Mesmo indiciada por formação de quadrilha, falsidade ideológica, tráfico de influência e corrupção ativa, Rosemery Nóvoa Noronha continua com privilégios dignos de uma ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo que é a melhor amiga do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Rose conseguiu permissão especial para entrar e sair pela garagem do Fórum Criminal, sem ser vista pela imprensa, sempre que for prestar depoimentos.
Embora o procedimento seja absolutamente dentro das normas, indica que Rose recebe tratamento especial como investigada na Operação Porto Seguro.
A cada 15 dias, Rose tem a obrigação de se apresentar à juíza Adriana Zanetti, da 5.ª Vara Federal Criminal.
Mas não se sabe se ela entregou à Justiça o Passaporte diplomático que sempre usou nas viagens que fez sozinha ou acompanhando o chefe Lula – que até agora sequer foi convidado a prestar esclarecimentos sobre o comportamento da afilhada e sua relação pessoal ou de “trabalho” com ela.
Nos bastidores petistas e no governo, a orientação é anular ao máximo qualquer exposição de Rose – principalmente no noticiário.
A mídia amestrada pelas grandes verbas oficiais já vem noticiando o mínimo ou nada do Rosegate. Além disso, nenhuma das suspeitas sobre ações de negócios e viagens ao exterior fora da agenda oficial de Rose deverão entrar no processo da Operação Porto Seguro.
A interpretação do privilégio é bem clara. Como Rose ocupou uma posição na escala mais alta do poder, como melhor amiga e pessoa da mais elevada confiança do ex-Presidente da República, a pseudo-lógica da quase anomia vigente no Brasil lhe concede o suposto direito a uma blindagem.
Nada custa lembrar que esta mesma proteção, em nome do interesse do Estado, da segurança nacional ou da conjuntura econômica, serviu, direitinho, para o nome de Lula ser mantido bem longe do escândalo do mensalão – embora, injustamente, toda culpa tenha sido imposta, pela teoria do domínio do fato, a José Dirceu – que era o ministro-chefe da Casa Civil colado em Lula.
A divina amiga do endeusado Lula já prestou depoimentos “bem longe dos olhares profanos da imprensa” nos dias 7 e 21 de janeiro. Apesar de todas as evidências contra ela, Rose sequer foi detida nas primeiras-horas da operação Porto Seguro.
E nem será depois, pois o caso, quando virar processo, deve demorar os costumeiros quase dez anos para ser julgado.
Da primeira instância até os infindáveis recursos ao Superior Tribunal de Justiça e, depois, ao Supremo Tribunal Federal, ao providencial transcorrer de uma década, os eventuais crimes praticados já terão compensado pela lentidão na aplicação da pena.
A defesa de Rosemary alegou que ela vive com trauma da exposição a que vem sendo submetida desde o estouro da Operação Porto Seguro, em 23 de novembro.
Por isso Rose conseguiu o direito a entrada e saída pelas portas dos fundos do Judiciário.
É como se a apadrinhada de Lula fosse um diamante raro que precisa ser protegido dos olhares da mídia e da sociedade, e não como alguém que terá de responder à Justiça como suposta líder de um megaesquema de compra de pareceres técnicos de órgãos federais.
O tratamento especial dispensado a Rose fere qualquer princípio de igualdade, isonomia.
Para que o caso dela não aparecesse como um privilégio, o Judiciário até deu um jeitinho. A Coordenadoria do Fórum Criminal Federal de São Paulo editou a portaria 6/2013.
A regra prevê que qualquer juiz poderá solicitar “o isolamento temporário e extremamente necessário dos acessos e/ou passagens pelos corredores e halls das entradas principais e dos elevadores, com apoio da Seção de Segurança do Fórum e até de reforço policial, a fim de garantir e preservar a integridade física das partes envolvidas nos autos dos processos”.
O texto da portaria também recomenda aos jornalistas que tiverem interesse em fazer imagens na parte interior do fórum com câmera de vídeo, máquina fotográfica ou similares “devem requerer autorização prévia via petição aos respectivos juízos das varas”.
Protesto indevido
A petralhada usa um argumento estúpido nas redes sociais para tentar minimizar os efeitos negativos da antipremiação concedida a Lula, por voto popular virtual, no último domingo: o Troféu Algemas de Ouro 2012.
Os fanáticos seguidores do anti-homenageado chefão da Rosemary alegam que Altamir Tojal, que é ligado ao PSDB e ao Instituto Millenium, foi o responsável pelo movimento 31 de julho que deu a “honraria” a Lula e organiza passeatas contra o PT.
A grande pergunta a se fazer aos petralhas é: por acaso a presença ou não do Tojal no evento tira os méritos do dourado algemado virtual?
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