quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Falando de Educação....

Universidades americanas fazem 'ofensiva' por alunos no Brasil 

    • Universidade do Norte do Texas/Divulgação
    • Universidade do Norte do Texas (UNT) é uma das instituições dispostas a atrair estudantes brasileiros  Universidade do Norte do Texas (UNT) é uma das instituições dispostas a atrair estudantes brasileiros
    O Brasil receberá no fim deste mês a maior missão de universidades americanas de todos os tempos, o mais expressivo cortejo dessas instituições para atrair alunos brasileiros para seus corpos discentes.

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    Entre 30 de agosto e 5 de setembro, 66 universidades dos Estados Unidos participarão de feiras estudantis em Brasília, São Paulo e Rio, dez a mais que o grupo que viajou recentemente para a Indonésia e o Vietnã, até então a missão mais numerosa.
    Recentemente alçado à posição de 6ª maior economia do planeta, com uma população de poder aquisitivo crescente, precisando investir em qualificação da mão-de-obra e inovação, e com dinheiro em caixa para tal objetivo, o Brasil já virou alvo da estratégia de atração de talentos de instituições de ensino estrangeiras.

    Em maio, o país recebeu uma missão de universidades canadenses, e nesta semana a prestigiosa Universidade de Oxford, na Inglaterra, enviou seu alto escalão a São Paulo para anunciar a concessão de uma nova linha de bolsas integrais financiadas com dinheiro do governo federal brasileiro.

    "Vivemos num mundo cada vez mais interconectado e as universidades estão reconhecendo que precisam estar engajadas internacionalmente. Quando você pensa nos países com os quais é preciso construir um relacionamento, o Brasil entra na lista de todo mundo", disse à BBC Brasil o subsecretário americano de Comércio dos Estados Unidos, Francisco Sánchez, que vai liderar a missão americana.

    A visita está sendo encabeçada pela agência de promoção de exportações americana porque, do ponto de vista americano, cada estudante brasileiro está comprando um serviço exportado pelos Estados Unidos.

    Mas neste caso, lembra a secretária brasileira de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, as ligações "incorporam parcerias dos dois lados".

    "Há uma convergência com o interesse brasileiro de manter contato com sistemas educacionais competitivos em termos de tecnologia e inovação, nosso interesse em estabelecer parcerias em áreas prioritárias e nosso interesse em que pesquisadores brasileiros possam ter treinamento especializado no exterior", disse a secretária à BBC Brasil.

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    Foto 2 de 6 - Na área da Universidade da Pensilvânia, há cursos de "Neurologia", "Cálculo", "Poesia americana moderna e contemporânea", "Mitologia grega" e outros Mais Bryan Y.W. Shin/Flickr
    Abocanhando espaço
    A área educacional foi a que mais recebeu atenção durante a visita da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos em abril.

    A presidente enfatizou o programa Ciência Sem Fronteiras, cuja meta é custear 100 mil bolsas de estudo nas áreas científicas até 2015, a maioria para estudantes e pesquisadores brasileiros no exterior. Os Estados Unidos querem receber entre um quinto e metade desses bolsistas.

    No período letivo que começou no outono de 2010 e terminou no verão de 2011, as universidades americanas tinham cerca de 8,7 mil brasileiros matriculados. O número representa um aumento de 23% em relação ao número de cinco anos antes, mas tem permanecido quase inalterado nos últimos três.

    Em comparação, o número de chineses não parou de subir: aumentou 89% em cinco anos, saltando de menos de 68 mil estudantes para quase 128 mil.

    Já os indianos, que um dia já tiveram a maior presença nas universidades americanas, tiveram um aumento de 25%, para 104 mil matriculados.

    "Uma razão que explica o maior número de chineses e indianos nas nossas universidades é a questão demográfica. Mas os programas de bolsas de estudo têm muita influência", disse à BBC Brasil o diretor do setor internacional da Universidade do Norte do Texas (UNT), Pieter Vermeulen.

    Desde 2009, Estados Unidos e China mantêm uma iniciativa bilateral chamada 100.000 Strong (algo como "Fortes como 100 mil", em tradução livre), cujo objetivo é levar 100 mil alunos americanos a estudar no país asiático.

    Em maio de 2011, o presidente Barack Obama anunciou a mesma parceria para as Américas, com o objetivo de ter 100 mil alunos americanos estudando nos países latino-americanos, e mesmo número de estudantes viajando no sentido contrário.

    "Estamos nos focando no Brasil porque esperamos que o Ciência Sem Fronteiras possibilite que mais estudantes, que antes não podiam vir estudar nos Estados Unidos, agora venham", disse Vermeulen.

    Valor agregado

    A intensa agenda educacional responde diretamente aos esforços, no norte e no sul do continente, para agregar valor à relação bilateral das duas principais economias hemisféricas.

    As trocas entre Brasil e Estados Unidos somaram US$ 60 bilhões em 2011 e corresponderam a cerca de 12% do total de intercâmbios do Brasil com o mundo. Foi um valor menor que o trocado com a China (US$ 77 bilhões).

    Entretanto, por trás destes números estão agendas comerciais bem diferentes. Enquanto a relação comercial do Brasil com a China se baseia principalmente no comércio de commodities, com os Estados Unidos é mais forte a presença de produtos agregados, uma tendência que o governo brasileiro pretende estimular.

    Tatiana Prazeres diz que considera os Estados Unidos como "o grande destaque da balança comercial do Brasil em 2012".

    No acumulado de janeiro a julho, as exportações do Brasil para o vizinho do norte cresceram 16%. Já somam quase US$ 35 bilhões. Ao mesmo tempo, as exportações totais do país para o resto do mundo registraram uma pequena queda de 1,7%.

    "Em um ano marcado por uma crise internacional aguda, em que o comércio mundial cresce num ritmo bastante lento, esse crescimento das exportações do Brasil para os Estados Unidos é bastante expressivo", diz a secretária de Comércio Exterior.

    Mesmo excluindo-se o petróleo, item de commodity que teve alta no mercado internacional, as demais exportações subiram 13%.

    Durante o mesmo período, o déficit comercial do Brasil se reduziu de US$ 4,6 bilhões para US$ 2,5 bilhões, mostrando que as exportações brasileiras, entre as quais estão manufaturados como motores para gerar energia eólica, mantiveram seu valor.

    "As exportações de produtos de maior valor agregado para os Estados Unidos crescem e contribuem para o resultado positivo do nosso comércio", observa.

    Abrindo portas

    A expectativa é de que o maior volume de intercâmbios educacionais reforce esta dinâmica.

    No curto prazo, as iniciativas reforçariam a "conta" americana de educação e treinamento, que já estão na lista dos dez principais produtos de exportação dos Estados Unidos.

    Há mais de 690 mil estudantes estrangeiros matriculados nas universidades americanas, que contribuem com um valor estimado em US$ 21 bilhões para a economia, entre gastos com mensalidades e custeio de vida. Estima-se que os brasileiros contribuam com US$ 257 milhões deste total.

    Entretanto, no longo prazo os intercâmbios têm efeitos "que vão além da questão educacional", aponta Tatiana Prazeres.

    "São parcerias científico-tecnológicas, parcerias de negócios que se abrem, oportunidades de investimentos que surgem, enfim, é um estreitamento de vínculos e um adensamento da relação entre os dois países."

    Governo estuda aumento do repasse para 10% do PIB para educação
    KELLY MATOS
    DE BRASÍLIA

    A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, admitiu nesta terça-feira (21) que o governo poderá aceitar a previsão de reservar 10% do PIB do país para a educação caso os parlamentares indiquem uma fonte de recursos para o investimento.
    De acordo com a ministra, o Planalto aceitaria negociar, por exemplo, se os recursos dos royalties do petróleo pudessem ser vinculados a esse gasto.
    "Se houvesse a garantia de que esses recursos dos royalties do pré-sal pudessem ser destinados à educação, seria possível ampliar alem dos 8% que o governo já havia se comprometido. Poderíamos chegar até os 10%. Mas tem que ter a fonte. Tem que ter de onde vai sair o dinheiro", disse a ministra após participar de reunião com líderes de partidos da base aliada no Palácio do Planalto.
    O governo tem se mostrado contrário a destinação dos 10% do PIB para a educação desde que o índice foi aprovado na Comissão Especial que trata sobre o PNE (Plano Nacional de Educação). O ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a dizer que se o projeto fosse adiante poderia "quebrar o país". O Planalto, então, decidiu apoiar a apresentação de um recurso para que o tema fosse discutido no plenário da Câmara, protelando a discussão. Se seguisse o rito normal de tramitação, o projeto seguiria direto para o Senado.
    "Debater em plenário a questão do PNE é uma necessidade de que o debate seja feito pela totalidade de deputados. Fundamentalmente para debater de onde virão os recursos para assegurar que esse percentual a ser definido tenha viabilidade de execução", explicou Ideli.
    De acordo com a ministra, a proposta para que a origem dos recursos seja vinculada aos royalties já havia sido levantada pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante. "É um debate que inclusive o ministro Aloizio Mercadante já pautou quando foi ao Congresso, como uma das possibilidades. Agora é fundamental que o Plenário da Câmara se manifeste, se vai ou não aceitar que isto seja considerado como uma hipótese de financiamento", afirmou Ideli.
    A ministra, no entanto, afirmou que o governo não pretende apoiar a votação sobre os royalties enquanto estiver ocorrendo o período eleitoral.
    "Este assunto pela polêmica que ele comporta e pela paixão que ele suscita esperamos que não fosse votado nem deliberado em pleno período eleitoral, porque aí a contaminação é bastante acentuada. Mas essa é uma matéria que será votada. Mais cedo ou mais tarde, vai ser votada", disse.


    10% do PIB para educação equivale a duas CPMFs, diz Mercadante
    FLÁVIA FOREQUE
    DE BRASÍLIA

    O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, voltou a questionar nesta terça-feira a decisão da comissão especial da Câmara dos Deputados de aumentar os gastos públicos em educação para 10% do PIB (Produto Interno Bruto). Atualmente, o país destina cerca de 5% do PIB para o setor.
    O índice é um dos pontos mais polêmicos do PNE (Plano Nacional de Educação), que define metas e estratégias para o setor num período de dez anos.
    "10% [do PIB para educação] equivale a duas CPMFs [imposto destinado à área de saúde, extinto em 2007]. Evidentemente não tem espaço na economia brasileira para aumentar a carga tributária", afirmou o ministro após cerimônia de posse de novos integrantes do CNE (Conselho Nacional de Educação).
    Mercadante afirmou que o ministério era favorável ao percentual de 7,5%, defendido no parecer do deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), relator da matéria na Câmara. O percentual foi ajustado para 8% e, após pressão de entidades ligadas ao setor, aumentado para 10%.
    O texto será agora debatido no Senado Federal.
    FONTE DE RECURSOS
    Mercadante afirmou que o debate deve ser aprofundado agora no Senado, por meio de uma definição da fonte de recursos para esse aumento de gastos em educação.
    "Se não tem espaço para aumentar a carga tributaria, (...) você tem que tirar [recursos] de outras áreas e o Congresso precisa dizer quais são as fontes. Como é que você vai fazer esse aumento do orçamento?", questionou.
    Como alternativa, o ministro defende que sejam vinculados os gastos do setor aos recursos do pré-sal. "É uma riqueza nova, que não foi repartida. É mais fácil de dividir o que não foi dividido."
    Ele afirmou ainda que a pasta quer "aprimorar" outros trechos do PNE, como aquele que trata da educação inclusiva.
    Governo tenta frear proposta de 10% do PIB para educação
    KELLY MATOS
    DE BRASÍLIA

    Na tentativa de frear o avanço da proposta que aumenta os gastos públicos com educação para o equivalente a 10% do Produto Interno Bruto em um período de 10 anos, o governo federal definiu na tarde de ontem uma estratégia com deputados do PT.

    A bancada, que votou em peso a favor do projeto na comissão especial da Câmara, foi cobrada por interlocutores da presidente Dilma Rousseff. A estratégia agora é apresentar um requerimento para que o tema seja discutido no plenário da Câmara, ao invés de seguir diretamente para o Senado.
    Segundo a Folha apurou junto ao Palácio do Planalto, a ideia do governo é utilizar a votação em plenário para "enfraquecer" o projeto. Se a proposta chegar com menos força no Senado, o governo acredita que conseguirá convencer os senadores da base a derrubarem o texto.
    Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a dizer que, se o Congresso aprovar o percentual de 10% do PIB para a educação, pode "quebrar o Estado brasileiro".
    O governo também tem argumentado com a base aliada que é temerário aprovar propostas que comprometam as finanças públicas em um cenário de crise econômica internacional.
    Ontem, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, esteve na Câmara dos Deputados discutindo o assunto com parlamentares do PT. A ministra pediu responsabilidade dos parlamentares petistas com a questão dos gastos públicos e acertou a votação contra o projeto quando ele for submetido à votação em plenário.
    Atualmente, o país destina cerca de 5% do PIB para a educação. O novo índice é um dos pontos mais polêmicos do PNE (Plano Nacional de Educação), que define metas e estratégias para o setor num período de dez anos.
    Também ontem, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, voltou a criticar a aprovação dos 10% durante audiência pública no Congresso. Mercadante cobrou dos parlamentares a definição da fonte de recursos para pagar o investimento adicional proposto pela Câmara dos Deputados.


    26/06/2012 - 20h37

    Comissão especial da Câmara aprova 10% do PIB para educação

    FLÁVIA FOREQUE

    DE BRASÍLIA

    A reserva de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação foi aprovada nesta terça-feira pela comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa o tema.

    O índice era o ponto mais polêmico do PNE (Plano Nacional de Educação), documento que define metas e estratégias para o setor no período de dez anos. Após a decisão do grupo, o texto pode seguir para o plenário da Casa, caso solicitado por congressistas, e em seguida, será enviado ao Senado Federal.
    O projeto encaminhado pelo Executivo há dois anos previa 7% do PIB para o setor. O relator da matéria, deputado Angelo Vanhoni (PT-PR) sugeriu o percentual de 8%, mas deputados da oposição e entidades ligadas à educação pressionaram por uma reserva de 10%. Hoje, o Brasil destina cerca de 5% do PIB para o setor.
    "Não foi um diálogo fácil [com o governo], porque a área financeira e o país passam por um momento de reconstrução", disse o petista sobre a negociação do percentual.
    Durante todo o debate, o relator afirmou ser contrário aos 10% para a educação, dizendo que o índice tornou-se mais uma "bandeira política" do que uma necessidade de fato. Diante de um plenário lotado por estudantes, no entanto, o relator recuou no último momento.
    "O governo mandou um texto que não correspondia, na nossa visão, às necessidades do nosso país. (...) Eu quero dizer que vou declinar dessa redação do texto e vou acompanhar por unanimidade a comissão", afirmou Vanhoni para um plenário lotado de estudantes da UNE (União Nacional dos Estudantes) e Ubes (União Brasileira de Estudantes Secundaristas).
    A decisão foi comemorada por entidades do setor. "O padrão mínimo de qualidade para todas as matrículas brasileiras não dá pra ser garantido com 8%. (...) O 'problema' do Brasil é que você tem muitos jovens e crianças para serem educados e uma enorme quantidade de adultos que não tiveram educação", disse Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
    PERCENTUAL
    A comissão especial se reuniu hoje para votar 39 destaques apresentados por deputados ao relatório de Vanhoni, aprovado anteriormente. Esses destaques se referem a trechos mais polêmicos do texto que ainda poderiam ser alterados pela comissão.
    Desse total, a maioria foi retirada pelos membros da comissão como forma de acelerar a discussão referente à meta 20, que define o percentual do PIB reservado para educação. A redação final dessa meta definiu o compromisso de ampliar o investimento público em educação "de forma a atingir no mínimo o patamar de 7% do PIB" até o 5º ano de vigência do plano, e "no mínimo o equivalente a 10% do PIB no final do decênio".
    "Para nós, os 10% [do PIB para a educação] é o piso para que o Brasil tome a decisão de concentrar investimento em educação. Porque vem uma década pela frente de oportunidades [com] Copa do Mundo, Olimpíadas. (...) Para ser bem aproveitada, uma das condições fundamentais é o investimento em educação", disse Daniel Iliescu, presidente da UNE.
    REUNIÃO
    A discussão na comissão especial começou com cerca de 1h de atraso, e se prolongou por duas horas, até o momento do início da ordem do dia, no plenário da Casa --quando as reuniões nas comissões devem ser interrompidas, como prevê o regimento interno.
    "A votação ou não agora independe da minha ou da nossa vontade", disse o deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES), presidente da comissão. Diante da pressão dos estudantes para votar ainda hoje, os congressistas suspenderam o debate e retornaram após o fim das votações no plenário da Câmara, na noite de hoje.
    METAS DO PLANO
    Entre as metas definidas no PNE estão, por exemplo, a erradicação do analfabetismo absoluto até o fim do decênio, a oferta de educação em tempo integral em ao menos 50% das escolas públicas e o compromisso de alfabetizar todas as crianças até o final do 3º ano do ensino fundamental.
    Além do percentual do PIB, os deputados alteraram hoje a meta que trata do salário dos professores da educação básica. Até então, o compromisso previsto no PNE era igualar o rendimento desses profissionais aos demais com escolaridade equivalente no último ano de vigência do plano.
    Com a mudança aprovada hoje pelos deputados, essa meta foi antecipada: a equiparação deve ser atingida ao final do sexto ano de vigência do plano. "Se a gente quer que a próxima década seja de valorização salarial dos profissionais da educação, eu peço aprovação da proposta", disse a deputada Fátima Bezerra (PT-RN), uma das autoras do destaque.

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