sábado, 8 de dezembro de 2012

Condenado, João Paulo diz que a história julgará a 'injustiça' contra o PT.

DANIEL RONCAGLIA
DE SÃO PAULO
Fonte: Folha2012

deputado João Paulo Cunha (PT-SP) afirmou nesta sexta-feira (7) que a história vai julgar a "crueldade e a injustiça" que o PT sofre por parte da imprensa.
"Daqui 50, 60 anos, um aluno de história vai estudar esse período da primeira década do século 21 e vai pegar os jornais e perguntar o que aconteceu. Os jornais falam uma coisa e a vida do povo diz outra coisa", disse o deputado.
João Paulo fez hoje a sua primeira aparição pública depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu, no final de novembro, que ele deve cumprir em regime fechada a pena pelos crimes relacionados ao mensalão. O deputado foi condenado a nove anos e quatro meses de prisão.
"O que se faz com o PT hoje na imprensa é de uma injustiça e de uma crueldade. A história julgará", disse o deputado.
De acordo com ele, "a imprensa separa o joio do trigo e publica apenas o joio".
O deputado disse que a imprensa está sendo desrespeitosa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao contrário da forma como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, segundo ele, é tratado. "Chegam a ser cruéis com o Lula."
Jorge Araújo/Folhapress
João Paulo Cunha durante evento do PT em Embu das Artes, na região metropolitana de SP
João Paulo Cunha durante evento do PT em Embu das Artes, na região metropolitana de SP

GETÚLIO
João Paulo também comparou o processo do mensalão ao caso do presidente Getúlio Vargas, que se matou em 1954 durante uma crise política. "Getulio Vargas ficou por muitos anos com o carimbo na testa de corrupto. Hoje, quando se fala no século 20, há de se destacar o papel que Getúlio teve."
João Paulo lembrou que o principal adversário de Getúlio era Carlos Larcerda. "O que ele era? Um jornalista."
O deputado participou de evento promovido pelo PT paulista com prefeitos e vereadores eleitos no Estado.
João Paulo foi o mais aplaudido pelos petistas durante o encontro que durou todo o dia em um hotel em Embu das Artes (Grande SP). Ele também recebeu abraços, palavras de apoio e tirou fotos com os colegas de partido.
O deputado assistiu a uma palestra do ministro Aloizio Mercadante (Educação). Os dois, no entanto, não se cumprimentaram. "Tenho outro compromisso. Não consegui ver todos os companheiros estavam aqui", justificou o ministro.
Ao chegar ao evento, o ministro Alexandre Padilha (Saúde) também evitou cruzar com João Paulo para não cumprimentar o deputado.
João Paulo disse que uma das fontes para a sua "coragem" para enfrentar seu calvário é a solidariedade dos petistas.
"Eu já estou começando a trabalhar com a ideia de que a vida é assim. Como uma árvore, cai a semente e dá lugar a outra árvore", completou.
Segundo João Paulo, ninguém pode dar uma lição de ética e moral a ele. "Eu, com todos os problemas que eu tenho, fico muito incomodado quando alguém quer dar lição de ética."
"Fiz a opção de não fazer da fortuna e da riqueza a razão da minha vida", afirmou.
Em um discurso de 25 minutos, o deputado ainda falou aos colegas como ser um parlamentar.
"O vereador bom do meu ponto de vista é aquele que sabe o problema que está acontecendo na rua debaixo de sua casa."
STF
No discurso, João Paulo também apresentou as teses da sua defesa feita no STF. "Estamos pagando por uma coisa que nós não fizemos", disse.
Ele criticou ainda o ministro Joaquim Barbosa, relator do caso, e elogiou o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do caso. "O ministro relator do Supremo foi seletivo. Ele pesquisou de forma cirúrgica."
O deputado afirmou que ele, o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente Lula estão "passando o bastão" para uma nova geração do PT.
João Paulo defendeu ainda uma reforma política e uma nova lei de imprensa e criticou a "judicialização da política".
"Se hoje serão uns, amanhã serão outros. Tudo mundo sabe como se faz campanha neste país."

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