quarta-feira, 22 de maio de 2013

Argentina e Brasil puxam piora no clima econômico da AL


A deterioração da economia Argentina puxou a piora do clima econômico na América Latina no trimestre encerrado em abril. O recuo das expectativas no Brasil, maior economia da região, ao lado do México, ajudou a agravar o Indicador Ifo/FGV de Clima Econômico da América Latina (ICE), elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) em parceria com o instituto alemão Ifo. A percepção futura e o clima econômico ainda são favoráveis no País, mas vêm se deteriorando desde outubro de 2012, o que acende o sinal amarelo.
O ICE na América Latina recuou de 5,5 pontos no trimestre encerrado em janeiro para 5,2 pontos no trimestre findo em abril. No Brasil, o indicador passou de 5,9 em janeiro de 2013 para 5,6 no trimestre encerrado em abril de 2013, dado ainda positivo, mas abaixo da média histórica dos últimos dez anos (6,1). No caso do Índice de Expectativas (IEX), a desaceleração foi de 7,2 para 6,4 no período. Em ambos os casos vem havendo piora desde outubro de 2012.
"O Brasil, que é uma economia importante na região, não está mostrando um caminho de recuperação. Não são pioras acentuadas, mas acendem o sinal de atenção porque, para crescer, é necessário ter uma trajetória de melhora contínua do clima", diz Lia Valls, pesquisadora do Ibre/FGV.
Confiança
Os especialistas ouvidos na pesquisa destacaram a falta de confiança nas políticas do governo entre os principais problemas enfrentados pelo Brasil, com 5,3 pontos, o que não ocorreu nas últimas edições da pesquisa em que a pergunta foi feita. Inflação (6,5), falta de competitividade internacional (8,0) e falta de mão de obra qualificada foram outros obstáculos apontados. Pela metodologia, os itens que somam mais de 5 pontos são classificados como problemas.
"Há uma expectativa de alguma piora do investimento e do consumo no mercado brasileiro. E também uma sinalização de dúvida sobre o rumo das políticas econômicas do País", diz Lia.
Principal competidor do Brasil na América Latina, o México não elencou nenhum problema significativo em sua lista. O ICE no país e manteve estável em 5,7 pontos.
Argentina
A situação mais alarmante na América Latina é a da Argentina, cujo Índice de Clima Econômico desabou de 5,2 pontos em janeiro para 3,4 em abril, com forte piora nas avaliações sobre a situação atual e expectativas. Entre os principais obstáculos destacados por especialistas sobre a Argentina estão a falta de confiança nas políticas públicas (7,7 pontos), inflação (8,7), falta de competitividade (7,0), déficit público (6,3) e escassez de capital (6,3).
"A pesquisa mostra que se vislumbra uma piora daqui para frente, pela expressiva falta de confiança na Argentina e o grande peso dado a problemas que afetam o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). As políticas de proteção (comercial) do governo e as mudanças nas regras do jogo complicam a situação do país.", explica a pesquisadora da FGV.
A Argentina e a Venezuela permanecem na lanterna do ranking de ICE da América Latina, medido pela média dos últimos quatro trimestres. O Brasil permaneceu em quarto lugar. O destaque foi o Paraguai, que saltou da oitava para a primeira posição de janeiro para abril, após ter solucionado crises como a febre aftosa e na safra de soja.

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