sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Estatismo criminoso na Venezuela, liberdade para “Popeye” na Colômbia

Duas notícias estarrecedoras divulgadas hoje, me obrigam a deixar de lado o trabalho para fazer a denúncia no blog: na Venezuela madurista agora, para fazer qualquer compra em supermercados e farmácias, o cidadão tem que deixar sua impressão digital como forma de “controle” contra um alegado contrabando. E na Colômbia, um mega assassino de cognome “Popeye”, que trabalhou desde a adolescência como matador profissional de Pablo Escobar, o rei do cartel de Medellín, depois de cumprir parte de sua pena recebe liberdade condicional.
Na Venezuela os militares controlam até os supermercados
Bem, vamos primeiro ao fato insólito da Venezuela. Como é de conhecimento público, denunciado por mim mesma há tempo, a escassez que o venezuelano comum vem sofrendo atinge níveis inimagináveis. Para controlar - e pôr garrote - não só na população mas sobretudo no empresariado, o usurpador presidente Maduro resolveu, a partir desta terça-feira 26 de agosto, utilizar uma máquina “captahuella”, a mesma que recolhe as impressões digitais (daí seu nome) nas mesas de votação em período eleitoral. Antes disso ele já marcava o povo como os judeus nos campos de concentração, com um carimbo contendo um número que era posto no braço, para que a pessoa não voltasse a fazer compras (em qualquer estabelecimento, pois a tinta não saía com facilidade) no prazo inferior a uma semana.
A novidade de hoje vem como pretexto de coibir o contrabando de mercadorias que, segundo Maduro e seus capachos, sai ilegalmente da fronteira com a Colômbia que tem preços mais atraentes e é revendido na Venezuela no câmbio negro. Saliento que há pouco mais de uma semana Maduro esteve reunido com o presidente Santos na Colômbia, para tratarem dessa questão do contrabando, depois da qual ambos impuseram um fechamento de suas fronteiras a partir das 20:00 h.
O que Maduro não revela é que o suposto contrabando não é causa mas conseqüência de seu incompetente (des)governo, uma vez que a produção industrial vem sofrendo baixas constantes por duas razões: o controle cambiário do CADIV que não permite o fluxo necessário do dólar, que é controlado com mão de ferro e necessário para as importações. E a baixa produção da matéria-prima que está toda nas mãos do Estado. Sem matéria-prima nacional e sem poder importar, por causa do controle da compra e venda de dólares, os empresários e produtores venezuelanos não têm como produzir e daí a escassez. Maduro e seus ministros alegam que não havendo mercadorias suficientes para todos, a solução é criar um “cartão de racionamento”, do mesmo modo que existe em Cuba há décadas. Não sei se é por ignorância mesmo ou má-fé, pois como ele recebe ordens desde Havana, o que deve mudar não é a política econômica mas a “distribuição equitativa”, confirmando a máxima de que “o socialismo é a igualdade na distribuição da miséria”.
A respeito dessa nova norma, o constitucionalista José Ignacio Hernández afirmou que o uso dessas máquinas é contrário à Constituição, porque o sistema econômico venezuelano parte do princípio da soberania do consumidor. Segundo Hernández, “são os cidadãos, e não o Estado, que decidem que bens querem adquirir. Com o sistema biométrico, o Estado é quem vai decidir e isso é inconstitucional”. Para Maduro, entretanto, “Somos obrigados a implementá-lo para combater o contrabando, a voracidade e todos os métodos da burguesia criminosa e parasitária para destruir nosso país. As famílias venezuelanas são as vítimas. É tanta a guerra que quando conseguimos certos níveis de abastecimento, eles baixam o número de caixas para que as pessoas durem horas nas filas”. 
Bem, não vou me alongar muito nesse tema mas alerto apenas que no Brasil estamos caminhando para isso. Sem liberdade de mercado, controle cambiário, escassez de matéria-prima e travas gigantescas na importação, é evidente que todo o resto vem em cadeia e com ele o desemprego. Não tem nada a ver com a suposta “burguesia criminosa”, mas com um Estado falido por má administração e roubo descarado para as mãos (ou as contas em paraísos fiscais) da Nomenklatura e a boliburguesia. E nem é preciso ser economista para entender isso, de tão elementar que é...
E hoje na Colômbia foi libertado Jhon Jairo Velásquez Vásquez, mais conhecido como “Popeye”, um matador profissional que serviu ao cappo do Cartel de Medellín. Segundo ele mesmo conta, Popeye tinha apenas 12 anos quando presenciou numa briga de rua, um homem ser assassinado por outro, que lhe desferiu uma facada na jugular. Todas as pessoas que estavam na rua naquele momento fugiram horrorizadas, menos ele, que ficou encarando o assassino com uma fascinação ao ver o sangue esguichar do pescoço do agonizante. Diz ele: “Assim perdi minha inocência e voltei a nascer para o mundo que me coube viver. Não aquele que minha mãe sonhou, senão o que encontrei na rua e no mais profundo do minha condição humana. A partir desse dia, eu já não fui mais o mesmo. Pouco a pouco e sem notar, comecei a me transformar em “Popeye”.
Bem, Popeye é o único sobrevivente do bando de temidos sicários de Pablo Escobar e sai da prisão depois de cumprir 23 anos (três quintas partes da condenação) na penitenciária de Cómbita. Ele teve sua pena rebaixada por colaborar com a justiça e realizar trabalhos, mas para obter sua liberdade condicional teria pago 5.000 dólares. Popeye se uniu ao Cartel de Medellín aos 18 anos, quando “o patrão”, como era conhecido Escobar, começou a lhe encomendar assassinatos. Tem sob suas costas mais de 300 mortes, além de haver seqüestrado o ex-presidente Andrés Pastrana e o ex-vice-presidente Francisco Santos, quando era chefe de redação do jornal El Tiempo. Um de seus feitos foi a derrubada de um avião da Avianca em pleno vôo, no qual morreram 107 passageiros. Popeye admitiu com frieza que ordenou o assassinato de umas 3.000 pessoas, dentre elas centenas de policiais, jornalistas, juízes, magistrados, políticos e o candidato à presidência Luis Carlos Galán, quando Pablo Escobar travava uma guerra contra o governo para evitar sua extradição, inclusive o ataque ao Palácio de Justiça. 
Agora este psicopata paga para ter a liberdade condicional e solicitou à Justiça que lhe dêem “garantias de vida”, através de escoltas armadas, pois teme ser assassinado por vingança. Saiu da prisão sob um forte esquema armado, enquanto a pessoas dignas, honradas e trabalhadoras, como o jornalista Ricardo Puentes Melo que já sofreu inúmeras ameaças reais a ele e sua família, o governo retira essa proteção “por não ver necessidade”.

Comentários e traduções: G. Salgueiro
link:
 
 http://notalatina.blogspot.com.br/2014/08/estatismo-criminoso-na-venezuela.html

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