domingo, 21 de abril de 2013

O Exército virou Polícia


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Paulo Ricardo da Rocha Paiva

O Ministro da Defesa parece não ter senso da medida quando, como um condestável de primeira grandeza, avalia o ganho em operacionalidade das Forças Armadas. Para ele, as tais “operações ÁGATA” desencadeadas anualmente, que se diga, eminentemente policialescas, se inserem em contexto de realidade e não de mero treino.

Para sua excelência, o adestramento no combate a crimes fronteiriços (tráfico de: drogas, pessoas, mercadorias ilegais; crimes ambientais) substitui plenamente o preparo dos profissionais das armas para a defesa da Pátria. O ministro, como que extasiado, chegou a dizer:- “Eu vejo a integração cada vez maior entre as forças. Vejo a alegria mesmo dos componentes das forças em participar desse esforço...”.

Ledo engano excelência, soldados em cumprimento de missão estão sempre alegres, mesmo naquelas que os desvirtuam do seu desígnio maior como guerreiros da Pátria. Atenção! Oficiais-generais não apreciam fazer o mesmo papel de seus correspondentes mexicanos, hoje totalmente absorvidos pelo combate ao crime organizado na fronteira com os EUA, em completa observação das diretrizes preconizadas por “Tio Sam” para o subemprego das forças militares latino-americanas no combate ao tráfico ilegal e crime organizado de uma maneira geral.

Ah! Mas sem o concurso dos militares não se obteriam resultados palpáveis. Cidadão, à Força Nacional de Segurança (FSN), estruturada para inglês ver, um arremedo de tropa federal com somente dois batalhões, um em Goiás e outro no Rio de Janeiro, é que deveriam estar afetas estas operações tipo. Mas a FSN, mais do que necessária, só vai pesar na balança quando dispuser de estrutura nos moldes da Guarda Nacional dos EUA, justamente para reforçar as PM de forma eficiente, eficaz e decisiva.

Ah! Mas isto custa caro. Vai custar mais ainda se nossos soldados permanecerem enredados durante o ano em mega operações do tipo polícia, desviados do planejamento e preparo da estratégia da resistência, a única que nos foi permitida pela ONU para o enfrentamento dos grandes predadores militares.

Paulo Ricardo da Rocha Paiva é Coronel de Infantaria e Estado-Maior. Originalmente Publicado no “JORNAL DO COMÉRCIO DE PA/RS” em 18/04/2013.

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