sexta-feira, 24 de maio de 2013

Eu não gosto muito de fanáticos, seja de que espécie for. Mas, no entanto, contudo, todavia, entretanto, eu seria injusto se dissesse que eles nunca fizeram nada que preste. Bem, alguns fazem, nem que seja limpar o planeta eliminando a si próprios, como foi o caso de Dominique Venner, um ensaísta de extrema-direita que participou do OAS, o que nada tem a ver com empreiteiras.

Venner fazia parte da Organisation Armée Secrète , cuja tradução mais acertada é Organização do Exército Secreto, embora vexz por outra usem Organização Armada Secreta. Para entender isso, precisamos voltar no tempo, aos idos da década de 1950.
Em 1946, a França não aceitou a independência do norte do Vietnã e tem início a Primeira Guerra da Indochina. Como eles nunca foram bons em nada, as “rãs” saíram cordialmente (aka, expulsos) daquele recanto de Deus-me-livre. Em 1955, os EUA resolvem que isso foi sacanagem. Ho Chi Min não estava nem aí para a hora de Saigon e teve início a Guerra do Vietnã. Em outras palavras, a França não só leva porrada de todo mundo (só conheceu vitórias nos tempos de Napoleão, onde o sujeito nem francês era!), como ainda faz os outros se ferrarem também.
Como a França estava com a bunda coçando, resolveu que ela ainda mandava (quá-quá-quá) na Argélia, que era uma colônia francesa, mas os nativos estavam inquietos e resolveram cozinhar as 3 milhões de rãs que moravam lá (se você ainda não entendeu “rã” é uma maneira pouco elogiosa com que se costuma referir aos comedores de queijo com baguete). Em junho de 1958, o general Charles de Gaulle retomou o poder como primeiro-ministro da França e mandou um recadinho Algérie Française! (ou “A Argélia é minha, porra!”). Todo mundo festejou até que o narigudo viu que ele mais gastaria dinheiro (que não tinha) se ficasse nessa besteira e deu pra trás. O pessoal do exército ficou muito pouco contente com isso.
Os oficiais tentaram um golpe militar em 1961, mas, infelizmente, não deu muito resultado, já que De Gaulle (que nunca disse que o Brasil não era para ser levado a sério, embora estaria coberto de razão se o dissesse) convocou a todos os militares, clamando por suas lealdades. Os oficiais acabaram ficando quase sem ninguém e o golpe morreu em neves. Assim, os badass formaram a OAS, a fim de, entre outras coisas, mandar Charles De Gaulle ir comer brioches com Maria Antonieta.
Aliás, eles também falharam nisso. Daí deve vir a explicação do porque tomaram na cabeça na Indochina e na Argélia. Eram incompetentes demais!
Era a esse tipo de gentinha que Venner, le terrible, se juntou. Ele era tão competente, seguindo os moldes da organização à qual se filiou, que ele nunca fora reconhecido na França, salvo por outros idiotas ultra-direitistas. Assim, Dominique Venner, um perdedor por natureza, resolveu que casamento homossexual acabaria por cair nas mãos islâmicas (sim, eu sei que é absurdo). Portanto, como último e derradeiro ato, Dominique Venner fez um IMEEEEEEEENSO favor à humanidade, cometendo suicídio na igreja Nôtre-Damme de Paris, só faltando algum corcunda ficar batendo o sino e uma cigana dançando em volta.
De acordo com o editor da versão fracassada de Victor Hugo, Pierre-Guillaume de Roux, não seria crível que “o seu suicídio possa ser ligado ao casamento gay, isto vai muito mais além”. Isso mais pareceu uma tirada da reta, mas não importa. Alguém tão intolerante como Venner não merece lugar numa sociedade civilizada. E, bem, se ele mesmo achou que não merecia viver por aqui, eu é que não sentirei falta.
Nem você, nem grande parte dos franceses, que muito provavelmente esquecerão o nome de Donzinho amanhã, já que nem para fazer algo histriônico a fim de registrar seu nome na História (para o melhor ou pior), ele prestou.
Mande um abraço para Luis XVI, filho.

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