Não é bonito?

Alguém pode me informar quando uma criança começa a ter noção de certo e do errado?

A lamentável decisão de libertar um dos menores que assassinaram o menino João Hélio em 2007 feriu de morte a credibilidade da justiça e potencializou a mobilização da maioria esmagadora da população brasileira pela redução da maioridade penal.

João Hélio, aos 6 anos de idade, já sabia que roubar um carro era errado. Mas o adolescente psicopata e seus comparsas não sabiam. O menor (maior para votar) ficou sob a proteção do estado e sendo bancado com os impostos que famílias como a de João Hélio, e como a sua, estão pagando.

Talvez por isso, o Brasil sirva de piada para outros países que adotam os direitos humanos. Só que lá, são direcionados as vítimas.

Alguns anos atrás nós éramos jovens, respeitávamos nossos pais, nossos professores e as demais autoridades, podíamos ser punidos por qualquer um desses. Isso não nos traumatizou, nem nos deixou complexados, pelo contrário nos tornou adultos responsáveis e dignos.

Hoje não se pode mais dar uma palmada para corrigir uma criança. Nem os adolescentes. Pois o ECA torna-os intocáveis, por esse motivo o número de marginais nessa faixa etária tem crescido assustadoramente. Ou deixamos de ser hipócritas e abrimos nossos olhos para essa realidade, ou em breve estaremos vivendo em um país onde esses pequenos marginais irá nos acuar dentro de nossas casas.

Para um criminoso a idade não pode ser álibi.

Podíamos mandar essas “crianças” para o berçário do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ou para ser “coroinhas” na capela do deputado federal Luiz Couto.

E se você acha que o meu discurso é reacionário demais, saiba que os ‘Skinheads’, grupos de filhinhos de papai que costumam agredir e tocar fogo em mendigos e mortos de fome, também estão contemplados pelo beneplácito da maoridade penal.

A conclusão a que se chega, no Brasil, é que o Estatuto da Criança e do Adolescente, com mais de 22 anos de vigência, permite aos menores de 18 anos, ainda que já possam votar e influenciar nos destinos do país, estuprar, matar, torturar, esquartejar e cometer outras barbáries desde que, caso capturados, cumpram o máximo de três anos de internação (21 anos é o limite) em estabelecimento educacional com direito extra-legal a participar de rebeliões, provocar danos ao patrimônio público, além da possibilidade da fuga. Esta é a indulgência plena, concedida a menores, sob a proteção da criminologia (sociológica) da compaixão. "A sociedade os fez assim agora que os aguente”, dizem os doutos sociólogos.

Tramita na Câmara Federal, sob boicote do Ministério da Justiça, um projeto de lei que altera o falido ECA e prevê que menores que cometam crimes hediondos fiquem pelos menos oito anos presos. Ainda tramita no Congresso Nacional uma Proposta de Emenda à Constituição que prevê a mudança na lógica da maioridade penal.

Só para deixar claro: eu não quero “resolver o problema da violência” mantendo na cadeia por oito anos esses menores que cometem crimes hediondos. Eu só quero que gente que comete crime hediondo não tenha a impunidade garantida em lei, seja menor ou não. A sensação de impunidade nos revolta. Quem deve ter o amparo do Estado é a vítima, não o bandido.

Eu só quero que as vítimas, que têm cara, depois de terem um pedaço da sua história roubada pelos bandidos, não tenham também roubado, aí pelo Estado, o seu direito à Justiça. Não é pedir muito.

Indo mais longe

Não é nenhum exagero pensar que todo brasileiro que cometa crime de sangue, seja homicídio, latrocínio ou estupro, deva, imediatamente, perder a maioridade penal sendo colocado à disposição da Justiça, para responder segundo o previsto na lei. E nesses casos, de crimes hediondos, o Brasil aplicaria a “extinção” da maioridade penal. A idade seria apenas uma qualificadora para majorar a pena do meliante.

Na maioria dos países, o limite da maioridade penal para crimes hediondos não extrapola os 14 anos. Por que no Brasil tem que ser 18?

Se o crime não tem idade, por que a punição deve ter?

A decisão sobre a maioridade penal é um direito do povo!

Ytalo Kubitschek



“A lei não pode fazer com que uma pessoa me ame, mas pode evitar que ela me mate.” (Martin Luther King)
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EDITORIAL: OS ÓRFÃOS DA IMPUNIDADE

quinta-feira, 9 de maio de 2013


O pagamento do “bolsa-bandido” explodiu nos últimos doze anos e chegou a quase 40.000 famílias; enquanto isso, uma geração de órfãos do crime cresce desassistida no Brasil.

Hoje, quase 40.000 presos brasileiros podem dormir tranquilos em sua cela com a certeza de que sua família está amparada pelo estado. Graças ao estímulo do governo federal, o número de criminosos que requereram e obtiveram o auxílio reclusão aumentou 550% de 2000 a 2012 — uma alta que se deu em um ritmo três vezes maior do que o da população carcerária. Entre os principais auxílios previdenciários, o chamado “bolsa-bandido” é o segundo que mais cresceu nos últimos anos, atrás apenas da ajuda para quem sofreu acidente de trabalho. A média de pagamento por família é de 730 reais mensais, acima do salário mínimo no país, de 678 reais. É correto que alguém que roubou ou matou tenha direito a um benefício desses? As pessoas que ficam desassistidas quando um parente mata alguém são tão vítimas quanto as que choram a perda de um pai de família num assalto? Mais: é sensato usar do mesmo grau de compaixão para com um menino de 19 anos morto na frente de casa por causa de um celular e um rapaz de 17 anos que atirou contra a sua cabeça mas “não sabia o que estava fazendo”? O debate sobre a violência no Brasil atingiu um grau de insensatez capaz de borrar a distinção entre criminosos e vítimas. Para ajudar a restabelecer essa fronteira, a reportagem de VEJA foi a cinco regiões do país ouvir as mais frágeis vítimas dessa situação: os órfãos do crime, crianças e adolescentes que perderam o pai, a mãe ou ambos nas mãos de criminosos.

No Brasil, ao contrário do que acontece em países como França e Estados Unidos, familiares de alguém morto por bandidos não têm direito a nenhum benefício exclusivo, embora possam contar com o auxílio previdenciário genérico da pensão por morte — no valor de 920 reais, recebidos pelos dependentes dos contribuintes da Previdência Social. Já o auxílio-reclusão foi criado com a finalidade específica de proteger as famílias dos criminosos também contribuintes. Ele é fruto de dois conceitos jurídicos. Um deles diz que, diferentemente do que ocorre nas ditaduras, na democracia admitem-se somente penas individuais — ou seja, a família do criminoso não pode pagar pelos erros dele. O outro prevê que, quando o estado, detentor do monopólio da força, tira a liberdade de um provedor de família, deve sustentá-la. Seriam premissas indiscutíveis não fosse o fato de que o estado brasileiro já conta com uma rede de proteção social perfeitamente capaz de amparar uma família pobre que perde seu arrimo, por morte ou outro motivo, sendo a mais notória delas o Bolsa Família. Para especialistas, isso tira o sentido de uma proteção específica para familiares de alguém que violou as regras da sociedade. “Trata-se de uma cota para quem fez o mal”, diz o filósofo Denis Rosenfield.” O estado deveria garantir a segurança, não beneficiar alguém que quebrou essa segurança. Em última instância, a família da vítima ajuda a pagar um benefício à família da pessoa que destruiu a sua.”
As crianças mostradas nesta reportagem perderam seus pais para o crime que mais pavor desperta nas grandes cidades, o latrocínio. É o roubo seguido de morte, e muitas vezes precedido de agressão, quando não tortura — como ocorreu no caso da dentista queimada viva por bandidos por ter apenas 30 reais em sua conta (veja na pág. 92). Em catorze estados brasileiros com estatísticas criminais precisas, o número de latrocínios se mantém estável há alguns anos — de 2007 a 2011 eles têm registrado, juntos, cerca de 1000 por ano. Em São Paulo, o número de latrocínios aumentou 18% na comparação entre o primeiro trimestre deste ano e o do ano passado. A percepção geral é de que os criminosos apertam o gatilho com uma facilidade cada vez maior. Policiais que convivem todos os dias com essas situações e especialistas que estudam o tema têm uma explicação. Segundo eles, a idade média dos bandidos diminuiu — passou dos 20 e poucos anos para menos de 20. Isso significa que hoje há bandidos mais impulsivos e mais inseguros — do tipo que se assusta e atira com mais facilidade do que um criminoso experiente. “Além disso, quanto mais jovens eles são, menor é a maturidade emocional e maior a sua vulnerabilidade a pressões. Querem se impor, e para isso só têm a força”, explica o psicólogo Antonio Serafim, do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psiquiatria Forense e Psicologia Jurídica, do Hospital das Clínicas de São Paulo. “Derramar um líquido inflamável sobre o corpo das vítimas e ameaçar atear fogo é um recurso comum entre jovens assaltantes de residências”, diz um policial experiente de São Paulo.
O conjunto de ações que pode derrubar os latrocínios é o mesmo que pode provocar uma queda generalizada dos demais delitos. Uma boa iluminação pública e rondas ostensivas da Polícia Militar diminuem a probabilidade de criminosos abordarem a vítima nas ruas. A apreensão de armas de fogo das mãos dos bandidos também reduz as possibilidades de um roubo terminar em morte. Uma investigação policial eficiente é fundamental, à medida que tira de circulação bandidos que poderiam evoluir de batedores de carteira para latrocidas. Finalmente, a condenação a penas severas é o antídoto mais eficaz contra a impunidade — por sua vez, o principal combustível a alimentar o círculo vicioso do crime.
Não existem fórmulas novas. A diferença está no maior ou menor rigor com que elas são aplicadas — e na coragem de tratar como criminosos os que cometem crimes e como vítimas os que de fato o são. As crianças desta reportagem não vão mais à escola de mãos dadas com seus pais, não os terão por perto para assistir à sua primeira comunhão, presenciar suas primeiras vitórias esportivas, comemorar o primeiro emprego, levá-las ao altar quando se casarem nem brincar com seus filhos. Alguém, munido de uma arma e do desejo de roubar, tirou-lhes tudo isso. Não pode haver dúvidas sobre quem são as vítimas.
Fonte: Veja de 06/05/2013
Autores: Laura Diniz e Júlia Carvalho

Oficialmente desmascarada a farsa oportunista de José Maria Marin






Em nenhum momento, nos protocolos que antecederam o amistoso entre Brasil e Bolívia, tocou-se no assunto “morte de Kevin”.
Até porque, como já havia sido adiantado por esse espaço, o objetivo do jogo era outro, contribuir para a difícil situação financeira de ex-jogadores bolivianos dos anos 60.
Cai por terra, oficialmente, a farsa montada por Jose Maria Marin, no intuito de pegar carona na tragédia de Oruro, para aparecer como benemérito.
Fez bem o pai e toda a família do garoto, que ao perceber a manipulação do objetivodo jogo, feita pela CBF, recusou-se a comparecer ao estádio.
Demonstração de dignidade, qualidade desconhecida por Marin.
O jogo

A partida, em si, com vitória do Brasil por quatro a zero, foi uma grande pelada que, devido às circunstâncias, pode ser tratada mais como inconveniente do que uma brincadeira de luxo.
Sem o escudo da altitude os bolivianos são hoje, certamente, uma das piores seleções de todo o mundo.
Logo aos 3 minutos, Leandro Damião abriu o marcador ao receber cruzamento rasteiro pela direita de Jean.
E olha que o Brasil já havia perdido duas oportunidades antes disso.
Uma verdadeira moleza.
Depois de perder mais alguns gols, a Seleção ampliou com Neymar, aos 30 minutos, complementando tabelinha com Ronaldinho Gaucho num leve toque de categoria por cima do goleiro.
Antes o próprio Neymar já havia colocado bola na trave.
Houve tempo ainda para Neymar fazer mais um, aos 42 minutos, após receber bom passe de Jadson.
Felipão tirou Neymar e Leandro Damião, no segundo tempo, para testar Alexandre Pato e Osvaldo.
Dos dois, somente o são-paulino correspondeu.
Já sem a menor vontade de jogar futebol, o Brasil limitou-se a tocar a bola e, vez por outra, assistir a algum ataque desastrado do adversário.
Num deles, aos 28 minutos, Marcelo Moreno entrou pelo costado do ineficiente Andre Santos, sempre uma avenida, mas bateu cruzado, longe do gol.
Ronaldinho Gaucho, apagado, deu lugar ao palmeirense Leandro, aos 32 minutos.
Dória entrou aos 41, saiu Dedé.
Aos 46 minutos, Osvaldo, o melhor em campo, tabelou com Paulinho e Pato, que serviu para o estreante Leandro finalizar o marcador.
E nada mais aconteceu.
Apenas o apito final, terminando com a agonia de torcedores e jornalistas, sonolentos com mais um triste “espetáculo” de futebol.
Dentro e fora das quatro linhas.
*ATUALIZAÇÃO: A Rede Globo mentiu ao dizer que o “um minuto de silêncio” antes da partida foi em homenagem ao garoto Kevin. Na verdade era para o ex-presidente do The Strongest e da Federação Boliviana, Jose Saavedra.

Link:


http://blogdopaulinho.wordpress.com/2013/04/06/oficialmente-desmascarada-a-farsa-oportunista-de-jose-maria-marin/

IstoÉ desmascara a farsa e expõe a chantagem boliviana. E agora, Dilma?


O advogado dos 12 torcedores corinthianos laçados pela polícia boliviana para servirem como bodes expiatórios da morte do jovem Kevin foi sondado pelo tio do pranteado defunto, o também advogado Jorge Ustarez Beltrán: a família se dispunha a reconhecer a inocência dos gaviões engaiolados, ajudando a defesa a desmontar a farsa, mediante o pagamento de 220 mil dólares (cerca de R$ 400 mil).
Como o Corinthians se recusou a ser extorquido e a Gaviões da Fiel não tem como arcar com um resgate tão vultoso, o dr. Sérgio de Moura Ribeiro Marques foi para o tudo ou nada, tornando pública a  proposta indecente. Pois, espertamente, gravara as conversas sem conhecimento do interlocutor. 
A história é contada na matéria de capa da revista IstoÉ desta semana, As provas da chantagem boliviana, e pode ser lida aqui
A  cantada  do titio ganancioso está neste trecho das gravações:
"...o que nós propomos a vocês é acabar de vez com esse processo. Uma vez retirada a denúncia, não é possível, portanto, um processo penal. Os familiares buscam uma reparação material, civil... entendo que essa responsabilidade poderia ser assumida pelo Corinthians... estou consciente de que os 12 não são culpados".
O  malandro otário  passou recibo da tentativa de extorsão, ao escrever de próprio punho a quantia ambicionada num papelucho que a IstoÉ reproduziu.
A revista também detalha o acordo costurado pelos dois advogados, mas frustrado por falta de quem se dispusesse a morrer numa grana preta: 
"...o tio de Kevin, segundo Marques, produziria uma petição na qual declararia, entre outros pontos, a inocência dos 12 brasileiros presos pela morte de Kevin.
E – mais importante – revelaria que o adolescente boliviano encontrava-se de costas para o campo quando foi alvejado pelo sinalizador. Além de Beltrán, Beymar Jonathan Trujillo Beltrán, primo de Kevin e única testemunha ouvida (em uma declaração de apenas cinco linhas) sobre a morte dele, assinaria o documento que seria incorporado ao processo de investigação.
Por ser uma declaração contundente de uma nova testemunha intimamente ligada ao adolescente morto, seria aberta uma grande possibilidade de libertação para os brasileiros. Apesar de não ter se pronunciado legalmente ainda, o tio de Kevin estava no jogo Corinthians e San José..."
Para completar a comédia de erros, o advogado Marques denuncia a existência de "pressão política" por parte do governo brasileiro e do Corinthians para que o escritório do qual é sócio seja afastado do processo. O motivo: “Querem que nós sejamos destituídos do caso e o governo colha o mérito da possível soltura dos torcedores”. 
Finalmente, eis a irrefutável conclusão do autor da reportagem, Rodrigo Cardoso:
"...se não há como provar a culpa dos 12 torcedores do Corinthians, eles têm de deixar a prisão em Oruro. Passou da hora de o governo brasileiro arregaçar as mangas de verdade e, livre de interesses paralelos, priorizar uma solução rápida para a prisão arbitrária de 12 de seus cidadãos que, na Bolívia, vivem dias de criminosos sem sequer terem sido acusados legalmente".
É a mesma posição que sustento há mais de dois meses. No artigo Vergonha: Bolívia faz 12 brasileiros de bodes expiatórios! (acesse aqui ), de 11/03/2013, já escrevi: 
"As autoridades de cá estão agindo com tibieza vergonhosa, ao não defenderem da forma mais enérgica BRASILEIROS FLAGRANTEMENTE INJUSTIÇADOS NOUTRO PAÍS.
Já passou da hora de mostrarem algum serviço, pois suas frouxas gestões não tiveram resultado prático nenhum e vêm sendo olimpicamente ignoradas pelos bolivianos".
Voltei ao assunto em Os 12 torcedores sequestrados na Bolívia e a tibieza brasileira (acesse aqui), do último dia 8, quando um grupo de deputados se reuniu em Brasília com representantes de três ministérios e da OAB para discutirem possíveis medidas a serem tomadas:
"Vamos ver se, a partir de hoje, nossas autoridades deixam de agir com a TIBIEZA VERGONHOSA que vem caracterizando sua atuação no episódio.
...Tenho certeza de que, se os injustiçados pertencessem à classe média ou à elite, as gestões brasileiras teriam sido incisivas e imediatas.
A Justiça boliviana está agindo de forma tão aberrante que já se justifica uma queixa à OEA.  É o caminho inescapável para o Brasil, caso o sequestro não cesse..."
Depois da revelação da IstoÉ, o nosso governo tem a obrigação moral de, finalmente, se fazer valer. Ou seremos obrigados a concluir que ele não vale nada.

Link:

http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/isto-desmascara-a-farsa-e-exp-e-a-chantagem-boliviana-e-agora


Índio não quer Belo Monte, mas quer tomada para carregar o iPhone.

Abaixo, post do excelente Blog Questão Indígena, sobre um fato surreal que está acontecendo em Belo Monte, mais uma vez invadida pelas "comunidades indígenas".


Os índios e ongueiros que ocuparam e interromperam pela décima primeira vez as obras da Hidroelétrica de Belo Monte fizeram hoje um apelo à sociedade depois que as autoridades cortaram o fornecimento de energia aos invasores. Os índios, que são contra a construção da hidroelétrica, fizeram um "pedido urgente" pois ficaram sem energia para recarregarem as baterias dos seus celulares e tablets e querem contribuições financeiras para alugarem geradores movidos a combustível fóssil para gerar a energia que carregará sues aparelhos hitech.

Leia a íntegra da solicitação dos indígenas:
Pedido urgente: cortaram nossa luz e água, nos ajude!

No final do dia da segunda-feira, a luz e a água foram cortados aqui na nossa ocupação, apenas nas instalações onde nossas redes estão atadas. Não temos como carregar nossos celulares, que usamos para enviar nossas mensagens.

Precisamos urgentemente da ajuda de vocês para alugarmos ao menos dois geradores. Custa 70 reais por dia, além do combustível. Nossa meta é conseguir ao menos 450 reais para usarmos gerador três dias. Quem puder ajudar por favor os dados bancários são:

Caixa Econômica Federal – Mutirão pela Cidadania
Agencia: XXXX – Conta: XXXX-X – OP XXX – CNPJ: XX.XXX.XXX/000X-XX

Por favor, Após o depósito envie um email para ob-monte@bol.com.br informando.

Repasse essa mensagem para outras pessoas que possam ajudar. É muito urgente!

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Tá repassado.
Link:
Fonte: Coturno noturno 2013

Vocês têm de ver isto e espalhar país afora para o debate: são 30 segundos que resumem o Brasil. A sociedade tem de fazer isso porque as oposições têm medo de falar com quem paga a conta!


Quero que vocês vejam este vídeo, bem curtinho. Esta senhora que fala aí é uma assistida do Bolsa Família lá de Fortaleza.

São só 30 segundos.

Mas eles resumem o Brasil que aí está e também apontam para um futuro — não muito promissor. Assistam. Volto em seguida.


Por Reinaldo Azevedo

          

Voltei


Escrevi ontem à noite um post sobre a irresponsabilidade dupla da Caixa Econômica Federal — que alterou o sistema de pagamento do Bolsa Família sem avisar ninguém e depois negou que o tivesse feito, sendo desmentida por reportagem da Folha — e das autoridades do governo federal, que saíram a acusar ou as oposições, caso de Maria do Rosário (a ministra dos Direitos Humanos, de inumana compreensão), ou um complô conspiracionista, sugerindo que, no fundo, seriam mesmo as oposições: José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça e aspirante a disputar o governo de São Paulo pelo PT, e Dilma Rousseff.

A governanta classificou a boataria sobre o Bolsa Família de “desumana e criminosa”. Tudo não passou de uma trapalhada da Caixa Econômica Federal, pela qual se desculpou Jorge Hereda, presidente da instituição.

Só desculpas?

Pois é… O que antes era “desumano e criminoso” não merecerá da soberana, pelo visto, nem mesmo um puxão de orelha. Cardozo continua em busca de um bode expiatório. Quem sabe apareça alguém para confessar, não é?, e se descubra, então, que ele é vizinho da tia da cabeleireira que vem a ser prima da cunhada da faxineira do secretário-geral do PSDB de Arapiraca…

É ridículo!

Mais do que o boato do fim do Bolsa Família, o que se espalhou como rastilho de pólvora foi a informação de que havia uma graninha a mais na CEF, um bônus. As pessoas que lá iam constatavam: havia mesmo! Aí, meus caros, foi o que se viu…

Como pergunta Silvio Santos — numa indagação que, suponho, toca universalmente o coração e o intelecto: “Quem quer dinheirooo?”.

No post em questão, destaquei também o ar robusto, primaveril mesmo em alguns casos, dos assistidos do Bolsa Família. O valor médio do benefício pago a cada família está aí na casa dos R$ 150. Muita gente recebe menos, mas há quem receba mais: nunca menos de R$ 32, nunca mais de R$ 306 — é o que informa o governo.

Muito bem. Agora volto à assistida do vídeo que está lá no alto. A entrevista foi concedida ao Jornal Nacional de sábado. Reproduzo a sua fala, uma das maiores contribuições jamais prestadas à compreensão sociológica destes dias.

“Eu fui na lotérica, como vou de costume, fazer um depósito na poupança do meu esposo. Fui depositar o dinheiro. Como eu já estava lá, eu tinha de ir fazer isso, eu aproveitei, levei o cartão e tirei o meu Bolsa Família. Quando eu tirei, saiu (sic) os dois meses”.

Entendi. Ela foi depositar, como faz habitualmente, um dinheiro na poupança do marido, certo? Já que estava lá, levou o cartão do Bolsa Família e pimba! Saíram os dois meses de uma vez só. Ai, ai, ai… Longe de mim querer cassar o benefício da distintíssima senhora Diane dos Santos — e espero que ninguém pegue no pé dela.

Mas me parece que alguém que tem dinheiro para fazer poupança não precisa do… Bolsa Família, certo? Reitero: acusarei aqui perseguição caso queiram lhe cortar o benefício — porque, é fato, como ela, há uma legião, há milhões hoje em dia.

O problema não é ela, mas o programa. Eu até confesso uma certa simpatia por Diane, uma brasileira brejeira, com o cabelo arrumado, brincos, pele boa… Ela desmoraliza os delírios dos bem-pensantes sobre o atavismo da fome no Brasil, que faz o coitadismo que embala as ideias de reparação social da esquerda universitária. Ela não! É, reitero, distinta! Ela nem fala “marido” — deve achar meio grosseiro. Prefere, como Daniela Mercury, mas mudando o gênero, a palavra “esposo”.

“Então Reinaldo Azevedo sustenta que não existem mais a fome, a miséria…” Aquela fome africana, que Lula dizia existir em 2002, que ele curaria com dois pratos de comida, não existe mais no Brasil há décadas, embora haja, é evidente, nichos de famélicos em algumas áreas do sertão e até nas periferias extremamente pobres das grandes cidades. Isso persiste.

Da mesma sorte, há, sim, pessoas com renda abaixo de R$ 70 em áreas restritas do Brasil profundo. Mas os pobres — eu sei do que falo — somos duros de morrer, fiquem certos, sobretudo de fome. Sempre se arranja um bico pra fazer, um serviço extra, alguma coisa que garanta o sustento dos filhos.

No mais das vezes, essa renda per capita entre R$ 70 e R$ 140 é uma fantasia estatística. Ou será que a distinta dona Diane está “depositando na poupança do marido” o dinheiro do Bolsa Família? Ela nem havia sacado ainda o de abril — e já era dia 17! Certamente, o depósito que fora fazer era uma sobra, não?, depois de satisfeitas as necessidades básicas. Sobra de que renda? Não era do Bolsa Família!

Sim, é possível que haja alguns milhões de brasileiros que precisam efetivamente de um Bolsa Família, mas serão mesmo 40 milhões, 45 milhões talvez, divididos em mais de 13 milhões de família? Não é só dona Diane dos Santos que prova que não.

Vocês certamente se lembram desta senhora, que, diz, “só ganha R$ 134 há oito anos”, o que, segundo ela, não dá nem comprar uma calça para a filha, “uma jovem de 16 anos”, porque, afinal, uma calça para essa faixa etária custaria R$ 300


De fato, ela não tem a menor dúvida de que comprar uma calça para a sua filha é, sim, um problema do governo brasileiro, não dela própria, do marido ou de sua família. “Ah, o Bolsa Família vai custar em 2013 apenas R$ 24,9 bilhões. Perto do que o governo gasta com o Bolsa BNDES ou com o Bolsa Juros… Reinaldo não quer dar grana para os pobres.” Nem para os ricos!!! Eu não acho que governos tenham de dar dinheiro para ninguém. No caso dos pobres, tem é de criar programas sociais que os estimulem a buscar uma saída.

E a injeção de recursos na conta do vivente só deve ser feita mesmo em último caso. E já está mais do que claro que o Bolsa Família, para muita gente, virou uma doação… O Nobel da Paz Muhammad Yunus está no Brasil (ver post na home).

Ele criou o programa de microcrédito em Bangladesh que deu origem a um banco. Ele critica no Bolsa Família justamente seu caráter assistencialista.

O “andar de cima”, como quer Elio Gaspari, com essa categoria sociológica haurida da construção civil, consome bem mais do que os R$ 25 bilhões do Bolsa Família em subsídios, trapaças, aditamento de contratos etc.? Certamente! Não deixa de ser uma forma de “bolsismo”, não é?, e das mais perversas.

Os dois extremos — os ricos cuidadosamente selecionados para as prebendas e os pobres que recebem todo mês um dinheirinho — se tornaram pilares de um modo de fazer política.

Uns são gratos ao governo de turno com doações eleitorais e outras que não aparecem nos registros do TSE; os outros expressam a sua gratidão com votos.

O Bolsa Família se tornou, assim, uma formidável máquina eleitoreira, e os que mais se entusiasmam com o governo nem são, suponho, os que realmente precisam, mas os que, não precisando, temem uma mudança de guarda e a perda de uma benefício de que, no fundo, sabem ser descabido. Assim, é melhor deixar tudo como está.

Oposição
Compreendo que a oposição venha a público disputar a paternidade dos programas sociais porque, com efeito, o Bolsa Família nada mais é do que a reunião dos programas que existiam no governo FHC numa única rubrica. Já demonstrei faz alguns anos que isso é verdade.

Faço-o de novo transcrevendo, em vermelho, trecho da Medida Provisória nº 132, que “criou” o Bolsa Família, no dia 20 de outubro de 2003. Essa MP foi depois convertida na Lei 10.836, de 9 de janeiro de 2004. O conteúdo era o mesmo. Prestem atenção:

(…) programa de que trata o caput tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal, especialmente as do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação – “Bolsa Escola”, instituído pela Lei n.° 10.219, de 11 de abril de 2001, do Programa Nacional de Acesso à Alimentação – PNAA, criado pela Lei n.° 10.689, de 13 de junho de 2003, do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Saúde – “Bolsa Alimentação”, instituído pela medida provisória n.° 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, do Programa Auxílio-Gás, instituído pelo Decreto n.° 4.102, de 24 de janeiro de 2002, e do Cadastramento Único do Governo Federal, instituído pelo Decreto n.° 3.877, de 24 de julho de 2001.


Retomo
Assim, é claro que os programas foram originalmente criados pelo governo FHC. A questão é saber se dá para disputar essa paternidade hoje. Parece-me que não! E a máquina de propaganda montada com o Bolsa Família tem, sim, um efeito eleitoral evidente, como ficou claro em 2006 e 2010. Menos do que fazer tal disputa, as oposições teriam de ter a coragem de perguntar quem paga a conta. É claro que os petistas partiriam pra cima, acusando-a de querer acabar com o programa. Ocorre que o eleitorado cativo, meus caros, cativo já está. Não será desse mato que vão sair tucanos. Não saem mesmo! Os que se apõem ao petismo, reitero, têm de aprender a falar com quem paga a conta — muito especialmente os trabalhadores.

Que país existe na outra ponta dessa forma de assistencialismo? Não tem outra ponta nenhuma! A outra ponta é esta que está aí. Está bom assim? É o que o modelo permite. As virtudes já se esgotaram. Com Bolsa BNDES e Bolsa Família, a gente vai ficando assim. Teremos um dia uma oposição capaz de politizar o que tem de ser politizado, fugindo do demônio do consenso, que é, numa democracia, o que é a censura na ditadura? Não sei. Se e enquanto não o fizer, pode ir brincar de outra coisa. Chegou a hora de conversar com quem, não tendo o Bolsa Família, não tem também uma sobra para depositar na poupança do “esposo”.
                         28/05/2013

Fonte: resistência democrática 2013


http://resistenciademocraticabr.blogspot.com.br/2013/05/voces-tem-de-ver-isto-e-espalhar-pais.html