O bispo emérito de São Félix do Araguaia (MT), dom Pedro Casaldáliga, 84, retornou a Mato Grosso após três semanas escondido em Goiás devido a ameaças de morte.
O bispo defende o direito de posse dos índios xavantes sobre a terra indígena Marãiwatsédé, no nordeste do Estado. Por isso, estava sendo ameaçado por posseiros.
Os não índios foram obrigados pela Justiça, em novembro, a desocupar a área de 165 mil hectares em que viviam desde 1992.
Sérgio Lima - 04.nov.2003/Folhapress |
Dom Pedro Casaldáliga no plenário da Câmara dos Deputados durante sessão solene em sua homenagem em 2003 |
O padre Paulo Santos, assistente do religioso que se refugiou com ele, disse à Folha que ambos retornaram a São Félix no dia 29. Eles haviam ido para Goiás em 7 de dezembro, após recomendação do governo federal.
A volta de Casaldáliga foi discutida com representantes do governo. A decisão levou em conta o apaziguamento da situação na região.
A Secretaria-Geral da Presidência da República diz não haver mais resistência. As poucas famílias de não índios remanescentes aguardam caminhões de mudança.
Segundo Santos, dom Pedro Casaldáliga recusou a oferta de segurança feita pelo Planalto no refúgio e no trajeto de volta e só dará entrevistas quando a situação estiver resolvida.
"A gente quer evitar qualquer impasse nesse momento", disse o padre, referindo-se à retirada de posseiros.
Santos não quis informar em que cidades se esconderam, pois teme necessitar novamente de refúgio.
Ele diz que as ameaças -- que são investigadas pela Polícia Federal-- não foram feitas diretamente ao bispo.
Fundador da Comissão Pastoral da Terra e do Conselho Indigenista Missionário, o bispo ganhou notoriedade internacional ao denunciar atos de madeireiros, policiais e grandes proprietários rurais no regime militar, época em que os xavantes foram expulsos de suas terras.
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