sábado, 29 de setembro de 2012

Censura na Colômbia!!!

Hoje o terrorismo e todas as suas formas de luta se entronizaram no governo da República da Colômbia. A imprensa livre está amordaçada. Os meios de comunicação são seus cúmplices.

No dia de ontem fomos surpreendidos pela notícia do cancelamento da coluna que José Obdulio Gaviria tinha no jornal El Tiempo.
E digo “surpreendidos” porque jamais esperávamos essa inexplicável reação por parte de um diário que sofreu na própria carne a censura de imprensa na época da ditadura de Rojas, e que teve que enfrentar multidões energúmenas que, justa ou injustamente - esse é outro tema -, atacaram as instalações onde rugiam as rotativas.
Se bem que é certo que depois da morte de Eduardo Santos sua parentela assumiu a direção do prestigioso jornal convertendo-o em um reduto de conchavos e negociatas para esconder os inomináveis pecados luxuriosos de seus novos donos extorquindo os governos aos quais ajudaram a subir, dentro de suas páginas editoriais sempre teve espaço para o mais amplo pluralismo de idéias.
Tanto que o irmão de Juan Manuel Santos - Enrique Santos - não teve nenhum cuidado para fazer apologia do delito exaltando as virtudes terroristas do M-19, grupo ao qual ele mesmo pertencia, desde seus editoriais nos quais também incluiu a férrea defesa dos assassinos de Gloria Lara de Echeverri, que eram seus achegados. Enrique Santos, o amigo de alma de Tirofijo, Fidel Castro e outros bandidos da esquerda terrorista, usou El Tiempo para ganhar simpatias para seu bando de delinqüentes, ao mesmo tempo em que co-inventou a SIP e participou da FLIP para auto-proteger seus apoios midiáticos ao terrorismo sob o guarda-chuva dessas entidades, supostas defensoras das liberdades de imprensa.
El Tiempo, pois, da época de seu fundador Eduardo Santos, um jornal exemplar em decoro e esmero, foi se convertendo à força nas mãos de seus herdeiros em um instrumento para saciar seus apetites de poder e ilicitudes.
Depois de algumas reviravoltas, o jornal caiu em um ostracismo vergonhoso que viu-se refletido em uma pauta pobre que o teve a beira de várias crises. Somente o salva-vidas de um de seus donos - o presidente Juan Manuel Santos - manteve o jornal em circulação. Milhares de milhões de pesos mensais são girados desde todas as entidades do Estado com destino a El Tiempo que, em contrapartida, obedece todas as ordens que emanam desde o gabinete do presidente camarada que, por sua vez, repica as exigências de seus novos melhores amigos, Chávez e Timochenko.
O atual diretor de El Tiempo, Roberto Pombo, é próximo ao governo. É casado com Juanita Santos, prima do camarada presidente Juan Manuel Santos, e é primo da chanceler María Ángela Holguín (também familiar de Juan Manuel Santos). Pombo logo esqueceu o que escreveu em 2004 contra a censura à imprensa que os grupos terroristas, em especial as FARC, exerceram: 
“Os guerrilheiros, por sua parte, também foram contaminados pelo tráfico de drogas. A cobrança por proteção de cultivos de coca e, em alguns casos, as operações de narcotráfico de algumas de suas frentes acabaram por gerar na Colômbia uma lógica perversa que subsiste ainda hoje, e que consiste em que o narcotráfico é de extrema direita em sua relação com setores do para-militarismo, e de extrema esquerda enquanto se vincula com frações da guerrilha. Esse enfrentamento entre paras e guerrilha foi, nos últimos 10 anos, o principal motivo de ameaça ao exercício do jornalismo”.
Hoje, graças ao dinheiro que chega aos seus bolsos, procedente de nossos impostos e manipulados a seu bel prazer pelo governo, para Roberto Pombo as FARC não são nem seqüestradores nem narcotraficantes, e por José Obdulio se haver atrevido a dizer que sim, continuam sendo, foi demitido de El Tiempo.
“A guerrilha, por sua parte, com uma longa tradição na luta irregular contra o Estado e suas Forças Armadas, e em alguns casos contra a infra-estrutura de produção, aperfeiçoou através dos anos o abominável delito do seqüestro como uma de suas formas fundamentais de financiamento. Agora já se ouvem claras ameaças aos jornalistas, como objetivos de possíveis seqüestros, para conseguir uma troca de reféns por prisioneiros de guerra. A sacola de permutáveis da guerrilha já conta com centenas de militares e dezenas de políticos seqüestrados”.
Mas Roberto Pombo, apesar de conhecer as ameaças dessa guerrilha contra José Obdulio Gaviria, hoje se engasga de marmelada orçamental que o obriga a atacar a liberdade de imprensa que diz defender.
“O jornalismo é objetivo militar dos terroristas e é, ao mesmo tempo, seu prisioneiro. Na primeira condição, o desafio dos meios de comunicação é o de não sucumbir ao temor inevitável que produz apenas a idéia de que um jornal ou um jornalista em particular possam se converter em uma de suas vítimas...”.
Triste que o diretor de um jornal como El Tiempo aplique com descaramento o que condena: a censura de imprensa a um jornalista de opinião que enfrentou o terrorismo sem mais armas que sua pena, e sem mais escudo que sua decisão e amor pela verdade. No Foro “Meios de comunicação e justiça transicional”, realizado em Bogotá, em 6 de outubro de 2011, Roberto Pombo propôs aos diretores de meios de comunicação presentes que fizessem uma aliança contra o pensamento de Álvaro Uribe. Ele solicitou que todos conformassem uma frente para publicar “a mesma coisa” contra Uribe. Ele disse assim: “Deve-se fazer uma frente contra os inimigos da paz, a imprensa colombiana deve fazer uma aliança para publicar a mesma coisa a favor desse processo”.
Triste que Roberto Pombo, um jornalista que não cobriu em sua vida nem um acidente de trânsito, censure José Obdulio Gaviria por se arriscar a encarar as FARC de frente para recriminar sua trajetória terrorista semeada de seqüestros, assassinatos, massacres, narcotráfico, violações a menores de idade, minas terrestres, degolamentos, esquartejamentos, apunhalamentos de jovens e grávidas, além de outras atrocidades.
Porque é isso o que estão castigando a José Obdulio Gaviria. Isso, e o se atrever a mencionar que neste país há seqüestrados de primeira, segunda e terceira categoria.
José Obdulio não sentiu temor de contar (sem mencionar nomes) que o genro de Manuel Santiago Mejía, Federico Urdaneta, foi seqüestrado pelas FARC e que só bastou que o todo-poderoso Mejía, homem forte do Sindicato Antioquenho, fizesse uma chamada a seu amigo pessoal, Juan Manuel Santos, para que este resolvesse o assunto em um piscar de olhos.
Se o seqüestrado fosse Pedro Pérez, um militar ou um humilde policial, qualquer um deles estaria condenado a apodrecer na selva acorrentado de pés e mãos, enquanto que as FARC e o governo saem a dizer em coletivas de imprensa que não têm seqüestrados, ao mesmo tempo em que se empanturram com leitoa, caviar, tripa assada, lagosta e bebidas de todas as marcas, pagos - certamente, e devo dizê-lo de novo - com nossos impostos.
José Obdulio pôs o dedo na ferida e este governo chavista o censurou sem nenhum recato. A Fernando Londoño lhe colocaram uma bomba lapa para que voasse em mil pedaços; a José Obdulio lhe puseram outra mais dissimulada. Timochenko já havia enviado uma mensagem desafiadora via Tweeter para José Obdulio Gaviria anunciando-lhe que ele, o terrorista, se encarregaria de tirá-lo do jogo. E cumpriu.
Só falta que este mesmo bandido cumpra a outra ameaça a José Obdulio: que o assassinará, cedo ou tarde. Essa é uma hora terrível para a Colômbia. Hoje o terrorismo e todas as suas formas de luta se entronizaram no governo da República da Colômbia. A imprensa livre está amordaçada. Os meios de comunicação são seus cúmplices. Os bandidos são os donos das nossas vidas.


Tradução: Graça Salgueiro

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