sábado, 17 de agosto de 2013

Fora do Eixo, a esbórnia continua

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O panorama atual da música nacional, essencialmente aqui o rock, vai mal das pernas. Após alguns anos de uma euforia exagerada, e gerada em parte pela ONG Fora do Eixo e pela caída ABRAFIN – Associação Brasileira de Festivais Independentes – com a formatação de “pontos de cultura” e festivais pelo Brasil afora, criou-se uma falsa realidade e a expectativa de que o desenvolvimento da cena estava a mil. Expectativa essa que foi abraçada por parte da imprensa, com alguns jornalistas “chapa-branca” incensando grupos fracos e estruturas de produção medíocres a troco de alguns privilégios. A dita entidade “sem fins lucrativos”, oriunda de Cuiabá e agora sediada na principal cidade do Eixo, São Paulo, subiu no salto alto e desvirtuou completamente o que seria sua principal função. No meu entendimento, ajudar bandas e artistas a mostrar seus trabalhos, promover festivais e criar um ambiente no qual a qualidade primasse, ou tivesse condições de ser aperfeiçoada. E, claro, fomentando todas as situações para isso, já que amealha polpudas verbas via editais da Lei Rouanet e outros meios.
Junte a essa ideia às facilidades do mondo digital, que como todo o planeta sabe criou inúmeras agilidades para a produção, divulgação, comercialização e toda ajuda possível para quem quiser gravar um disco, ter uma banda e cair na estrada do rock and roll. Contudo, o feedback que tenho de uma ENORME parcela dos músicos, produtores e donos de casas noturnas, é um descontentamento geral com a turma do centro-oeste. E o que estaria fazendo Capilé, o chefe, a respeito? De quem é a responsabilidade dessas queixas sistemáticas? De acordo com informações apuradas na própria Casa Fora do Eixo por telefone, aqui em SP, Capilé esteve na Europa, em Madrid e Paris, de onde voltou dia 16 de julho. Realizando contatos? Contatos para o quê? As verbas captadas incluem em edital o envio sistemático de membros do FDE para o exterior regularmente, como tem ocorrido? Será que ele pretende trazer grupos gringos!? Como é pago o aluguel da Casa FDE em São Paulo, a um custo mensal por volta de 15 mil reais? Essa despesa também consta de algum edital? Por que essas contas não estão abertas na Internet? As planilhas de custo de todos os eventos, item por item, onde estão?  Questões que já coloquei aqui no blog várias vezes – http://dynamite.com.br/jukebox/2011/11/modelo-fora-do-eixo-tornou-se-oportunidade-de-negocios-e-de-lucros/ - e nunca foram respondidas. Afinal, quem não deve não teme. Mostra.

No site do MEC apenas constam informações gerais, sem especificações, tudo bem escondido, completamente ao contrário de como a lei manda, como me esclareceu em uma conversa o jornalista Cláudio Abramo, diretor do site Transparência Brasil. Por lei tudo deveria estar lá: custos de palco, de cachês de bandas, de equipamentos, hospedagem, transporte, enfim, tudo. Mas não tem absolutamente nada na internet. Se alguém souber desse link, por favor, me envie.  Ei Capilé, coloca tudo para o Brasil ver, inclusive o China (músico pernambucano que tem um programa na MTV) e o jornalista Humberto Finatti – esse com seu corajoso desabafo na entrega do 10 Prêmio Dynamite de Música Independente, em Julho, descendo a lenha na dita entidade. Que o Brasil é um país quase sem lei todo mundo aqui sabe, mas explorar jovens e seus sonhos com o pretexto de ajudar é cruel. Algumas bandas acusam o FDE de ter sumido com CDs colocados a venda em festivais. Devolva os CDs às bandas! E outras denunciam pressões. Pague, hospede, transporte, respeite! Entre as várias denúncias que recebo, eis alguns exemplos: De Marcelo Freitas“Ola,li sua matéria [de novembro de 2011, veja no link acima]..muito eficiente,tu sabe tudo..assim mesmo que eles fazem,aqui Santa Maria RS, mesma coisa, cachaçada total,exploram as bandas..nada ver com cultura, pseudo produtores culturais. gostaria que ouvisse minha banda brisocks. blz.. gracias,bahh aqui passamos por isso ..brisocks foi deletada ,pois não aceitava as condições de pagar, trabalhar pra eles”. Ou essa: De um músico de uma banda conhecida de Fortaleza que pediu anonimato – “Tem mais uma. Um amigo de Fortaleza me falou que o Capilé falou pra ele a seguinte frase. “Tu não sabe o tanto tem de playboyzinho com cartão de crédito que quer ajudar o Fora do Eixo”.
E essa, da Laís Eiras: Oi! Tenho acompanhado seu blog, e o texto sobre FDE, naturalmente. Sou jornalista, trabalho com redes sociais, mas minha grade paixão é a música. Já cobri alguns festivais pelo país e sempre escuto histórias um tanto cabulosas sobre a galera. Até que um dia rolou uma coisa que me senti diretamente atingida. Tenho uns amigos chilenos que têm uma banda bem conhecida por lá e com uma vontade enorme de tocar aqui. Fui conversar com um produtor pra tentar ajudá-los e, como o China disse, o papo foi reto e fui questionada se eles tinham grana pra PAGAR A PRÓPRIA VIAGEM. Eu disse que obviamente não. Fui contar para os caras que isso tinha rolado e eles não acreditaram. Lá no Chile isso é imoral. Enfim, tô acompanhando pra ver o que vai rolar. Se eles fizessem o pequeno favor de abrir as contas, né? Mas tá difícil essa parte heheh…Já vi um debate contando com a presença de uma “filha” do pajé, e ela afirmava com convicção de que num certo festival X, a banda não recebia cachê, mas “tem passeio pela cidade”. Um músico presente perguntou se ele abrisse mão do passeio, a organização dava pacote de fraldas para a filha dele hahaha!Enfim, tô na pilha de montar um movimento FFDE, Fora do Fora do Eixo, e chamar China pra ser o “pajé”, o que vc acha?

Posto isso, é de se estranhar (ou não!) que o Fora do Eixo não pague cachês, acomodações e transporte a todas as bandas, ao mesmo tempo em que elege algumas figurinhas carimbadas, proporcionando tudo de bom a elas. De novo: Como pode priviligiar algumas e prejudicar outras sendo que em todo projeto que capta verbas via Lei Rouanet, ou por outros meios, é necessário descriminar item por item os custos? Ou seja, cachês, acomodações e transporte de TODOS os artistas previstos no projeto. Por exemplo: Se um festival de música terá, de acordo com o seu projeto, 30 bandas, esses custos devem estar na planilha de todas as despesas do evento, se não, o projeto fica inviabilizado de aprovação pelo Minc. Todavia, o pior dos males causados por essa gang foi a deteriorização da qualidade das bandas e a exclusão das boas. Explico. As formadas por amadores, que têm outras profissões ou são garotos que moram com a família, aceitam as condições parcas e vergonhosas e se submetem ao esquema sob o argumento de terem um palco para tocar, divulgar. As de músicos profissionais torcem o nariz, denunciam, e acabam sendo excluídas pela entidade. Além disso, o Projeto Cedo e Sentado, de graça para o público e realizado na Casa Fora do Eixo e no Studio SP, paga as bandas? Dizem que tem cerveja grátis!! Enfim, em meio a tanta gente denunciando e reclamando, agora é de se esperar que o Ministério Público Federal investigue fortemente e tome as providencias necessárias e cabíveis.

E, para dar mais molho a essa massa meio disforme e confusa, a entidade divulga uma tal Rede Brasil de Festivais Independentes para 2012, com 107 eventos em 88 cidades, e  6 mil “músicos”. Dessa teia, quem paga e quem recebe? Quem vai tocar de graça? Vamos ver a resposta dos próprios músicos, pois showzinhos e festivais toscos costumam ser incluídos pelo FDE como parte de uma magnitude fosca e imaginária. Até agora a posição do MPF e do TCU, que posso divulgar, é essa: “Reportamo-nos à manifestação 8322 encaminhada ao TCU e ao MPF em 21/11/2011, e esclarecemos a V. Sa. que  as investigações sobre a suposta malversação de recursos públicos federais pela ONG Fora do Eixo, de Cuiabá foram encaminhadas à Unidade Técnica competente deste Tribunal (6ª SECEX) pelo exame das contas do Ministério da Cultura-Minc para adoção das providências que entender necessárias ao caso.” Afinal, o roteiro Europa, América do Norte e do Sul está nos editais, ou um milagre se fez na sabia e super competente mão gestora de Capilé e seus asseclas?
Um link interessante e hilário – https://twitter.com/ForadoBeico


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