Gurgel pedirá que Polícia Federal vigie e proteja Marcos Valério para que ele não acabe como Celso Daniel
Por Jorge Serrão
O publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza terá mesmo coragem de revelar qual foi o banco (não arrolado no processo do Mensalão) utilizado por um amigo pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para acertar as contas da chantagem feita pelo empresário Ronam Maria Pinto contra Lula e Gilberto Carvalho, para não envolvê-los no até hoje não resolvido sequestro, tortura e assassinato do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, bárbaro crime ocorrido em janeiro de 2002?
Será que Marcos Valério tem elementos comprobatórios para assegurar que não colaborou pessoalmente com a operação de arranjar dinheiro para supostamente financiar o “silêncio” do empresário Ronan Pinto – que era dono de empresas de ônibus e de uma empresa de coleta de lixo suspeitas de envolvimento em esquemas de corrupção, para arrecadação ilegal de dinheiro para campanha eleitoral, que acabaram redundando na morte do prefeito petista de Santo André?
Caso Marcos Valério faça tais revelações, ele realmente terá provas objetivas do que supostamente revelará à Procuradoria Geral da República, em troca de ingressar em no Sistema Nacional de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas, podendo mudar de cidade e trocar de nome?
Será que Valério tem mesmo detalhes para narrar uma reunião entre Ronan Maria Pinto e Silvio Pereira, ex-homem forte do partido e que se livrou do processo do Mensalão pela via da delação premiada?
Será que o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, atenderá ao pedido da defesa de Marcos Valério – um arquivo-vivo que ainda responde a mais responde a pelo menos outras dez ações criminais, além da Ação Penal 470 do STF (que mexe com a cúpula petista) e do chamado “Mensalão Mineiro” (que envolve dirigentes do PSDB, como o ex-governador Eduardo Azeredo)?
Diantes de tantas perguntas com respostas complexas, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, já declarou ontem que está na hora de o operador do mensalão "desembuchar, não falar em doses homeopáticas".
Marco Aurélio defendeu que Estado "proporcione aparato de segurança" a quem "se mostrar disposto a colaborar".
O ministro detonou: "Depois da porta arrombada, não adianta colocar cadeado. Na área da delinquência, falo de forma geral, o jogo é pesado."
Diante da repercussão midiática de que Valério corre risco de vida – e já teria sofrido ameaças concretas, como a de semana passada, em Belo Horizonte, revelada ontem nesta Alerta Total -, o mais provável é que, de imediato, o Procurador-Geral da República solicite uma proteção especial para Valério.
A missão de vigiar e resguardar o “arquivo-vivo” seria da Polícia Federal.
Mas pode acabar nas mãos da Agência Brasileira de Inteligência ou, em último caso, de oficiais experientes da área de inteligência do Exército.
Fato objetivo é que, ao meter o caso Celso Daniel no meio, Valério mexeu com o único escândalo que realmente apavora a cúpula petista.
Celso Daniel é um cadáver politicamente insepulto.
Até hoje, está impune o empresário Sérgio Sombra, “amigo” dele e principal suspeito de comandar o crime.
Fora da esfera judicial, o escândalo também envolve outro amigo de Daniel, o atual secretário Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, que saberia de todo o esquema de corrupção em Santo André – de acordo com versão do irmão da vítima, Bruno Daniel.
Marcos Valério voltou a desenterrar o cadáver politicamente insepulto do PT.
Resta aguardar para ver se ele vai mesmo ter condições de falar, ou se o caso, como de costume, será providencialmente abafado.
Os petistas sempre defendem a absurda tese de que a morte de Daniel foi um crime comum.
O Ministério Público sustenta que o crime, além de incomum, envolve corrupção.
Daniel teria sido morto pelo grupo que beneficiava-se dum esquema irregular de propina na prefeitura.
O problema é sempre chegar ao verdadeiro chefe da máfia..
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