Brasília -  Subiu de 98 para 647 o total de assinaturas do manifesto de militares da reserva com críticas à presidente Dilma Rousseff sobre uma suposta mudança de postura política do governo federal em relação ao período da ditadura militar (1964-1964). O caso provocou um desconforto entre o Palácio do Planalto e o comando das Forças Armadas nas últimas semanas.
Os números do manifesto são do site “A Verdade Sufocada”. A publicação afirma que assinam o documento 61 generais, um desembargador, 258 coronéis, 55 tenentes-coronéis, 11 majores, 17 capitães, 20 tenentes, 15 subtenentes, 15 sargentos, dois cabos e um soldado. Mais 191 civis também apoiam a iniciativa, segundo o site.
Ministro da Defesa reunido com os chefes das Forças Armadas | Foto: Divulgação
Ministro da Defesa reunido com os chefes das Forças Armadas | Foto: Divulgação
No manifesto, Dilma é criticada por permitir que ministros do governo façam declarações contra militares. “Ao completar o primeiro ano do mandato, paulatinamente vê-se a Presidente afastando-se das premissas por ela mesma estipuladas. Parece que a preocupação em governar para uma parcela da população sobrepuja-se ao desejo de atender aos interesses de todos os brasileiros”, diz o texto na sua abertura.
Responsável por divulgar o manifesto, o site “Verdade Sufocada” é mantido por Maria Joseita Ustra, mulher de Carlos Alberto Brilhante Ustra. Ex-chefe do DOI-Codi (órgão de repressão do Exército), ele é acusado na Justiça por ter praticado tortura em presos políticos durante a ditadura militar. Ustra nega.
Sob o título “Alerta à Nação - eles que venham, por aqui não passarão”, o manifesto foi publicado incialmente no site do Clube Militar no dia 16 de fevereiro. O objetivo era cobrar de Dilma uma postura contrária a declarações das ministras Maria do Rosário (Secretaria de Direitos Humanos) e Eleonora Menicucci (Secretaria Especial de Políticas das Mulheres) sobre a ditadura.
Maria do Rosário defendeu que familiares de perseguidos políticos ingressassem com ações na Justiça contra militares. Já Eleonora Menicucci lembrou seu passado de luta armada na cerimônia em que foi empossada ministra. Para os militares da reserva, Dilma deveria censurar publicamente o posicionamento das auxiliares.
“Os Clubes Militares expressam a preocupação com as manifestações de auxiliares da presidente sem que ela, como a mandatária maior da nação, venha a público expressar desacordo com a posição assumida por eles e pelo partido ao qual é filiada e aguardam com expectativa positiva a postura de Presidente de todos os brasileiros e não de minorias sectárias ou de partidos políticos”, afirma o texto.
Dilma não gostou das críticas, segundo palacianos. O ministro da Defesa, Celso Amorim, pressionou o comando das Forças Armadas a fim de que o texto fosse retirado do site. Por meio de nota, o presidente do Clube Militar, general Renato Cesar Tibau da Costa, admitiu ter conversado com o comandante do Exército, mas negou ter sido pressionado.
“Houve uma conversa sobre o assunto, sem pressões, como acontece entre camaradas unidos pelo mesmo ideal”, afirma Tibau da Costa na nota. “A retirada do documento da página do Clube não significou recuo nem que se desistiu de lutar, mantendo as tradições de 125 anos da “Casa da República”, que jamais serão maculadas”, completa.
Depois que o texto foi retirado do site do Clube Militar, o movimento ganhou mais adesões e passou a desafiar o ministro Celso Amorim.
“Em uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do Manifesto publicado no site do Clube Militar, a partir do dia 16 de fevereiro próximo passado, e dele retirado, segundo o publicado em jornais de circulação nacional, por ordem do Ministro da Defesa, a quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou legitimidade para fazê-lo”, diz o texto.

As informações são do IG