domingo, 7 de julho de 2013

Acidente com trem em Buenos Aires evidenciou problemas da gestão K .

TRAGÉDIAS

Acidente com trem em Buenos Aires evidenciou problemas da gestão K e indignou argentinos

As declarações da presidente Cristina Kirchner sobre a “dor, raiva e impotência” que sentiu com novo acidente de trem, na quinta-feira, na Argentina, não comoveram familiares das vitimas do choque ocorrido no mesmo ramal há pouco mais de um ano. O fato ocorreu em tempos de definições eleitorais e junta-se a problemas que argentinos já enfrentam, como inflação. Até industriais terão índice próprio de preços.



“A presidente não sabe o que é a dor, tal como a sentimos. Estamos condenados a não saber mais sobre a felicidade desde 22 de fevereiro do ano passado”, disse Pablo Menghini, pai de Lucas, que morreu no acidente de trem, no mesmo ramal Sarmiento, em 2012.


Nas declarações à rádio ‘FM Identidad’, de Buenos Aires, ele disse que as duas tragédias “eram previsíveis e a responsabilidade é do Estado”.

Na quinta-feira, 13 de junho, um choque de trens na estação de Castelar, na Grande Buenos Aires, deixou três mortos e trezentos e quinze feridos.

Ao contrário do acidente anterior, na estação de ‘Once’, na cidade de Buenos Aires, quando Lucas e outras cinqüenta pessoas morreram, Cristina, desta vez, se referiu ao caso poucas horas após o acidente.

Ela explicou seus sentimentos, argumentando que o governo destina “muitíssimos” recursos “econômicos e humanos” ao sistema ferroviário.

“Não posso deixar de mencionar, em primeiro lugar, minha solidariedade e dor para as três famílias do que aconteceu”, disse.

Por sua vez, o ministro do Interior e Transporte, Florencio Randazzo, afirmou que o acidente será investigado. “Se podia ter sido evitado não foi um acidente e procuraremos os responsáveis”, disse Randazzo.


Freios brasileiros

Ele afirmou ainda que “todos os freios (dos trens acidentados) foram trocados e comprados da empresa brasileira Knorr Bremse”.


Mas as declarações de Cristina e de Randazzo não amenizaram as criticas dos familiares das vitimas e de setores da oposição.


“O governo precisa, de uma vez por todas, levar a sério a questão do transporte público no país. Ou as pessoas vão continuar viajando de forma insegura”, disse o deputado opositor Fernando ‘Pino’ Solanas.


Sindicalistas ferroviários criticaram a falta de investimentos e a fiscalização das empresas envolvidas com este serviço público. “A mesma tragédia, no mesmo ramal, até quando?”, disse um deles.


Política

O acidente chocou os argentinos e foi um dos principais assuntos nas conversas nos cafés, nas academias de ginástica e nas redes sociais.

Analistas políticos afirmam que o fato pode influenciar as próximas eleições legislativas, marcadas para outubro.


Antes, em agosto, está prevista a realização das primárias dos partidos políticos.


Randazzo estava entre potenciais candidatos do governo a liderar a lista de postulantes ao Congresso Nacional a partir da província de Buenos Aires – maior e decisivo colégio eleitoral do país.


Na segunda semana de junho venceu o prazo para inscrição das alianças políticas.


Em oito dias, contando a partir de 14 de junho, vence o prazo para a apresentação das listas de candidatos.


Na Argentina, os candidatos a uma cadeira no Legislativo são apresentados aos eleitores através de listas – chamadas de ‘listas sabanas’ (listas lençóis).


Aquele que lidera a chapa é apresentado como o candidato do governo ou da oposição.


Nos setores políticos, existe expectativa para saber se a presidente Cristina Kirchner apoiará Randazzo ou sua cunhada, a ministra de Desenvolvimento Social, Alicia Kirchner, cuja imagem, segundo especialistas, foi abalada, após as inundações na cidade de La Plata, na província de Buenos Aires.


Na Justiça

A semana na Argentina foi marcada ainda pela decisão da juíza eleitoral María Servini de Cubría de considerar inconstitucional um dos pilares da reforma do Judiciário, defendida por Cristina Kirchner: a que prevê a eleição de integrantes do chamado Conselho da Magistratura.

O Conselho é o responsável por selecionar, fiscalizar e castigar juízes.


O caso será resolvido pela Suprema Corte de Justiça.


O plano do governo é, até o momento, a eleição destes membros do Conselho nas primárias de agosto – quando para isso os interessados deverão aliar-se a partidos políticos, o que levou a oposição a insistir que a presidente quer “politizar” a Justiça.


Nos últimos dias, a presidente voltou a criticar o Judiciário.


A diferença é que ela subiu o tom das críticas pessoais aos juízes da Suprema Corte.


O cenário de disputas da presidente ocorre em um momento de realidade difícil para os argentinos.

Inflação

Além das preocupações sobre as condições dos trens para aqueles que devem subir nos vagões, todos os dias, para ir ao trabalho, existe outra questão que também não parece ter solução por parte do governo, até o momento: a inflação.


O dado oficial vem sendo apontado como maquiado desde 2007.


Para o governo, a inflação anual é de cerca de 10%. Para consultorias privadas, a alta de preços supera os 20% por ano.


A União Industrial Argentina (UIA) informou ao diretor da Administração Federal de Ingressos Brutos (AFIP, equivalente a Receita Federal) que também prepara seu próprio índice de preços.


O indicador será mensal e relevará a evolução das principais variáveis que influem nos valores dos produtores fabris: custos energéticos, fretes, salários, insumos industriais, matérias primas, custos logísticos e impostos.


O objetivo da entidade é responder às acusações do governo que os aponta como os responsáveis da inflação.

Cristina e os industriais


A presidente, acompanhada por ministros, recebeu a nova direção da União Industrial Argentina (UIA).

Cristina disse aos representantes da indústria que o governo “continua apostando na industrialização” do país.
Ao sair da Casa Rosada, o secretário da UIA, Francisco Gliemmo, contou que haviam conversado sobre “os temas que relacionados com a falta ou a diminuição da competitividade do sistema produtivo”.


“O país precisa voltar a crescer. Temos dificuldades e é necessário solucioná-las, todos os índices dizem que há estancamento (no setor industrial)”, assegurou.



Na reunião, eles disseram à presidente que “existe um estancamento na geração de emprego privado, e que os setores industriais que estão no limite de sua capacidade instalada não estão contratando novos funcionários”.



Ou seja, além da questão do transporte público, da definição das candidaturas e dos questionamentos da reforma do Judiciário, a presidente deve resolver outros assuntos que são importantes para os argentinos – a inflação e a geração de empregos, em tempos de controle cambial e estancamento na construção civil, afetada pela paralisação das operações imobiliárias alimentadas por dólares – agora escassos no mercado nacional.


Fonte: Clarín em português 2013
link:

http://www.clarin.com/br/Acidente-Buenos-Aires-evidenciou-argentinos_0_937706713.html

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