Zagueiro Rodrigo De Lazzari (centro) quer ser bacharel em física, sua grande paixão
13/01/2013 - 06h00
Zagueiro dá show no vestibular e passa em física na Federal do PR, mas lamenta não poder cursar
Francisco De Laurentiis
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
Na última quinta-feira, o zagueiro Rodrigo De Lazzari, do Salgueiro-PE, recebeu uma mensagem de seu irmão, de Curitiba. A notícia lhe pegou de surpresa: ele havia passado em física na UFPR (Universidade Federal do Paraná), graças a um bom desempenho no Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio e também no vestibular da Federal, que ele acabou prestando por estar lesionado.
A primeira sensação foi de felicidade, mas depois veio a frustração: devido aos cerca de 2,2 mil quilômetros que separam Salgueiro da capital paranaense, ele não poderá tornar-se bacharel, já que não terá como conciliar os estudos com os treinos e jogos da equipe pernambucana.
Em conversa com o UOL Esporte, De Lazzari, de 32 anos, falou sobre o sucesso no vestibular, a paixão pela física e sua carreira itinerante no futebol, que inclui passagem pelo futebol italiano e por diversos times do Brasil, como Paranavaí-PR, Chapecoense-SC e Noroeste-SP.
Confira o bate-papo com o zagueiro:
UOL Esporte: Como ficou sabendo que havia passado no vestibular?
Rodrigo De Lazzari: Eu tinha até esquecido que ia sair o resultado. Até estava dando uma olhada em alguns sites do Paraná, mas não sabia que dia ia sair a lista dos aprovados. Aí chegou uma mensagem do meu irmão falando que eu tinha passado. Fiquei bastante surpreso, não estava esperando por essa.
Rodrigo De Lazzari: Eu tinha até esquecido que ia sair o resultado. Até estava dando uma olhada em alguns sites do Paraná, mas não sabia que dia ia sair a lista dos aprovados. Aí chegou uma mensagem do meu irmão falando que eu tinha passado. Fiquei bastante surpreso, não estava esperando por essa.
UOL Esporte: Por que você fez o Enem e o vestibular?
Rodrigo De Lazzari: Eu estava lesionado (teve uma bursite crônica no tendão da perna esquerda) e fui para Curitiba me tratar. Enquanto estava por lá, resolvi fazer o Enem e depois acabei prestando o vestibular, mais para fazer alguma coisa, mesmo. No fim, acabei passando.
UOL Esporte: Chegou a estudar bastante ou foi de "aventureiro"?Rodrigo De Lazzari: Eu estava lesionado (teve uma bursite crônica no tendão da perna esquerda) e fui para Curitiba me tratar. Enquanto estava por lá, resolvi fazer o Enem e depois acabei prestando o vestibular, mais para fazer alguma coisa, mesmo. No fim, acabei passando.
Rodrigo De Lazzari: Dei uma olhada em algumas coisas na internet, mas já faz muito tempo que parei de estudar. Até fiz dois anos de administração de empresas (na PUC do Paraná, mas não completou) quando estava começando a carreira (de jogador), mas nunca mais peguei firme. Eu me mantive bem informado, leio bastante e gosto de estudar e aprender. Acho que isso pesou bastante. No Enem, caem muitas questões de conhecimentos gerais, atualidades, e nisso eu estou por dentro.
UOL Esporte: Achou as provas difíceis?
Rodrigo De Lazzari: Não achei, não. Minha grande dificuldade foi lidar com as questões de matérias que não via desde o tempo da escola, como química e biologia. Mas conhecimentos gerais, português, física e matemática, que eu sempre tive facilidade, foi tranquilo.
UOL Esporte: E agora? Vai continuar jogando ou cursar física?
Rodrigo De Lazzari: Infelizmente, acho que não vou poder cursar, pois seria inviável. Mas, na verdade, ainda tenho que ver isso direito, ainda nem tive tempo de olhar e já já estou saindo pra um jogo-treino do Salgueiro. Pela minha colocação (no vestibular), eu teria que começar o curso no segundo semestre (de 2013). Vou fazer uma procuração pra minha esposa tentar fazer a matrícula em Curitiba, mas não sei se será possível, acho que para trancar (a matrícula) tem que cursar pelo menos um semestre. É muito provável que eu não possa fazer, mas futebol tem muitas surpresas. Veja o meu caso, mesmo. Uma hora você machuca e vai se tratar em casa, outra hora acaba o contrato, nada é garantido. Se não for possível fazer agora, pensarei nisso novamente no futuro.
UOL Esporte: E por que escolheu a física?
Rodrigo De Lazzari: Eu sempre gostei muito de física, desde os tempos da escola, e certamente pretendo cursar quando encerrar. Quero muito adquirir esse conhecimento, é um tema que me interessa muito. Mas, por enquanto, tenho 32 anos e ainda estou bem, vou jogar até quando eu me achar produtivo para o futebol. Mas, depois que parar, pretendo estudar.
ZAGUEIRO APROVOU A ITÁLIA
- Rodrigo De Lazzari jogou no Siena entre 2007 e 2008: "Aprendi muito no futebol de lá", disse o zagueiro
Rodrigo De Lazzari: Gostaria de trabalhar na área depois, talvez ser professor, mas não sei, está um pouco longe ainda. Tem jogador hoje em dia jogando até os 40 anos, nunca se sabe como vai ser, né? A física não é uma área que estava com o mercado aquecido atualmente, pelo menos no Brasil, mas não tem problema. Quero muito poder estudar.
UOL Esporte: É possível aplicar o que você sabe de física ao futebol?
Rodrigo De Lazzari: É muito difícil. O esporte e a disciplina não se parecem nada. Claro que sempre há a possibilidade de se aplicar conhecimentos no futebol, mas tem muitos outros fatores envolvidos. Impossível calcular a cinemática do chute, o vetor da força em uma cobrança de falta... Até acredito que existam estudos nesse sentido, mas é muito complicado.
UOL Esporte: Como foi parar no Salgueiro-PE?
Rodrigo De Lazzari: Eu estava no Noroeste (de Bauru-SP) e meu empresário me indicou aqui. O técnico é o Marcelo Chamusca (irmão de Péricles Chamusca, treinador da Portuguesa), que conhecia meu futebol do tempo do Avaí. Eu joguei muito contra eles pela Chapecoense (time pelo qual foi campeão catarinense), e meu nome foi aprovado.
UOL Esporte: E você passou também pelo futebol italiano, certo?
Rodrigo De Lazzari: Sim, joguei no Siena entre 2007 e 2008, e também fui emprestado para algumas equipes menores. Foi um tempo muito bom. A Itália é um país muito parecido com o nosso, culturalmente falando. Aprendi muito no futebol de lá, principalmente na parte tática. Foi excelente morar fora, conhecer uma cultura diferente. Isso agrega demais.
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