Presidenciáveis engavetam projeto de palanque pop
Luciana Nunes Leal | Agência Estado
No esforço de se apresentarem ao eleitorado do Rio de Janeiro, o mineiro Aécio Neves (PSDB) e o pernambucano Eduardo Campos (PSB), prováveis candidatos à Presidência em 2014, sonharam alto, sondaram personalidades fora da política, imaginaram palanques alternativos que lhes dessem projeção no terceiro maior colégio eleitoral do País. Agora, no entanto, já trabalham com um cenário mais "pé no chão". Aécio intensificou as conversas com o DEM do ex-prefeito Cesar Maia, depois de tentar em vão levar para a política personalidades como o apresentador Luciano Huck e o técnico de vôlei Bernardinho. O PSB está com as portas abertas para o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, e para o senador petista Lindbergh Farias, pré-candidato ao governo do Estado, mas sabe que as chances de eles se filiarem é pequena. Diante desse quadro, a possível candidatura do deputado Miro Teixeira, do PDT, é saudada como uma boa opção de aliança para os socialistas. Outra alternativa para garantir um palanque para Campos é a candidatura do ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão, filiado ao PSB. Efeito Cabral No Estado em que o eleitorado mostra simpatia pela "terceira via" (na disputa presidencial de 2010, Marina Silva, do PV, ficou na frente do tucano José Serra e, em 2006, Heloísa Helena, do PSOL, chegou a 17% dos votos), o desafio de Aécio e Campos é abrir brechas na fortíssima coligação do governador Sérgio Cabral (PMDB), reeleito com apoio de 15 partidos, entre os quais o PT, o PSB e do PDT, que têm cargos no governo do Estado. Na tentativa de evitar que o PT seja o primeiro a romper a aliança, Cabral ameaça não apoiar a reeleição da presidente Dilma se Lindbergh Farias não desistir de disputar o governo estadual em favor do pré-candidato do PMDB, o vice-governador Luiz Fernando Pezão. O cenário atual, no entanto, é de manutenção da candidatura petista. O PMDB fluminense diz que não aceita o palanque duplo para Dilma em hipótese alguma. "O Rio é o Estado onde o movimento dos outros, por enquanto, é mais importante que o nosso. Existe uma relação estressada entre o PT e o PMDB, o Miro ensaia concorrer, o que vemos com bons olhos. Estamos prestando atenção nesses movimentos", diz um dos mais próximos aliados de Eduardo Campos, o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS). O PSB nacional ainda tem que administrar a insatisfação do presidente regional do partido, Alexandre Cardoso. Prefeito de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ele defende a manutenção da aliança com o PMDB. Outro obstáculo é a incerteza sobre o futuro do deputado e ex-jogador Romário. "O Alexandre é um histórico companheiro nosso e o Romário é nosso candidato ao Senado", diz Beto Albuquerque, afastando a hipótese de rompimento com os dois aliados. Romário prefere tentar a reeleição. No caso de Aécio, as dificuldades também são grandes: o PSDB e o DEM, aliado preferencial dos tucanos, perderam importância no cenário político fluminense. Nas eleições municipais, os dois partidos tiveram candidatos a prefeito da capital, com resultado desanimador. O deputado Rodrigo Maia (DEM) teve 5% e o tucano Otávio Leite (PSDB), 3%. Agora, Otávio insiste que o PSDB deve ter candidato próprio ao governo, mas Aécio tem discutido uma aliança com o ex-prefeito e agora vereador Cesar Maia, pré-candidato ao governo. "O DEM-RJ terá candidato. Não necessariamente eu. Se surgir um nome forte estamos abertos, mas desde que seja com o número 25. Sobre candidato do DEM (à Presidência da República), há segmentos, como nós, no Rio, que queremos Aécio. Mas da Bahia para cima e em Goiás, o nome de Eduardo Campos é ainda mais forte", diz Cesar Maia. "Ideal para nós é o apoio do PSDB-RJ a um nome do 25. Aceitamos sugestões deles com muito prazer", conclui o ex-prefeito. Garotinho Outro pré-candidato de oposição à sucessão de Cabral é o ex-governador e deputado Anthony Garotinho (PR). Líder do PR na Câmara, Garotinho tem conversado com parlamentares do PSB, partido pelo qual concorreu à Presidência da República em 2002, mas está propenso a ficar neutro na disputa presidencial. A decisão seria motivada por pesquisas qualitativas do partido que mostram que os simpatizantes de Garotinho têm preferências diferentes entre os candidatos a presidente: muitos evangélicos têm intenção de votar em Marina Silva; eleitores da Baixada Fluminense pensam em votar em Dilma Rousseff e, no interior, há uma parcela que prefere o PSDB. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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