sábado, 26 de julho de 2014

5/07/2014
 às 12:00 \ Política & Cia

Defender a Polícia e a Justiça no combate à baderna e ao vandalismo é, agora, “criminalizar os movimentos sociais”. Inventaram até que há “presos políticos” no Brasil!

(Foto: Fernando Cavalcanti)
O vandalismo tenta se esconder por trás do direito de manifestação que a democracia garante (Foto: Fernando Cavalcanti)
OS NOSSOS “PRESOS POLÍTICOS”
Editorial publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 23 de julho
O fenômeno do “ativismo” ora em curso no país atingiu de vez o nível do delírio.
Convictos de que estão acima das leis e de que o Estado é, por definição, um ente inimigo, os chamados ativistas, também conhecidos como militantes, se dedicam dia após dia a atormentar os cidadãos comuns nas grandes cidades, sob o argumento de que a democracia lhes faculta o direito de bloquear avenidas, de depredar a propriedade alheia e de praticar outros delitos.
Quem disso discorda e defende a necessária ação da polícia e da Justiça contra a baderna e o vandalismo é logo acusado, por uma barulhenta rede de simpatizantes espalhados pelas universidades e pela internet, de advogar a “criminalização das lutas sociais”. Quando finalmente o estado decidiu agir, encarcerando vândalos que se dizem “ativistas”, essa rede imediatamente reagiu, dizendo que os detidos e os indiciados são “perseguidos políticos” – uma farsa que expõe seja a má-fé, seja a confusão moral dessa turma.
O caso mais recente, envolvendo uma advogada que diz prestar assistência jurídica a manifestantes, dá a exata medida dessa tentativa cínica de desmoralização do Estado Democrático de Direito no Brasil. A advogada Eloísa Samy, acompanhada de dois adeptos da violenta tática Black Bloc, foi ao Consulado do Uruguai no Rio de Janeiro para – pasmem – pedir asilo político.
Eloísa, de 45 anos, é considerada foragida da Justiça, porque foi denunciada pelo Ministério Público do Rio por associação criminosa. Ela e outros 22 “ativistas” tiveram a prisão decretada pela 27.ª Vara Criminal do Rio. O inquérito da Polícia Civil que baseou a denúncia concluiu, conforme revelou o jornal O Globo, que os acusados planejavam atacar seus alvos com explosivos no dia 13 de julho, quando foi disputada a final da Copa do Mundo.
Em vídeo que gravou para expor sua versão, Eloísa afirma que está sendo perseguida em razão de sua “atuação na defesa do direito de manifestação”. O promotor Luís Otávio Figueira Lopes afirma, no entanto, que a advogada, “escudando-se em um suposto exercício da atividade profissional”, prestou “apoio logístico” aos delinquentes, “cedendo sua residência para reuniões” de preparação de atos violentos.
É bem possível que Eloísa e seus colegas acreditassem que o Uruguai fosse mesmo lhes dar asilo. Afinal, o país é governado por José Mujica, aquele presidente simpático e modernoso que defende a liberação da maconha. Ele receberia, pois, os “perseguidos políticos” de braços abertos.
A reação da diplomacia uruguaia, porém, escancarou o ridículo da situação. A cônsul-geral Myriam Fraschini Chalar informou aos solicitantes que o Brasil “é um autêntico Estado Democrático de Direito”, razão pela qual não há perseguidos políticos no país nem motivo para conceder asilo.

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