sábado, 17 de novembro de 2012

Argentina em notícias!

Cristina Kirchner ignora protestos na Argentina.


Presidente desdenha de maior panelaço em 9 anos e acusa oposição de vazio de ideias


Sem lideranças ou símbolos políticos, manifestantes carregam uma imensa bandeira da Argentina em protesto em Buenos Aires: 250 mil pessoas só na capital
Foto: AFP/8-11-2012
Sem lideranças ou símbolos políticos, manifestantes carregam uma imensa bandeira da Argentina em protesto em Buenos Aires: 250 mil pessoas só na capital AFP/8-11-2012
BUENOS AIRES — A maior onda de protestos em nove anos na Argentina não foi capaz de sensibilizar a presidente Cristina Kirchner em relação aos sinais de insatisfação popular. Apesar da magnitude das marchas - que atraíram 250 mil pessoas somente nos panelaços na capital - a presidente ignorou solenemente o assunto e, em tom de ironia, mostrou-se mais interessada no conteúdo do noticiário internacional:

Ontem (quinta-feira) aconteceu algo muito importante, que aqui poucas pessoas comentaram, o Congresso do Partido Comunista Chinês.
Visivelmente irritada com os protestos, a presidente se limitou a fazer uma análise sobre o sistema político argentino e a reiterar o “compromisso inquebrantável” com seu projeto. Também aproveitou para cutucar a oposição:
- Faltam dirigentes que nos apresentem um modelo alternativo. Não podemos assumir essa responsabilidade. Os que não querem nosso projeto devem se encarregar de pensar outro - declarou Cristina, que se refugiou na residência oficial de Olivos, onde cerca de 30 mil pessoas se reuniram para questionar seu governo.
Pouco mais de um ano após se reeleger com 54% dos votos, a presidente enfrentou cerca de 120 protestos no país e no exterior, na maior mobilização anti-K desde maio de 2003. O ponto em comum entre os manifestantes era o repúdio a políticas e projetos da Casa Rosada, entre eles uma reforma constitucional que permitiria a segunda reeleição de Cristina, em 2015. Sem lideranças políticas, segurando apenas bandeiras do país e cartazes com recados para a Casa Rosada, muitos manifestantes admitiram ter votado na presidente em 2011, mas disseram sentir-se decepcionados com o governo.
Outros kirchneristas disseram não compreender as demandas dos manifestantes.
- Não entendo para onde querem ir - afirmou o ex-chefe de Gabinete e atual senador Aníbal Fernández, um dos oficialistas que insistiram em vincular os protestos a movimentos financiados pela direita e não a uma classe média que não se sente representada pelo governo.
Muitos manifestantes fizeram questão de mostrar que nada têm a ver com o grupo de comunicação Clarín (tido como adversário por Cristina) ou com dirigentes da oposição, deixando claro que o panelaço foi, como o de setembro, um fenômeno espontâneo da sociedade civil.
- Sou só uma aposentada que não chega a pagar suas contas no fim do mês - contou Délia Fernández, de 76 anos, que participou do panelaço no Obelisco, a maior das concentrações.
“Sinto orgulho”, diz prefeito da capital
Ao contrário do panelaço de 13 de setembro, desta vez todos os canais de TV do país, e não somente os do grupo Clarín, cobriram os protestos, claro sinal de que as marchas foram tão expressivas que tornou-se impossível ignorá-las. Mas para meios de comunicação e intelectuais alinhados com a Casa Rosada, por trás das manifestações estão apenas as altas classes sociais que rechaçam o “modelo econômico e social de inclusão do kirchnerismo”.
- Há uma lógica que pressupõe que a vida de uma panela está acima da maioria da cidadania, que escolheu um rumo através do voto - opinou o filósofo Ricardo Foster, do grupo de intelectuais K Carta Aberta.
Pelas redes sociais, dirigentes da oposição voltaram a pedir que o governo “ouça o ruído das panelas”. “Sinto orgulho pelo povo argentino, alegria e emoção”, resumiu o chefe de governo da capital, Mauricio Macri.
 
 
 

Cinco dias depois de ser alvo de manifestações em Buenos Aires e nas principais cidades argentinas, a presidente Cristina Kirchner apelou na segunda-feira para que seus aliados reajam com "sabedoria, inteligência e tranquilidade". Ela classificou os protestos de provocações. "São provocações de alguns que querem voltar ao regime linha dura que arruinou a Argentina", disse, referindo-se ao período da ditadura.
"Nós não vamos fazer o jogo. Não vamos permitir provocações", acrescentou. O discurso da presidente ocorreu durante a cerimônia de lançamento da primeira fase da Usina de Laminados Industriais S.A.
No último dia 8, argentinos saíram às ruas em Buenos Aires e nas principais cidades do país, como também na Espanha. Eles protestaram contra o governo Kirchner e criticaram as medidas adotadas.
Ao mencionar indiretamente as manifestações, Cristina Kirchner ressaltou que aumentou na Argentina o número de trabalhadores formais, durante seu governo, e que a manutenção do trabalho é uma garantia a ser preservada. Ela destacou que o mundo está "cada vez mais complicado".
A presidente lembrou que não se refere a um projeto político, mas de um país e de uma causa. "Eu sou parte de uma geração que foi histórica, mas também cometeu erros e equívocos. Nós temos aprendido a superar esses erros e equívocos", destacou.
Em seu discurso, Cristina Kirchner pediu que a sociedade colabore para a "responsabilidade social" e o que chamou de "compromisso coletivo". Segundo ela, muitas pessoas na Argentina não compreendem os processos históricos e aceitam a manipulação daqueles que têm interesses diversos. "Os que confundem são também os que manipulam, mentem e escondem os verdadeiros interesses".
Com informações da agência pública de notícias da Argentina, Telam.



 

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