sexta-feira, 5 de abril de 2013

Sobre o Presidente da Comissão da Verdade


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Marco Antonio Balbi

Os membros do corpo diplomático brasileiro têm uma longa tradição de respeito e admiração pelo seu profissionalismo, por certo herdada do Barão do Rio Branco. O Brasil tem uma história e um nome a zelar.

Paulo Sérgio Pinheiro é um diplomata. Tem desempenhado relevantes serviços na área dos direitos humanos, em proveito das Nações Unidas. Realizou trabalhos em Myanmar e, recentemente, atuou no conflito sírio. Parece, pelo que se vê nos noticiários diários, que não logrou êxito.

Mas, Paulo Sérgio Pinheiro é um homem multitarefa. Nomeado como um dos sete notáveis da Comissão da Verdade, recém assumiu a coordenação da mesma. Arregaçou as mangas e já levantou o nome de cerca de 250 agentes da repressão que logo começarão a ser ouvidos. Supostamente criticado pela presidente pelo seu desempenho pouco midiático resolveu dar tratos à bola. Valendo-se de uma cerimônia que anunciava com pompa a conclusão de um trabalho administrativo, a disponibilização dos arquivos do DEOPS de São Paulo para consulta via internet, resolveu deitar falação, convenhamos, atitude atípica para um diplomata. Ao responder a uma pergunta feita pelo grupo Levante Popular da Juventude, aquele mesmo que recebeu prêmio pela luta a favor dos direitos humanos, sobre a extensão do prazo para a conclusão dos trabalhos, além do mês de maio de 2014, respondeu que dependia da presidente Dilma. Eu, maldoso, já pensei com os meus botões: depende do João Santana! Interessará ou não, para fins da campanha pela reeleição, ampliar o prazo. Mas, foi uma abstração.

Voltemos ao diplomata e aos jovens! Pinheiro declarou "adorar" os escrachos feitos pelos jovens em frente a casa de notórios torturadores. "Eu adoro os escrachos! Mas estou com 70 anos, não dá mais para participar. No mais, estou na Comissão da Verdade, não dá para assobiar e chupar cana. É ótimo que seja feito e os estudantes se sintam comprometidos com isso." Socorro! Um embaixador, coordenador de uma comissão que pretende apurar a verdade de fatos passados corrobora com um crime, uma ilegalidade. Qual um justiceiro já condenou "notórios torturadores." Será que ele pertenceu a algum daqueles grupos que promoveram justiçamentos?

Só me resta lamentar. Pelos sírios, porque se depender das negociações do embaixador o conflito só irá se ampliar. Pelos brasileiros, porque uma autoridade apresenta-se com um péssimo exemplo para a nossa juventude. E pelo Itamaraty! O Barão do Rio Branco deve ter se revirado na tumba!

Marco Antonio Esteves Balbi é coronel do Exército e já está reformado.

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