sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Peso argentino tem desvalorização recorde em 12 anos

Cotação do dólar fechou ontem a 8,01 pesos, com 12,42% de alta; desde o início do ano, moeda americana já subiu 22,7%


24 de janeiro de 2014 | 2h 01



Ariel Palacios - Correspondente - O Estado de S.Paulo
BUENOS AIRES - A Argentina viu ontem sua moeda sofrer mais uma forte desvalorização em relação ao dólar. A cotação oficial da moeda americana - que chegou a 8,50 pesos no início da tarde - encerrou a jornada em 8,01 pesos, o equivalente a 12,42% de alta em relação a quarta-feira.

Desde o início do ano, a desvalorização acumulada já chega a 22,7%, a maior em um mês desde março de 2002, quando a Argentina estava mergulhada na sua pior crise financeira. Ao longo dos últimos 12 meses, o dólar oficial aumentou 56,7%.
A forte desvalorização de ontem se deveu em parte à medida anunciada na quarta-feira, que limitou as compras dos argentinos em sites estrangeiros a duas vezes ao ano, com um limite de US$ 25 por compra sem precisar pagar imposto alfandegário, como uma forma de restringir a saída de dólares.
As restrições adotadas nos últimos tempos pelo governo têm fortalecido o câmbio paralelo no país. Ontem, o dólar "blue", como é chamado na Argentina, fechou em 13,06 pesos, com valorização de 7,49% em relação a quarta-feira.
Há menos de um ano, Cristina havia negado qualquer possibilidade de desvalorização da moeda. "Aqueles que queriam ganhar dinheiro com a desvalorização terão de esperar outro governo", disse em tom de desafio em rede nacional de TV na ocasião.
E, oficialmente, o governo continua negando a desvalorização. O chefe do gabinete de ministros, Jorge Capitanich, disse que isso não está ocorrendo. Segundo ele, em vez de "desvalorização", ocorre uma "oferta e demanda" de divisas. Capitanich afirmou que esse fenômeno não está sendo realizado pelo governo Kirchner, mas sim "pelos mercados".
Correção. Os analistas afirmam que o governo Kirchner está tentando fazer às pressas a correção cambial que se recusou a fazer ao longo da maior parte dos últimos dez anos. Para os economistas, fracassou a política de "crawling peg" do ministro da Economia, Axel Kicillof, de realizar desvalorizações pequenas mas progressivas do peso argentino.
A falta de definições sobre uma política cambial, junto com a perspectiva de esfriamento da economia, somada à ausência de um plano integral de combate à inflação, levaram os argentinos à procura de dólares no mercado paralelo. Para complicar, a presidente Cristina mantém silêncio sobre os problemas da economia.
"Isso acrescenta mais gasolina no incêndio da inflação, disse ontem o economista José Luis Espert. "O governo precisa perceber que desse jeito, sem plano anti-inflacionário, a coisa irá de mal a pior." Segundo ele, "as pessoas não querem os pesos".
O ex-presidente do BC, Alfonso Prat-Gay, considera que a decisão de desvalorizar foi tomada pela presidente. "Em vez de adotar medidas sérias contra a inflação, o governo leva os cidadãos argentinos a comprar dólares por precaução", disse. "É só ver a Cristina e seu ministro da Economia, Axel Kicillof, para ver que o governo está desorientado. O dólar no paralelo é a forma de medir os erros da administração Kirchner."


link:

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,peso-argentino-tem-desvalorizacao-recorde-em-12-anos,1122124,0.htm

Nenhum comentário:

Postar um comentário