domingo, 16 de junho de 2013

Transporte Público

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Aristide Marchetti

No Brasil os assuntos resvalam para um senso comum incrível.

Muitos falam, mas na verdade poucos dizem.

Em relação ao transporte coletivo, descobrimo-nos na idade das trevas.

Um Estado extremamente interventor.

Um empresariado brucutu.

Uma população recalcada.

No outro dia havia uma postagem nos grandes jornais na qual era mostrado o primeiro ministro da Inglaterra utilizando o transporte coletivo.
Não era uma propaganda.

Era sim a mostra do cotidiano daquele cidadão.

Em nosso Brasil, desde o porteiro até o mais alto escalão, todos dirigem-se para as repartições com veículos próprios.

Um ônibus evita a circulação de cinquenta automóveis, já que na maioria absoluta desses veículos há apenas o motorista.

Mas o automóvel é, nesse momento histórico, a marca de conquistas e realizações de um povo recalcado desde os primórdios.

Mostrar o automóvel é ostentar um título de conquista, tal como a vitória do time.

No Brasil, futebol, política, cidadania e Estado confundem-se, e isso interessa para a manutenção da muvuca geral.

Contudo, se o cidadão resolver utilizar o transporte público, tem ele condições de chegar no horário de seus compromissos?

No meu caso, seria impossível!

A estrutura do transporte coletivo atende a mais valia e as relações custo/benefício dos operadores dessa concessão de serviço público.

As necessidades do cidadão estão em segundo plano.

Interessante ainda um artigo do Clóvis Rossi, que, estando na Dinamarca pretendia realizar uma entrevista com o Secretário das Finança daquele país. Secretário das Finanças da Dinamarca é aquilo que por aqui chamamos de Ministro da Fazenda.

Pois bem. O jornalista realizou a entrevista. Em uma sorveteria da capital. Ao local do encontro o senhor secretário/ministro foi de bicicleta.

Imaginem um evento desse porte aqui na Terra Brasilis!

A enormidade da comitiva, com os carros blindados, os jornalistas, os puxa-sacos, e demais penducalhos que gravitam entorno das "autoridades" em nossa terra.
Mesmo porque no Brasil, qualquer iniciativa para sair fora do sistema, é morta a pau.
Vejam o caso das bicicletas de tração elétrica (carissímas), e o governo querendo torná-las mais caras ainda com a batelada de impostos.

Vejam as motocicletas (carissímas) engessadas por uma enormidade de regras que tornam o seu uso custoso e perigoso em um trânsito que privilegia o automóvel, um dos recalques mal resolvidos do brasileiro.

Lembro inclusive da tentativa frustrada do Amaral Gurgel em produzir um automóvel pequeno que consumia o mesmo tanto que uma motocicleta.

O transporte público deve ser absolutamente eficaz, senão não serve.

O transporte deve permitir que tanto a dona Maria do café e o senhor ministro cheguem sem susto e sem atrasos aos compromissos.

O transporte público deve permitir que os alunos e os professores cheguem à tempo para o inícios das atividades diárias.

O transporte público deve permitir que os trabalhadores, todos, cheguem ao local de trabalho e de volta para o lar de maneira limpa, tranquila, no horário de poder aproveitar o que resta do dia.

E depois levar todo o mundo de volta, da mesma maneira.

Em alguns lugares do mundo não existe transporte público regulamentado.

As motocicletas principalmente e todos os demais tipos de veículos tomam conta das vias públicas porque o interesse de todos é chegar a algum lugar, e depois voltar.
Onde o transporte coletivo está implantado como concessão de serviço público que o Estado patrocina para a iniciativa privada, ele deve funcionar.

Mas o Brasil está muito longe ainda daquilo que é chamado de Capitalismo. No Brasil o "capitalista" o "empreendedor" é um brucutu que desconhece qualquer outra norma que não seja a do maior lucro possível, e os "esquerdistas" são crianças que acreditam existir almoço grátis.


Aristide Marchetti é Professor em Ribeirão Preto.

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