Argentina apela contra ordem judicial para pagar dívida
Juiz americano Thomas Griesa, de Nova York, determinou pagamento adicional de US$ 1,33 bilhão a credores do país, que pode declarar nova moratória
Presidente da Argentina Cristina Kirchner durante evento na Universidade de Harvard em Cambridge, Massachusetts (Jessica Rinaldi/Reuters)
A Argentina apelou nesta segunda-feira da decisão do juiz federal americano Thomas Griesa, que ordenou ao país
pagar 1,33 bilhão de dólares, até 15 de dezembro, a detentores de bônus argentinos não renegociados e que remontam ao calote dado por Buenos Aires em 2001. "Os advogados que representam a República Argentina perante as cotes judiciais do estado de Nova York apresentam um escrito solicitando tratamento de urgência para que se suspendam os efeitos da ordem que (o juiz Thomas) Griesa ditou na quarta-feira passada", informou o Ministério da Economia argentino em comunicado.
Em uma decisão que abre caminho para uma possível nova moratória do país governado por Cristina Kirchner, o juiz ordenou à Argentina que pagasse valores devidos a credores de um fundo que exigem a reintegração de 100% dos bônus soberanos em seu poder, após rejeitar a renegociações da dívida propostas em 2005 e 2010 pelo governo argentino. Buenos Aires terá que desembolsar ainda outros 3,3 bilhões de dólares, mas este valor é resultado de dívidas renegociadas.
Em linha com o governo argentino, credores que aceitaram as reestruturações da dívida também solicitaram nesta segunda-feira ao tribunal de apelações de Nova York que suspenda temporariamente a decisão de Griesa. "Confiamos que o Tribunal de Apelações dirá que essa decisão é um erro", disse Sean O'Shea, advogado do fundo Gramercy, parte dos 93% que aceitaram novos títulos com perdas de até 70% em troca dos papéis que ca[íram na moratória de 2001.
A decisão do juiz Griesa poderá afetar os pagamentos de dívida pendentes da Argentina para dezembro, o que pode levar o país a uma situação de calote técnico e provocar sérias dificuldades financeiras. O governo argentino tem a intenção de esgotar todas as vias legais para derrubar a decisão do magistrado de Nova York.
Por Gabriela Antunes | Especial para o Valor
LOS CARDALES - A presidente da Argentina, Cristina Fernández Kirchner, afirmou, nesta quarta-feira, 28, que o país sul-americano não tem a intenção de dar outro calote nos pagamentos aos credores internacionais.
A afirmação ocorre poucas semanas depois do jornal Financial Times ter sugerido que a Argentina pode estar à beira de um default, em consequência de uma decisão da Justiça americana, para que o país faça o pagamento do serviço da dívida sobre os bônus não reestruturados, em uma ação movida pelos chamados “fundos abutre”.
Cristina negou os rumores de que o país possa incorrer em um novo calote. “Estamos honrando nossa divida desde 2005 e vamos continuar honrando nossos compromissos, como corresponde a um país que recuperou sua autoestima”, afirmou a presidente argentina.
Justiça americana
Na semana passada, o juiz federal americano Thomas Griesa decidiu que a Argentina deve pagar, até o dia 15 de dezembro, US$ 1,33 bilhão aos proprietários de títulos fora da reestruturação da dívida, realizada em 2005 e em 2010, os "holdouts".
Fazem parte desse grupo os "fundos abutres", chamados dessa forma porque compram títulos da dívida que sofreram calote e depois buscam, nos tribunais, uma forma de garantir o recebimento dos pagamentos sem nenhum desconto proveniente da reestruturação.
Em 2005 e 2010, a Argentina promoveu uma operação de troca de bônus, com um grande desconto sobre o valor de face da dívida original, que chegou a 70%. Cerca de 93% dos bônus da dívida argentina foram reestruturadas nessas duas operações.
Leia mais em:
http://www.valor.com.br/internacional/2921372/cristina-kirchner-diz-que-argentina-vai-continuar-pagar-os-credores#ixzz2Dfcn2E7V
Argentina quer respaldo da Unasul em caso judicial de dívida soberana
Fonte: Valor2012
BUENOS AIRES - A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, pedirá à União das Nações Sul-Americanas (Unasul) que se pronuncie a respeito da dívida soberana do país e à atuação dos chamados fundos abutres. Cristina buscará que no encontro de chefes de Estado do grupo, que começa nesta sexta-feira em Lima, se debata o caso argentino, argumentando que ele afeta todos os países e deveria interessá-los pelas consequências que traz, entre as quais o “colonialismo judicial” mencionado por Buenos Aires, após uma decisão do juiz americano Thomas Griesa.
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