quarta-feira, 13 de março de 2013

A Igreja Católica anunciou às 20h14 (16h14 de Brasília) desta quarta-feira (13) quem é seu novo papa: o cardeal jesuíta Jorge Mario Bergoglio, 76, da Argentina.
Ele foi o escolhido para suceder Bento 16 no conclave que começou na terça-feira (12) e terminou hoje, às 19h07 (15h07 de Brasília), quando a fumaça branca tomou a praça São Pedro, após cinco escrutínios.
O nome do novo papa foi revelado após o famoso "Annuntio vobis gaudium, habemus Papam" ("anuncio uma grande alegria: temos um papa"), feito pelo cardeal francês Jean-Louis Tauran. O nome papal escolhido pelo cardeal Bergoglio é Francisco 1º.
No momento do anúncio, os fiéis que aguardavam na praça São Pedro ficaram eufóricos. Houve uma comoção geral e o sentimento em muitos era de surpresa.
O padre argentino Estebán Rodrigues se disse surpreendido com um papa de seu país. "Foi uma surpresa total e espero que ele continue nos surpreendendo", disse. A escolha do nome do novo pontífice também o agradou. "Francisco é um santo de muito humildade, de dedicação aos pobres e aos necessitados."
A estudante argentina Virgínia Gonçalino também estava feliz com a eleição de um papa sulamericano. "Sendo de tão longe, o novo papa poderá ter uma visão mais global do que se passa no mundo."
Na Argentina, Bergoglio é conhecido pelo conservadorismo e pela batalha contra o kirchnerismo. O prelado também é reconhecido por ser um intenso defensor da ajuda aos pobres.
O argentino costuma apoiar programas sociais e desafiar publicamente políticas de livre mercado.
Bergoglio é considerado um ortodoxo conservador em assuntos relacionados à sexualidade, se opondo firmemente contra o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o uso de métodos contraceptivos.

Em 2010, entrou em controvérsia pública com a presidente Cristina Kirchener ao afirmar que a adoção feita por casais gays provoca discriminação contra as crianças.
Em seu primeiro discurso, feito logo após o anúncio de seu nome, Francisco 1º agredeceu ao acolhimento da comunidade de Roma e, também lembrou do papa emérito Bento 16, seu antecessor.
Ele bateu outros cardeais considerados favoritos, como o italiano Angelo Scola e o brasileiro Odilo Scherer.

Novo papa nasceu em Buenos Aires e começou a carreira eclesiástica no norte da Argentina.

Primeiro papa latino-americano da história da Igreja Católica, Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina, em 17 de dezembro de 1936.
Foi ordenado sacerdote em 13 de setembro de 1969. O jesuíta foi nomeado bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires pelo papa João Paulo 2º em 20 de maio de 1992. No mesmo ano, ele foi confirmado como bispo titular da capital argentina em 27 de junho.
A nomeação como arcebispo também foi feita por João Paulo 2º em 3 de junho de 1997. Chegou ao posto de cardeal pelas mãos do mesmo papa em 21 de fevereiro de 2001.
Bergoglio é o 266ª papa da história da Igreja Católica. Filho de um casal de italianos --Mario e Regina Bergoglio--, o religioso jesuíta chegou a se formar como técnico químico, mas logo abraçou o sacerdócio e começou seus estudos religiosos no seminário de Villa Devoto, bairro da capital argentina.

Estudou na faculdade de teologia do colégio de San José, em San Miguel de Tucumán, cidade no norte da Argentina.
Seu sacerdócio começou em 1969, mesmo ano em que foi para Espanha completar sua formação intelectual de jovem sacerdote na universidade Alcalá de Henares, em Madri. A partir de seu retorno à Argentina, em 1972, continuou sua carreira apostólica no norte do país, na mesma San Miguel de Tucumán.

Bergoglio retornou a Europa em 1986, na Alemanha, para concluir seu doutorado, mas acabou retornando ao seu país no mesmo ano para assumir o cargo de diretor espiritual e confessor da Companhia de Jesus, em Cordoba.

Seu retorno à cidade natal aconteceu em 1992, quando foi nomeado por João Paulo 2º bispo de Auca e auxiliar de Buenos Aires.

Escolha aconteceu 13 dias após renúncia de Bento 16

Após 13 dias da renúncia de Bento 16, a quinta votação do conclave, realizada na tarde desta quarta-feira (13), terminou com a escolha do novo papa. Às 15h07 (Brasília), uma fumaça branca saiu da chaminé da capela Sistina, indicando que os cardeais chegaram a um consenso sobre o próximo líder da Igreja Católica Apostólica Romana.

Os sinos da basílica de São Pedro confirmaram que o novo pontífice recebeu ao menos dois terços dos votos dos cardeais e já aceitou a missão de comandar a Santa Sé.
A escolha foi realizada por 115 cardeais, sendo cinco brasileiros: dom Raymundo Damasceno Assis, 76; dom Odilo Scherer, 63; dom Geraldo Majella Agnelo, 79; dom Cláudio Hummes, 78; e dom João Braz de Aviz, 64.
Estavam aptos a votar apenas os cardeais com menos de 80 anos. A presença deles, segundo o Vaticano, era obrigatória. No entanto, dois eleitores conseguiram a dispensa necessária para não participarem da votação, um por motivo de saúde (cardeal indonésio Julius Darmaatjadja) e outro por ter renunciou ao cargo (cardeal britânico Keith O'Brien)

A renúncia

Bento 16 anunciou sua renúncia no dia 11 de fevereiro em um discurso pronunciado em latim durante um encontro de cardeais no Vaticano. Ao justificar sua decisão, o pontífice de 85 anos alegou fragilidade por conta da idade avançada.
O pontífice disse que "no mundo de hoje (...), é necessário o vigor tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de tal forma que eis de reconhecer minha incapacidade para exercer bem o ministério que me foi encomendado".
O Vaticano negou que uma doença tenha sido o motivo da renúncia. Mas, segundo o jornal "O Estado de S.Paulo", uma disputa interna de poder praticada por ex-aliados nos últimos meses pode ser uma das razões para a tomada de decisão do pontífice. Esta é a primeira vez na era moderna que um papa da Igreja Católica renuncia ao pontificado.

Já o jornal italiano "La Reppublica" relacionou a renuncia do pontífice a um relatório com cerca de 300 páginas sobre o escândalo do vazamento de documentos confidenciais da Santa Sé, redigido por três cardeais e entregue a Bento 16 em dezembro de 2012. O Vaticano reconheceu a existência do documento, mas descartou qualquer relação com a decisão do papa.
A renúncia de Bento 16 foi oficializada no dia 28 de fevereiro. Ao se despedir dos cardeais no Vaticano, o papa Bento 16 disse que oferece ao futuro papa sua "obediência incondicional". "Entre vocês, do Colégio Cardinalício, está o futuro papa, a quem eu prometo meu respeito incondicional e obediência. Continuarei perto de vocês com orações, especialmente nestes dias [do conclave], para que sejais plenamente dóceis à ação do Espírito Santo na eleição do papa", afirmou o atual papa emérito.
(com reportagem do UOL, em São Paulo)



Personalidades comentam eleição de Francisco 1º
Comentários 17


Do UOL, em São Paulo
    O primeiro pontífice latino-americano, Francisco 1º, foi eleito na quinta votação de um conclave, que durou dois dias. O pontífice substitui Bento 16, que renunciou ao cargo em 28 de fevereiro. Veja como as personalidades da América Latina e do mundo receberam a notícia. 



Escolha do papa foi "mau gosto", diz Hector Babenco; leia o que falaram outros artistas
DE SÃO PAULO

Sucessão PapalDepois de o argentino Jorge Mario Bergoglio, 76, arcebispo de Buenos Aires, ter sido eleito o novo papa nesta quarta-feira (13), inúmero artistas resolveram comentar a escolha.
Bergoglio escolheu o nome papal de Francisco. Ele é o primeiro papa latino-americano da história.

Não posso falar muito sem conhecer o perfil dele, mas pode colocar que é um puta mau gosto. Qualquer membro da Igreja Católica argentina é nefasto, mancomunado com o Estado, com militares e apoiadores da tortura. A única virtude de termos um papa argentino é que ele come carne."
HECTOR BABENCO, cineasta argentino radicado no Brasil
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"Não o conhecia. Ninguém falava da possibilidade de ele ser eleito. Não sei analisar, não sou católico, mas a escolha de um latino-americano pode indicar o propósito de alguma mudança importante na igreja. Também acredito que as críticas que ele faz ao populismo na América Latina podem ter influenciado a decisão."
FERREIRA GULLAR, poeta e colunista da Folha
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"Parece que é um papa sob medida para os traços daqueles perfis que o José Simão faz. Vou aguardar. Eu me pergunto: será que este papa vai ajudar a salvar a economia da Argentina? Agora, sem brincadeira, eu espero que ele demita aquele sujeito que foi eleito para presidir a Comissão de Direitos Humanos aqui no Brasil. Será que teremos mais respeito com os homossexuais? E o aborto também é uma conquista do mundo moderno. Mas me parece que, com esta escolha, vamos continuar na mesma, pisando no pescoço das mulheres e botando os homossexuais numa prisão sem fundo. Havia alguma esperança, até a própria igreja falava em um papa do século 21. É a zebra do ano."
TOM ZÉ, cantor e compositor
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"Tomara que seja um papa progressista. É o que se espera, uma igreja que abrace a diversidade, pois já há rancor demais no mundo."
MIGUEL FALABELLA, ator e diretor
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"Estou emocionado, óbvio (e muito!), mas é pena que percebo que ele é mais um que se opõe ao casamento gay e a todos esses itens que têm mantido a Igreja Católica 'estacionada' nessa garagem enferrujada! Que pena! Vamos lutar para que ele mude suas posições justamente por ser de um novo continente, um continente que não tem o compromisso com essas merdas retrógradas da velha Europa de Ratzinger."
GERALD THOMAS, diretor de teatro
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"Fico muito feliz pelo simples fato de chamar a atenção para o Rio da Prata e a Argentina, que está passando por um momento de mudanças positivas. Agora imagino as piadas que os brasileiros vão ter de aguentar. Argentina tem Oscar, Messi..."
CÉSAR CHARLONE, diretor uruguaio de "O Banheiro do Papa" (2007), sobre a visita do Papa João Paulo 2º a uma pequena cidade do Uruguai
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"O fato de ele escolher o nome Francisco é um sinal muito positivo, porque São Francisco foi o reformador da igreja. Acho positivo também para a América Latina, continente com o maior número de católicos. O que importa é que ele seja uma pessoa aberta para as demandas que a igreja exige hoje. A idade não importa: João 23 (1881-1963), o papa mais revolucionário dos últimos séculos, também foi eleito com quase 80 anos [77]."
FREI BETTO, escritor e frade dominicano
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"Havia uma fumaça no ar para abordar, que não era branca nem escura. Havia uma fumaça de que a igreja tentaria dar uma volta por cima na crise que vive, a começar por alguém que estivesse fora da órbita da Europa Ocidental. Creio que resolveram ir por esse caminho e escolher um nome simbolicamente representativo de uma área não muito ligada à cúria. Ele tem uma porção de desafios. Restaurar a credibilidade da igreja, uma coisa tão geral quanto importante."
BORIS FAUSTO, historiador
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"Os argentinos já ganharam o Oscar, tiveram um papa eleito e, pelo jeito, vão ganhar a Copa do Mundo no Brasil. E com o nosso 'PIBinho', nem podemos mais nos gabar da nossa economia. Triste povo brasileiro!"
BRUNO BARRETO, cineasta
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"À primeira vista, vejo sinais encorajadores, a começar pelo nome, uma homenagem a são Francisco de Assis. O que me deixou surpreendido é que eu estava certo de que iam escolher alguém na faixa dos 60 anos, justamente depois de um papa que renunciou mencionando a idade. Mas ele tem 76. A questão essencial hoje para o papa é que seja um gerente, capaz de pôr ordem na casa. Ele me pareceu tão surpreso quanto nós, do lado de cá. Meio assombrado, intimidado, encabulado também. Aparentemente, não tem nada de intelectual como o Bento nem o charme, em termos de atrair multidão, de João Paulo 2º. Vamos esperar que seja só uma primeira impressão."
EVALDO CABRAL DE MELLO, historiador e diplomata
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"Foi uma grande surpresa até aqui na Argentina. Ninguém esperava. Ele é um religioso muito conhecido aqui. É conservador e muito carismático; certamente está mais próximo de João Paulo 2º que de Bento 16. A escolha me parece, de alguma maneira, uma jogada política da igreja. Ele é bastante crítico ao kirchnerismo e ao populismo que se estendeu a outros países da América Latina, como a Venezuela. Em todo caso, é bem provável que o governo argentino tente tirar vantagem disso. Cristina sempre utiliza a força do inimigo para posicionar-se."
FEDERICO ANDAHAZI, escritor argentino
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"Acompanhei tudo e achei a escolha interessante. Simpatizei bastante. Eu estava torcendo para o cardeal de São Paulo e para o de Gana, um africano, mas foi uma boa escolha. Gostei muito da forma como ele se apresentou."
MARTINHO DA VILA, cantor e compositor


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