Argentina inicia maior julgamento de 'guerra suja' da ditadura militar
Atualizado em 28 de novembro, 2012 - 23:36 (Brasília) 01:36 GMT
Fonte: BBCBrasil 2012
A Justiça argentina deu início nesta quarta-feira a audiências do maior julgamento de crimes cometidos durante a chamada "guerra suja", entre 1976 e 1983, no regime militar do país.
Sessenta e oito ex-oficiais enfrentam quase 800 acusações de sequestro, tortura e assassinato associadas à escola naval de elite do país, a Escola Mecânica da Armada (Esma), que abrigou um centro de detenção clandestino.Voos da morte
Pela primeira vez, a Argentina julgará os pilotos dos voos da morte, incluindo o ex-tenente Julio Poch, extraditado da Espanha à Argentina em 2010 após supostas confissões.Outro réu é o ex-capitão da Marinha Emir Sisul Hess, que supostamente contou a parentes das vítimas como estas "caíam como formigas" de seu avião.
O julgamento é parte de uma série de iniciativas legais da Argentina contra militares associados à ditadura.
As iniciativas começaram em 1983, após a queda do regime, mas o presidente Raúl Alfonsín encerrou os julgamentos em 1986, argumentando que o país precisava olhar ao futuro e não ao passado.
Idas e vindas da Justiça
1976: Um golpe militar derruba a presidente Isabel Martínez de Perón
1983: Raúl Alfonsín é eleito presidente após o colapso da ditadura
1985: Gen. Jorge Videla é condenado
1986: Lei de anistia garante imunidade a militares
1990: Presidente Carlos Menem dá indulto ao general Videla e a outros oficiais
2003: Leis de anistia são revogadas
2010: Videla volta a ser condenado
1983: Raúl Alfonsín é eleito presidente após o colapso da ditadura
1985: Gen. Jorge Videla é condenado
1986: Lei de anistia garante imunidade a militares
1990: Presidente Carlos Menem dá indulto ao general Videla e a outros oficiais
2003: Leis de anistia são revogadas
2010: Videla volta a ser condenado
O general Videla já havia sido condenado por homicídio, tortura e sequestro em 1985, mas recebeu indulto do então presidente Carlos Menem em 1990.
Alfredo Astiz também foi condenado, no ano passado, por ter participado da infiltração de grupos esquerdistas e sua delação ao regime.
Maior julgamento
Outros oficiais da Esma já foram julgados previamente, mas o julgamento iniciado nesta quarta "será o maior de crimes cometidos contra a humanidade", disse à Associated Press o advogado de direitos humanos Rodolfo Yanzón."Há 68 réus e estimadas 900 testemunhas."
Entre as testemunhas está Graciela Palacio Lois, cujo marido, Ricardo, nunca retornou de um encontro da Juventude Peronista em 1976.
Ela se diz nervosa. "Uma coisa é olhar para eles (réus) do outro lado do vidro. Outra coisa é sentar no banco de testemunhas com eles na sua frente."
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